Estava convencido de que não podia desistir. "De maneira alguma", disse para meu pai naquela manhã.
Eu reclamava com ele enquanto ele trocava o curativo na minha cabeça. Ele ficava ali, dizendo palavras de apoio e falando que talvez fosse melhor eu tentar algo mais simples, como porquinhos ou coelhos.
"Mas eles não tem utilidade pra gente aqui na vila", eu disse.
Papai apenas me olhou por um tempo antes de responder:
"Mas talvez sirva para você aprender um pouquinho antes de tentar as vacas e as ovelhas. E algumas pessoas da vila podem querer comer a carne deles, ou usar as peles dos coelhos"
"Argh!" exclamei. Meu pai não esperou que eu falasse mais nada antes de sair dali pra cuidar de suas coisas. Eu não comia carne, e me recusava a criar animais só para que fossem mortos. Até nisso eu era diferente de todo mundo por ali!
Saí da vila para não ficar à vista de ninguém. Estava machucado e frustrado, e não queria ouvir o que os outros diriam. Quase não andava com as outras crianças, que todas tinham suas habilidades e sabiam muito bem o que fazer quando fossem grandes. Seriam nossos futuros mineiros, lenhadores, prefeitos, pescadores, tapeceiros, fazendeiros... E o que eu seria?
Provavelmente seria devorado por um zumbi ou transformado numa bruxa no primeiro ataque de monstros!
Já fazia muito tempo que estávamos seguros em nossa vila. Era tudo bem iluminado, cheio de tochas e lanternas. Além disso, tínhamos um golem de ferro em cada entrada, que matavam qualquer zumbi ou esqueleto que aparecesse por ali. Armadilhas dos lados de fora da muralha capturavam os tolos dos creepers em trincheiras.
Mas meu maior medo eram os endermen, que podiam aparecer em qualquer hora do dia e da noite.
Aprendemos desde pequenos a manter os olhos longe deles, para que não ficassem brabos e atacassem. As vezes eles apareciam, pegavam algum bloco ou objeto, e desapareciam dali numa nuvem roxa e um estalo.
O Bibliotecário sempre nos contava histórias de ataque de enderman e o quão assustadores eram quando ficavam brabos. Aposto que teria pesadelos naquela noite só de pensar nisso.
Ele disse que eles escancaravam a boca mostrando dentes pontudos horríveis, gritavam e riam fazendo um som macabro, desaparecendo e reaparecendo onde bem entendessem, com seus braços longos e negros, golpeando tudo pela frente.
Até me arrepiei com a lembrança.
Papai dizia para não me preocupar, que a não ser que fosse um guerreiro, ou aventureiro, nunca precisaria lidar com aquilo. E esperava que estivesse certo.

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O Diário de Steve
FanfictionNa vila onde Steve mora, todas os aldeões são incumbidos de uma tarefa, sendo membros importantes da sociedade. Porém, Steve não consegue descobrir uma única coisa que saiba fazer bem. No Diário de Steve, o leitor irá acompanhar a jornada de...