Dia 2

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Dia 2

Fiquei horas arrumando a bagunça toda que tinha feito no dia anterior. Separando item por item, categorizando tudo e guardando nos baús e estantes certos. Madeira em um lugar, pedras em outro, e assim por diante. Saco, não entendia como meu pai tinha paciência pra aquilo. Porque não deixar tudo junto e misturado? E ai de mim se eu sequer lascasse uma daquelas pedras de diamante!

Depois daquela canseira toda, decidi — assim, do nada — que minha vocação deveriam ser os animais. Tinha de ser! Vaquinhas, porquinhos, galinhas e ovelhinhas, com seus passinhos curtos e barulhinhos. O cheirinho de grama e os carinhos nos focinhos. Parecia uma vida maravilhosa, morando em uma fazenda, cuidando da minha vida pacata e dos animais.

O céu estava azul, as nuvens estavam quadradas e o vento balançava as folhas de pixels das árvores no campo. Era um dia perfeito!

O que eu não tinha imaginado, era que meu sentimento pelos bichos não seria recíproco. Acho que eles queriam me comer vivo.

Comecei pelas galinhas

Que gigantesco engano.

Entrei no curral para alimentá-las e recolher os ovos, mas elas faziam um barulho ensurdecedor quando começavam a cantar todas juntas, andando loucamente de um lado para o outro. Eu mal conseguia me mover lá dentro direito.

Os ovos estavam por todos os lados, e sempre que terminava de juntar um montinho com 16 deles, vários outros já haviam sido postos. Agora entendia porque faziam tanto bolo e omelete lá em casa.

Ia guardando os ovos nos baús do curral. Na minha segunda viagem, com os braços cheios deles, tropecei e caí.

Os ovos saíram voando. Ploc ploc ploc! E assim, uma dúzia de outras galinhas brotaram aos meus pés. Para piorar, vi que deixei a portinhola do cercado aberta.

Tinha galinhas na minha cabeça. Galinhas no telhado. Galinhas na lagoa. Galinhas pulando e destruindo os campos de trigo. Galinhas até em cima de árvores.

E foi assim que fui dormir de castigo. Que droga!

O Diário de SteveOnde histórias criam vida. Descubra agora