Nossos pais logo separaram todo o material e o distribuíram pelos presentes. Eu e Alex ficamos com a missão mais simples, de criar uma parede com os pedregulhos, para que todos se protegessem da explosão que abriria a porta.
Ficamos um tanto quanto desgostosos com aquilo, pois tínhamos provado ser bem capazes naqueles dias que lutamos contra tudo o possível para chegar até ali. Mas entendíamos que estavam apenas preocupados com nós, então fomos empilhando os blocos, fazendo nossa muralha protetora.
Enquanto isso, alguns adultos usavam a madeira que tínhamos para criar mesas de trabalho e fazer gravetos.
Os gravetos iam para um segundo grupo, que fazia espadas.
O terceiro grupo de adultos usava o pouco ferro que tínhamos para fazer algumas armaduras. Não seria muito. Era apenas aquilo que tínhamos coletado pelo caminho, mas já seria de boa ajuda.
Estávamos fazendo um barulho razoável, mas falaram para não me preocupar. Os homens-porcos não davam a mínima para o que faziam na prisão, já que estavam convictos de que nunca poderiam fugir dali sem os utensílios apropriados.
Bem. Eles estavam certos. Ainda mais considerando que as paredes e o chão da prisão eram de bedrock, um tipo de pedra inquebrável. Mas agora todos tinham tudo o que precisavam para voltar para suas casas e suas famílias.
"Você acha que está bom assim?", Alex perguntou, se afastando da parede que fizemos.
Ela tinha 4 blocos de largura e ia até o teto. Apenas uma abertura ao lado da parede para que colocássemos a dinamite.
"Não tenho certeza. Lá na mina abandonada a dinamite fez um estrago e tanto.", eu disse, lembrando da cratera de onde vieram as aranhas.
"Tem razão. Vamos fechar tudo, e deixar só o espaço certo pra dinamite e pra chegar até ela."
"Depois fechamos a abertura bem rápido, antes dela explodir."
"Isso!"
Mais alguns minutos e terminamos. Agora era certo que apenas a porta e aqueles blocos de pedras iriam pelos ares.
Os adultos logo terminaram seus afazeres também, e fui até meu pai, que limpava o suor da testa. Ele estava ainda melhor que os outros prisioneiros, já que tinha acabado de chegar. Os outros, pareciam super cansados e desidratados.
Conversando com todos ali, descobrimos que algumas daquelas pessoas estavam presas naquele lugar há muitos meses, sem ter um pingo de esperança de fugir. Sem noção de dia ou noite, sem beber água, sem dormir numa cama, sem ver seus parentes e seus amigos.
Não consegui imaginar o sofrimento pelo qual passaram, mas essas histórias me deram ainda mais ânimo para explodir aquela porta e fugir dali para sempre.
Já estava quase na hora H. Abri minha mochila, peguei o elmo de diamante e a espada de meu pai que havia encontrado pelo caminho, e os devolvi para ele.
"Espero que agora isso aqui possa proteger você.", eu disse a ele.
Meu pai pegou o elmo e a espada com um sorriso. Poliu o diamante com a manga da camisa e ao invés de colocar o elmo na própria cabeça, colocou na minha.
"Agora você já está grande suficiente até para usar um elmo, veja só."
Do outro lado do aposento, Alex fazia o mesmo com a espada da mãe que haviam encontrado. Os olhos da garota brilharam quando a mãe lhe deu a arma e tomou a sua em seu lugar.
Agora eram guerreiros de verdade.

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O Diário de Steve
FanfictionNa vila onde Steve mora, todas os aldeões são incumbidos de uma tarefa, sendo membros importantes da sociedade. Porém, Steve não consegue descobrir uma única coisa que saiba fazer bem. No Diário de Steve, o leitor irá acompanhar a jornada de...