Não tenho como descrever a sensação de abrir os olhos naquele lugar. Cada pixel do meu corpo tremia, e sentia náuseas pela passagem do portal.
Demos o primeiro passo naquele mundo vermelho juntos, e ficamos ali, parados, sem acreditar em nada do que estávamos vendo. Não tinha como comprar minha imaginação ao ler e ouvir histórias, com ver aquilo de verdade, com meus próprios olhos.
Nem no meu melhor dia teria imaginado aquele cenário.
Uma grande cachoeira de lava caía logo a frente e o som do líquido borbulhando se juntava ao barulho de chamas crepitando por todos os lados.
Nossos pés pisavam em uma terra vermelha, e olhando para cima, vimos rochas brilhantes, iluminando o teto rochoso fracamente. Não havia céu. Era como se estivéssemos dentro de uma enorme cratera, no centro do mundo.
O calor nos fez começar a suar imediatamente e nos escondemos atrás do pilar de obsidiana do portal ao vermos um grupo de homens-porcos zumbis em nossa frente. Estavam todos se encaminhando na mesma direção.
"Deve ser onde estão nossos pais", falei.
"Como vamos chegar até lá?", Alex perguntou, apontando para a grande área vazia, onde não poderíamos nos esconder.
"Podemos tentar ir por baixo. Fazer um túnel até lá na frente."
"Acho que não teremos muita opção".
Andamos com todo cuidado naquele ambiente desconhecido, procurando um bom lugar para começar nosso túnel.
Começamos a cavar uma abertura grande o bastante para nós dois. Acima de nossas cabeças, podíamos ouvir um gemido horrível, e tinha medo até de levantar a cabeça para tentar ver de onde vinha aquilo.
Já íamos entrar no túnel recém cavado quando o gemido se transformou em um grito ensurdecedor e uma explosão atingiu com tudo o chão bem ao nosso lado.
Lá em cima, pronto para cuspir mais uma bola de fogo, uma criatura enorme, branca, com uma expressão assustadora no rosto, como um fantasma cheio de tentáculos.
Fui rápido o bastante para colocar alguns blocos de pedregulhos bem na nossa frente, fazendo a explosão atingir a rocha.
Alex, mais do que ágil, puxou seu arco e atingiu o ghast com uma série de flechas, fazendo-o gritar ainda mais até despencar do alto, caindo num poço de lava.
Tapamos nossos ouvidos enquanto ele gritava, mas o som penetrava fundo, ecoando por todo nosso corpo.
"O que era aquilo?", perguntou Alex, ofegante,
"Acho que era um ghast. Já estava esperando que eles fossem apenas uma história de assustar criancinhas, mas parece que existem mesmo."
"Precisamos ficar de olho nessas coisas. Ele poderia ter explodido nossa ida para casa."
Utilizei o restante dos blocos de pedregulhos para proteger o portal e logo voltamos a nosso túnel. Cavamos apenas dois blocos de altura, o suficiente para passarmos por ele e atravessamos o salão inteiro.
Íamos com cuidado para não acabar encontrando uma poça de lava nem nada parecido, mas tudo que achamos de diferente era um bloco de terra espeça, difícil de andar por cima.
Assim que colocamos nossas cabeças para fora do túnel, pudemos enxergar — completamente embasbacados — para onde haviam levado nossos pais.
A estrutura da fortaleza se perdia de vista, toda feita em blocos de tijolos vermelhos escuros.
A pouca iluminação que chegava ali vinha lá do teto, das pedras luminosas. Logo atrás de onde estávamos, podíamos ver um grupo de homens-porcos zumbis guardando a entrada do lugar.
Saímos de nosso esconderijo com cuidado, subindo as escadarias do lugar mais sinistro que eu já tinha visto.
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O Diário de Steve
FanfictionNa vila onde Steve mora, todas os aldeões são incumbidos de uma tarefa, sendo membros importantes da sociedade. Porém, Steve não consegue descobrir uma única coisa que saiba fazer bem. No Diário de Steve, o leitor irá acompanhar a jornada de...