Dia 8

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Tinha todos os motivos do mundo para acordar desanimado, mas levantei da cama em um pulo naquela manhã. Mais um dia para tentar encontrar um futuro. As opções estavam acabando, então a resposta deveria estar logo ali.

Tomei meu café da manhã e meu pai me entregou um machado, pedindo que eu cortasse madeira pra pôr no forno. Ele ia fazer ensopado de cogumelos para o almoço. Pelo menos eu tinha um bom motivo para suar naquela atividade chata. Adorava o ensopado que ele fazia!

Saí arrastando o machado até a floresta próxima, que replantávamos com frequência. Os troncos quadrados todos enfileirados, até perder de vista.

Cortar lenha era uma atividade tranquila, mas não conseguia me ver naquela profissão pro resto de minha vida. Sentia que eu pertencia a alguma área mais criativa, menos repetitiva, talvez.

Fiquei de frente para o primeiro carvalho e comecei a atingir o tronco, colhendo a madeira que caía. Era um trabalho chato que não acabava nunca. O Lenhador com certeza faria isso num piscar de olhos com seu machado de ferro ou diamante. O máximo que confiavam a mim era um de pedra, pesadíssimo.

Até que foi bem fácil. Juntei muita madeira e replantei alguns brotos. A vida precisava ser mais emocionante que apenas bater e bater e bater e colher colher e colher.

Apesar do sucesso, fiquei desanimado.

Meu pai e meu tio ficaram felizes e orgulhosos do trabalho bem feito, e por eu não ter destruído nada no processo. E eu estava triste por me dar bem justamente em algo do qual não gostava.

Pelo menos comi muito ensopado de cogumelos. Comer me deixava feliz.

O Diário de SteveOnde histórias criam vida. Descubra agora