O Diário de Steve

Dia 9

Depois do sucesso do dia anterior, meu tio decidiu me levar para uma de suas minas. Ele me deu uma picareta, um capacete de ferro para proteger minha cabeça, e fomos descendo as escadas que levavam até os minérios mais interessantes. "Vamos atrás de ouro hoje", disse ele. E eu apenas concordei, sem demonstrar o quão entediado eu estava.

A decida até a mina era longa. O caminho estava todo iluminado por várias tochas, mas ainda assim, me assustei quando morcegos voaram em nossa direção. Será que eles que iriam me morder?

E será que apareceria alguma aranha? Ou até mesmo algum zumbi? Tremi de medo. Cada pixel do meu corpo se arrepiando. Meu tio trazia uma espada com ele, então imaginei que fosse possível algum monstro atacar.

Sério, se tinha uma coisa da qual eu tinha mais medo do que não achar uma profissão, era de monstros. Um dos meus amigos dizia que nossas famílias nos tratavam como bebês, e que deveríamos aprender a nos defender. Eu só queria ficar o mais seguro possível, mesmo se isso significasse que eu seria um bebezão enorme para sempre.

Atingimos o fundo das escadarias e olhei em volta. Baús, fornalhas e mesas de trabalho. Os trilhos, alimentados por pedras vermelhas, levavam para uma galeria longa e fiquei nervoso só de olhar aquele buraco sem fundo na rocha.

Meu tio me levou direto onde sabia que haveria ouro. Na verdade, fiquei muito maravilhado ao virar uma esquina e dar de cara com uma enorme e linda caverna, onde uma cascata de água caia do topo até uma ravina ainda mais profunda no chão. O local todo iluminado por lanternas e pela lava que borbulhava em um canto.

O ouro estava logo ali perto da cachoeira, e seguindo as instruções de meu tio, golpeei a parede para minar cada pedacinho. Depois coloquei tudo na fornalha e esperamos para ver o brilho dourado do ouro.

Senti o mesmo que no dia anterior, quando colhi madeira. Era ainda mais agradável, pois me sentia mais cheio de um espírito de aventura que não existia ao cortar árvores. Fiquei feliz com a empolgação da minha família, mas ainda não senti que aquilo era para mim.

Pelo menos ganhei o direito de carregar uma picareta de ferro. Será que eu estava evoluindo?