Capítulo 5

545 31 9
                                    

Se gostar não esquece de deixar o seu voto e seu comentário <3

Segunda-feira, 27/11/17 aproximadamente 13:00h

       A hora se arrasta até o almoço, mas finamente chega. Estava calçando a rasteira para ir quando alguém bate na porta do quarto.
       — Quem é? — pergunto antes de abrir.
       — Jonas.
      Sorrindo abro a porta e encontro Jonas vestido regata e short. Ele sorri de volta e diz:
       — Vamos? Joseph só vai chegar a noite. Está se sentindo melhor?
       — Achei que ia me encontrar lá. Estou ótima. — digo fechando a porta.
       — Não quer minha companhia? Que bom que melhorou. — ele coloca a mão no peito fingindo estar ofendido.
        — Não! Você é bem legal. Só achei que sei lá... ia ter algo para fazer.
        — Tenho treino individual a tarde. Se quiser pode ir comigo. É melhor do que ficar aqui.
        — Sério? Sempre sonhei em te ver dando aqueles dribles de pertinho. — falo enquanto entramos no elevador. Seguro seu braço apreensiva. — Ainda não confio nesse elevador.
       — Pode ficar despreocupada. Já andei milhares de vezes e nenhum nunca caiu. — diz rindo. — E então quer dizer que há um lado seu que é minha fã?
       — Eu não perdia um jogo do Alarco quando você jogava. Eu, Alam e Colin sempre assistíamos juntos. Eles morriam de ciúmes porque eu ficava te elogiando.
       — Alam e Colin?
       — Meus melhores amigos.
       — E por que não pediu nenhum autógrafo ou foto comigo? — pergunta quando a porta do elevador abre. Me separo dele e continuamos a andar.
       — Nem tinha pensado nisso. — respondo. — Mas para falar a verdade nem ligo muito para essas coisas.
       — Tirou uma foto com Joseph.
       — Foi ele quem insistiu.
       — Então se eu insistir você tira uma comigo? — pergunta ele.
       — Estamos invertendo os papéis, não? — Indago rindo. — Você é o famoso aqui.
       — Vamos tirar uma agora! — diz ele parando. Ele pega seu celular, abre a câmera frontal e me puxa pelo ombro para o seu lado. — Sorria!
       Ele irá várias e até me obriga a fazer caretas. Depois de algum minutos ele decide que está bom e diz que vai postar. Quando chegamos ao restaurante do hotel ao invés de me levar para a grande mesa onde estão os outros jogadores ele me leva para uma mesa no canto onde sentamos sozinhos.
       — Monopolizando ela, Jonas? — grita Leonardo. Ele com certeza é o palhaço do time.
       — Só não estou afim de ficar na mesma mesa de Otaviano. — responde Jonas.
       — Jonas! — exclamo envergonhada. — Deixa isso para lá.
        — Por quê? Já brigaram? — pergunta  Léo.
        — As gêmeas empurraram Kiara na piscina e ficaram rindo enquanto ela se afogava. E Otaviano, como sempre, as protegeu. — diz Jonas.
        — Caraca! Pesado. — exclama Léo.
        — Se coloque no seu lugar Jonathan. — diz Otaviano levantando. A raiva em seu olhar é quase palpável. — Você não é mais a estrela desse time. Não precisa tentar chamar atenção.
       — Eu sou a estrela do futebol mundial, colega. Realmente não preciso chamar a atenção, eu já a tenho.
       Otaviano dá um olhar mortal e sai dali seguido pelas gêmeas malvadas. Essa doeu até em mim.
       — Você está bem, kiara? — pergunta um dos jogadores, que eu não lembro o nome.
       — Sim. O Jonas me salvou.
       — Fico feliz. E não ligue para Otavi, ele é bem rabugento. — diz Léo.
       — Não precisava fazer isso. — sussurro para Jonas.
       — Não gosto desse cara. Ele merece.
       Como ontem um prato cheio de comida logo surge a minha frente e eu o como feliz. Tinha arroz, feijão tropeiro, carne assada, salada de palmito... Esta uma delícia! O prato de Jonas tem bem menos comida do que o meu com a carne grelhada, algumas batatas e uma pasta que eu não faço a mínima ideia do seja.
       — Para alguém  tão pequena você come pra caramba. — diz Jonas no fim do almoço enquanto bebe seu suco?  O negócio com cor verde e cheiro estranho. Pelo menos o assunto Otaviano morreu.
       — Gosto de comer. — falo bebendo meu suco de laranja normal. Depois de passar fome você sempre aproveita uma boa comida.
        — Você tem um nome bem diferente dos brasileiros. — diz ele.
        — Minha mãe sempre gostou de nomes diferentes. Mas o meu particularmente é inspirado em uma autora que ela amava.
       — Sério? Legal.
       — Aham.
       — As três passo no seu quarto para o treino, ok?
       — OK. Vou descascar um pouco então. — digo levantando. Ele sorri e eu dou meia volta para sair do restaurante. Ouço Léo dizer: pega logo ela, é gostosa pra caramba, mas decido ficar quieta e ir embora quando Jonas responde: Respeite ela, Léo!
       Subo apreensiva pelo elevador quase escolhendo as escadas. Chego no quarto e pego o celular que havia deixado carregando. Salvo o número da Camille e ligo para ela em seguida.
        — Alô? — diz uma voz masculina ao atender. Espera. Masculina? Um homem atendeu a telefone dá Cami? — Oi?
       — Hum... Camille está? — pergunto.
       — Quem fala?
       — Kiara.
       — Amor uma tal de Kiara quer falar com você... — grita ele.
       Amor? Eu sabia que ela tinha um namorado! Espero alguns segundos até ouvir uma respiração ofegante pelo celular.
       — Kia? É você? — grita ela.
       — Oi, Mille! 
       — Oh! Meu Deus! Como você está? De quem é esse número? O papai está bem?
       — Quem é esse homem, Camille?
       — Kia... Olha o papai não sabe... Ele é meu namorado.
       — E por que não contou? Você está me parecendo muito bem para alguém que há alguns dias estava desesperada por dinheiro.
       — Kia eu ainda preciso muito de dinheiro, mas estou feliz por falar com você. Eu sei que está chateada por causa da viagem...
       — Eu entendo. E estou muito bem agora.
       — Bem? Não está trabalhando?
       — Papai não te contou?
       — Contou o que?
       — Estou viajando! — digo. — Nós fomos em um  jogo do Alarco na cidade. Eu conheci o Joseph, jogador. Ele me ofereceu para acompanhá-lo na viagem. Estou indo com o time de cidade em cidade.
       — Espera! Alarco? Você conhece o Jonas Poullo! Você é a garota que ele vem comentando fotos!
       — Conheci ele sim! Mas ele comentou uma foto só.
       — Você está pegando o Poullo sua danada?!
       — Claro que não Camille. Eu não saio beijando pessoas que eu mal conheço!
       — Pois deveria. É muito bom.
       — Camille!
       — Certo. Certo. Você ainda é criança.
       — Tenho 16 anos!
       — Tá. Mas me conte como vocês estão?
       — Ah Mille... Papai está cada vez pior. Greg aparece de tempos em tempos levando o pouco dinheiro que a gente tem. Mal posso esperar para você terminar a faculdade ano que vem e nos de uma vida melhor.
       — Não é ano que vem Kia. É no outro.
       — Mas não são cinco anos?
       — É, mas... bom tem as greves e tudo mais. Acaba atrasando.
       — Dois anos? Ainda? Papai já está velho não sei se ele vai aguentar muito tempo.
       — Ah Kia... nem me lembre, mas ele parece tão bem quando fala comigo.
       — Ele não quer que você desista. É nossa única esperança.
       — Ainda tem você boba.
       — Tem no mínimo sete anos até eu me formar. Até lá papai já vai estar velho demais para trabalhar de ajudante.
       — Eu... vou conseguir. — diz com a voz meio embargada. — Tenho que ir Kia, amo você maninha.
       — Eu também. Tchau.
       Ouço-a soluçar e não clico no botão de encerrar a chamada. Fico escutando as vozes distantes.
       — Ei amor. Por que tá chorando? — diz o homem.
       — Ah Gui eu arruinei minha família. Eles apostam todas as fichas em mim e agora...
       — Shi. Já conversamos sobre isso. Vai dar tudo certo.
       — E se não der? Kia está certa. Papai está ficando velho, deveria estar planejando férias e não o que vai comer na janta.
       — Ei Ei. Vem cá. Eu me formo antes do natal. Nós vamos dar um jeito.
       Desligo ao ouvir barulhos de beijos. Do que minha irmã está falando?

⚽  ⚽  ⚽

       Depois de umas duas horas pensando no que minha irmã poderia estar falando e não chegar a conclusão nenhuma ouço uma batida na porta do meu quarto. Levanto meio aérea e abro a porta.
       — Olá! — diz Jonas. — Vamos?
       — Ah é! Seu treino! Pera aí, só vou colocar uma rasteira.
       Volto para o quarto calço a rasteira, pego o celular e saio novamente. Jonas está vestido com o uniforme do Alarco mas não havia colocado a chuteira ainda.
       — Por que vai treinar sozinho? — pergunto enquanto descemos.
       — O time não está treinando. Mas eu não posso parar então vou ter treinamento individual todos os dias menos em dia de jogos e domingos.
       — Nossa deve ser cansativo essa rotina de treinos — falo segurando seu braço enquanto o elevador desce. Ow. Não havia percebido antes mas ele tem os braços, assim como as coxas, muito bem definidos.
       — Sim é cansativo, mas muito gratificante. — ouço sua risada. — Gostou dos meus braços?
       Afasto-me envergonhada. Tenho certeza que minhas bochechas estão vermelhas. Pisco olhando para o chão sem saber o que falar.
       — Não precisa ficar com vergonha. Eu deixo você pegar nos meu tríceps, bíceps, quadríceps... todos os meus ceps.
       — Jonas! Eu... eu...
       — Você fica ainda mais linda corada.
       Antes que eu percebe ele tira o celular da cintura e tira uma foto minha. Reclamo mas ele diz que ficou linda. Finalmente o elevador abre. Ali estavam quem eu imagino ser o treinador.
       Minha suspeita é logo confirmada quando Jonas nos apresenta. Ele é o técnico do Alarco Emerson Ribeiro e seus dois auxiliares técnicos Júnior e Lucas.
       — Com uma beldade dessas vai ser difícil até se concentrar no treino.  — diz Júnior.
       Jonas fecha a cara, passa um braço por cima dos meus ombros e diz:
       — Respeite ela Júnior. Vamos treinar.
       Ainda meio abraçado a mim praticamente engolindo meu pequeno corpo com o seu nada grande saímos do hotel. Luzes de fleches me cegam por alguns segundos.
       — Merda. — murmura Jonas. Ele me protege com seu corpo e empurra os jornalistas jornalistas  conseguirmos entrar no carro.
       — O que foi isso? — pergunto. O treinador e os auxiliares haviam ido em outro carro.
       — O sucesso tem seu preço. Desculpe, na volta haverão seguranças.

Além do Futebol [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora