Explosivos da vitória

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Apesar de tudo, e de todas as coisas sobre o mundo que eu ouvia falar ou lia na biblioteca, nunca imaginei que aranhas fossem me dar tanto medo.

Eram só uns bichinhos desagradáveis, não é mesmo? Errado!

Eu sempre soube que me apavoraria ao ver um enderman, e que morreria de medo de virar um zumbi, mas aranhas?

E agora, tudo o que eu podia pensar enquanto observava as patas negras lá no fundo da caverna, era como poderia existir olhos tão vermelhos nesse mundo.

Eles nos olhavam, brilhando contra a luz, como se esperassem o momento de nos comer. As aranhas estalavam suas presas e podia ouvir uma porção delas tentando escalar pelas paredes.

"A gente pode tentar dar a volta", eu disse, sabendo que não tínhamos para onde ir. Aquele era o único caminho, e precisávamos ir em frente, e não adiantava eu tentar negar aquele fato.

"Relaxa, Steve. Você vai ver só. Espera ali onde elas não conseguem nos ver. Vou acabar com essas pragas em minutos."

Não entendi qual era o plano de Alex, mas falei para ela que não iria ficar apenas esperando. Ajudei ela a vasculhar as caixas e carrinhos, atrás de alguns ingredientes. Entre eles, um montão de pólvora.

A garota juntou tudo e se pôs a trabalhar em uma mesa próxima, enquanto eu iluminava tudo para ela. Em poucos minutos, tínhamos várias dinamites.

"É muito arriscado, vamos acabar ficando soterrados aqui dentro, ou explodindo junto.", reclamei.

"Não seja bobo. Não temos como matar tantas aranhas assim e não podemos perder tempo. Vai ficar tudo bem, eu e minha mãe usávamos dinamite o tempo todo na mineração."

Alex se aproximou devagar da borda do precipício, enquanto eu segurava sua túnica caso ela escorregasse. Acendeu o pavio do primeiro dinamite e o jogou lá em baixo, junto das patas que se moviam.

Nos afastamos e tampamos as orelhas. Um gigantesco BOOM sacudiu todas as paredes da caverna, fazendo chover poeira em nossos cabelos.

O som de várias aranhas irritadas preencheu o ar, e logo nos levantamos com nossas espadas, golpeando os aracnídeos que subiram até onde estávamos. Algumas com as patas chamuscadas e os pelos queimados.

Empurrei uma delas com o pé, tentando me afastar da criatura, mas ela me segurou com força pelas canelas com suas presas. Achei que seria meu fim, mas novamente fui salvo por Alex, que golpeou a aranha na cabeça.

Respirei aliviado.

"Obrigado!"

"Não precisa agradecer, logo você pega o jeito de brigar com esses bichos horríveis."

"Como que você aprendeu tudo isso?"

"Nada demais. Só nasci no meio do nada, sem uma vila com muros em volta pra me proteger. Eu e minha mãe só temos uma a outra, e é matar ou morrer."

Ela ficou em silêncio, enquanto observava a cratera deixada pela dinamite. Uma poça de lava acabou ficando exposta na explosão, e iluminava parte da caverna lá em baixo.

Todas as aranhas haviam desaparecido, mas podíamos ver claramente de onde elas tinham vindo. E logo viriam mais.

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