Assim que o sol começou a se por, comecei a ter lembranças horríveis da noite passada.
"Hoje eu vou te mostrar a verdadeira noite no mundo da superfície, Steve. Tudo o que realmente acontece aqui fora quando não estamos tremendo de medo na nossa cama, sem coragem até de espiar pela janela."
"Só se você fizer alguma mágica que faça todos os mobs desaparecerem.", respondi.
Ela deu uma risada. Andamos por mais alguns minutos e chegamos a uma praia. Fiquei completamente boquiaberto com a visão.
Era a primeira vez que eu via o mar. O azul se perdia ao longe, se mesclando com o alaranjado do céu. O sol, bem vermelho, descendo no horizonte, criava uma cena maravilhosa.
Era engraçado como sempre fui treinado para temer o pôr do sol quando era algo tão belo de se ver. Mesmo naquele momento, eu sentia medo.
Alex me deu nos nervos, tão calma e assobiando. Pegou alguns blocos de madeira e foi construindo uma mesa de trabalho, bem na beira do mar. Sobre ela, juntou alguns blocos e fez uma canoa de madeira que apareceu sobre a água, balançando com as ondas.
"Todos a bordo!" Ela gritou, e entrou lá dentro, puxando Lobo pelas pelancas do pescoço.
O animal parecia tão disposto a entrar lá quanto eu. Mas acabei indo mesmo assim. Queria ver o que tinha de tão mágico em passar a noite a céu aberto.
Ela pegou um graveto e nos impulsionou para longe. O barco era pequeno, mas tinha espaço para nós três nos acomodarmos razoavelmente bem durante a noite.
Paramos a uns vinte metros da praia. De acordo com Alex, esqueletos não poderiam nos acertar daquela distância. Uma lula gigante nadava ali por perto, e fiquei torcendo para que ela não nos atingisse.
O sol continuou descendo, e observei cada segundo daquilo. Do outro lado, a escuridão já tomava conta do mundo, e a manta negra do céu já cobria o firmamento, substituindo o azul e o alaranjado.
Nunca tinha visto nada como aquilo. Sempre ia dormir assim que o sol se punha, e nas noites anteriores permaneci trancado em meu abrigo.
Alex tinha um sorriso satisfeito no rosto, de quem conseguiu provar que estava certa.
"Devo admitir que é bem legal", eu disse.
"Isso não é tudo", ela respondeu. Fiquei olhando pra a praia."
Alguns monstros começaram a aparecer das sombras. Alguns creepers, esqueletos, aranhas e zumbis. Eles não podiam nos ver ali. Ficavam rondando de forma lenta e patética de um lado para o outro, e até um enderman apareceu. Tudo que ele fez, foi ficar lá, segurando um bloco de grama.
Agora eu tinha finalmente entendido porque Alex me levou ali ao invés de fazer um abrigo. A noite era muito menos assustadora do que parecia.
Aposto que se eu soubesse lutar e estivesse bem armado, poderia tranquilamente andar por ali no meio de todos aqueles mobs.
"Viu só?", ela disse, se sentando e pegando uma garrafa de água e comida. "Não é tão horrível assim". Coloque uma boa armadura, aprenda a matar os mobs, e vai ficar tudo tranquilo. É por isso que acho que nossos pais estão bem. Talvez estejam perdidos sem uma bússola ou mapa, algo assim. Nós temos a nossa." Alex tirou a bússola do bolso e me entregou. Apontava na direção da casa dela, de onde viemos.
"Espero que você esteja certa", falei.
Fiquei apoiado na borda do barco, vendo os mobs andarem de um lado para o outro e logo adormeci.
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O Diário de Steve
Fiksi PenggemarNa vila onde Steve mora, todas os aldeões são incumbidos de uma tarefa, sendo membros importantes da sociedade. Porém, Steve não consegue descobrir uma única coisa que saiba fazer bem. No Diário de Steve, o leitor irá acompanhar a jornada de...