Dia 17

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Não tenho certeza se esse era realmente o dia dezessete. Acredito que sim, já que passou uma noite inteira lá fora enquanto ficamos presos lá em baixo.

Descansamos por alguns minutos, mas não podíamos dormir. Pegamos as nossas coisas e partimos mina adentro, seguindo pelo único caminho possível.

Aqui e ali podíamos ver indícios de que alguém havia passado. Pegadas na poeira, riscos no chão, até mesmo tochas. Sentíamos que estávamos cada vez mais perto de chegar a algum lugar, e todos os pixels de meu corpo se arrepiavam com isso.

Andávamos de espadas em punho, prestando atenção em tudo. Pé ante pé na escuridão.

No fim das contas, demos muita sorte de termos resolvido não dormir. Pois logo ali na frente, virando numa curva, havia um grande salão aberto na rocha, com mais um acampamento.

Alex e eu nos afastamos da entrada imediatamente, trancando a respiração e nos encarando. Meu coração dava saltos dentro do peito, e tinha certeza que o dela fazia o mesmo.

Um som misterioso vinha de lá, e tudo estava iluminado por uma estranha iluminação arroxeada. Demos uma pequena espiada para enxergar melhor, e lá estavam eles. Meu pai, com os braços amarrados para trás e desacordado em um canto, e a mãe de Alex, que mais parecia um clone versão adulta da filha, amarrada em outro. Ela estava acordada, com uma corda em volta da boca.

Uma fogueira fraca crepitava e uma criatura que nunca tinha visto estava de costas para nós, de frente para a fogueira e remexendo em algo no fogo. Parecia um zumbi gigantesco, só que a pele rosada como... como a de um porco.

Pedaços de sua pele se desprendiam dos ossos, transparecendo uma carne verde apodrecida. As costelas completamente expostas em um dos lados.

Assim que a mãe de Alex nos viu, seus olhos se arregalaram de medo. Ela se voltou para o porco zumbi e para nós, como se mandasse nos afastar com o olhar.

Nos escondemos atrás de blocos de pedra, e foi bem quando ouvimos o monstro se levantar. Respirei aliviado por ele não ter nos visto. A última coisa que eu queria era ter que enfrentar aquela coisa.

Do meu lado, Alex desembainhava a espada lentamente para não fazer nenhum ruído. A poliu na túnica verde e usou a lâmina como um espelho para enxergar tudo que acontecia no salão atrás de nós.

Nunca imaginei que algo como aquilo que vi pudesse ser real. Já tinha ouvido histórias, mas para mim, sempre foram lendas sem pé nem cabeça, mas vendo o portal roxo pelo reflexo, e lembrando da aparência do mob que o atravessava, ficou claro para mim que o Nether realmente existia.

O Diário de SteveOnde histórias criam vida. Descubra agora