Alex

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Agarrei minha espada do chão, sabendo que eu deveria ajudar. A ergui na minha frente e dei um grito, correndo na direção dos mortos-vivos que se aproximavam. As flechas acertaram dois deles, e eu consegui golpear o último na cabeça.

Fiquei observando o zumbi morto aos meus pés sem acreditar que tinha conseguido fazer aquilo!

Mas não havia tempo. Outros mobs já estavam se aproximando ao ouvir o barulho da briga.

Fui até a garota e Lobo. Ele parecia muito machucado. Ela vestia uma túnica verde e o cabelo claro preso em um rabo de cavalo para o lado. Parecia ter a minha idade, mas já saiu dando ordens antes de se apresentar.

"Isso na sua mão, me dê aqui, depressa!"

Entreguei para ela, que logo ordenou: "segure no cachorro e em mim ao mesmo tempo".

Obedeci. Ela se levantou e jogou a pedra com força ao longe.

"Ei!" Exclamei, mas logo senti um mal estar horrível no meu estômago quando tudo ficou escuro e reapareci um lugar completamente diferente, de frente para uma casinha mal iluminada.

"Venha, rápido", ela disse, me segurando pela mão e me arrastando. Lobo atrás, ganindo baixinho.

Entramos na casa com pressa, e eu ainda sem entender nada. O que tinha acontecido? Ela largou seu arco e as flechas em um canto da casa, jogou alguns troncos de madeira na fornalha, esfregando as mãos para se aquecer, e então finalmente se largou no sofá, com um suspiro de alívio.

E eu ali de pé sem saber o que fazer. Afaguei Lobo, que se deitou em frente a um pote de água de outro animal e a bebeu, ávido de sede.

Apenas entreolhei a garota que tirava as botas, esticando as pernas no sofá. Só então eu reparei no quanto nós éramos parecidos.

Lá na vila todo mundo tinha um nariz retangular grandão, monocelhas e um hábito terrível de ficar de braços cruzados.

"Pode se sentar", ela disse. "Estamos seguros agora. Esse cachorro é seu? Não tinha te visto antes. Só os encontrei quando ele começou a latir."

Coloquei minhas coisas sobre a cadeira, me sentindo sem graça. A casa era um quadrado, e além do sofá, tinha duas camas, a fornalha, mesa com duas cadeiras, e num canto, mesa de trabalho e vários baús.

Estava iluminada por duas fracas lanternas de abóboras.

"Meu nome é Steve", eu disse. "Obrigado por nos ajudar".

"Eu sou Alex", ela respondeu, "e não se preocupe, não foi nada demais."

Ela pegou um pedaço de carne da fornalha e entregou a Lobo, que comeu apressado. Parecia melhor agora, depois do susto do enderman. Eu ainda estava abalado, e nem conseguia pensar em comida.

"Por que você mora nesse lugar escuro? E onde estão seus pais?"

Ela deu de ombros. "Se ficar muito escuro, vem os monstros. Se deixar muito claro, vem os humanos."

"Humanos?"

"Sim, a vida aqui é bem isolada. Quase nunca vemos alguém, e quando vemos, ficamos escondidas. As pessoas tem o hábito de destruir as coisas dos outros sem motivo. A gente pode lidar com qualquer mob, mas não com pessoas."

"Eu não sabia disso. Lá em casa só monstros atacam."

"Você tem sorte."

"Você mora com mais alguém?"

"Com a minha mãe, mas ela saiu faz alguns dias para caçar e não voltou. Eu estava atrás dela quando você me achou."

Me surpreendi ao ouvir aquilo e contei tudo para ela sobre o que havia acontecido com meu pai e comigo. Era uma coincidência enorme nós dois estarmos procurando por nossos pais.

Parecia o destino tentando nos unir em nossa busca.

Ficamos conversando por um bocado de tempo, e no fim, acabamos dormindo. Como eu senti falta de uma cama!

O Diário de SteveOnde histórias criam vida. Descubra agora