A primeira noite fora da vila

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Larguei minhas coisas no chão e comecei a montar meu abrigo com os blocos que havia comigo. Lembrei de como fazia casinhas com meus brinquedos, e usei a mesma lógica.

Fui colocando os blocos lado a lado, empilhando até que ficasse alto suficiente para eu andar lá dentro. Deixei uma janelinha para que pudesse ver quando já fosse manhã e acendi uma tocha, me fechando lá dentro.

Assim que me tranquei lá dentro, a escuridão que se fez foi terrível. Não dava para ver nada além das sombras disformes que a tocha fazia nas paredes, e tudo que ouvia era o crepitar. Nada além disso. Nem os insetos faziam qualquer som.

Pela janela, vi os últimos raios de sol indo embora e abracei meus joelhos, com medo demais até mesmo para voltar a comer ou dormir.

Pouco depois os sons começaram.

Era horrível.

Gemidos, tropeços, estalos e chiados. Parecia ter algo andando bem do meu ladinho, com apenas o bloco de pedras entre mim e as garras de seja lá o que aquilo fosse.

Coisas esbarravam nas paredes do abrigo e quase podia sentir o hálito dos zumbis que chiavam do lado de fora.

Fiquei bem abaixo da janela, para que nada me visse ali dentro. Os zumbis eram bem burros, mas os esqueletos poderiam atirar flechas em mim, caso me vissem.

Minha vontade era de sair correndo e voltar para casa, me esconder nas minhas cobertas quentinhas. Mas precisava aguentar, ser forte.

Só fui dormir lá pelo meio da noite, de pura exaustão. 

O Diário de SteveOnde histórias criam vida. Descubra agora