Pausando minha aventura

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Larguei todas as minhas coisas ao lado dos destroços do invocador de monstros e me sentei de encontro a parede, ainda ofegante de toda a ação. Nem podia acreditar que ainda estava vivo. Quem era aquele Steve? Mal podia reconhecer a mim mesmo, que nem conseguia andar em linha reta sem fazer algo errado.

Alex estava ocupada em investigar o baú que encontramos ali, mas nada do que havia lá dentro nos ajudaria muito naquele momento.

"Já deve ser noite lá fora", disse ela, sentando-se ao meu lado e apoiando a cabeça na parede suja. "Agora to dividida entre descaçarmos ou continuar nossa busca."

Apenas assenti. Entendia perfeitamente a dúvida dela. Eu estava exausto, mas não queria perder tempo algum. "Precisamos pelo menos comer alguma coisa."

Abrimos nossas bolsas e comemos em silêncio. Agora também estava preocupado com Lobo. Será que ele iria embora ou nos esperaria voltar? Não havia nada que eu pudesse fazer.

A poça de lava, esquentando nossa pele e borbulhando, logo ali perto, me fazia lembrar que era melhor que Lobo não estivesse ali com a gente.

Já havia encontrado esqueletos, zumbis, uma bruxa, aranhas e até mesmo um enderman. O que mais de assustador eu veria até minha jornada acabar?

Só queria que tudo aquilo acabasse de uma vez para que eu pudesse ir embora, viver com meu pai e meu tio em paz na minha vila. Quem sabe até mesmo visitar Alex de vez em quando. Ou elas poderiam se mudar e ir viver num lugar pacífico, como nós.

E pensar que apenas alguns dias atrás minha maior preocupação era conseguir criar galinhas, ou aprender a pescar. Nada daquilo parecia importante agora, mas precisava admitir que tinha usado pelo menos um pouquinho de tudo que aprendi na vila naquela aventura.

Mas ainda tinha muito que fazer pela frente.

Respirei bem fundo, mantendo o controle do meu nervosismo. Acho que eu finalmente estava começando a me acostumar com aquela rotina toda. Precisava admitir que era muito melhor que ficar em casa entediado o dia inteiro ou fingir que gostava das outras crianças da vila. Que estava aprendendo muito mais ali, do que seguindo instruções dadas por pessoas mais velhas.

Talvez eu fosse aquele tipo de gente que só aprendia fazendo, ou quando estava em perigo iminente. De qualquer maneira, estava funcionando, e eu me sentia bem comigo mesmo. Pelo menos um pouquinho.

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