Capítulo 28

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14/04/18, sábado aproximadamente 12:30

Eu havia conseguido convencer papai a reencontrar os irmãos. Por isso havíamos vindo no dia anterior para o Rio de Janeiro. E agora estamos a caminho da casa do pai de Costa, meu primo também estava a Europa. Na verdade não seria toda a família. Apenas Jackson, sua esposa Lara e Jadson.
       — Fique calmo papai. — digo. Ele está batucando na porta do carro desde que saímos do hotel.
       Entramos na casa assim que os portões são abertas. Os três estão esperando na porta. Assim que saímos  papai e seus irmãos se encaram. Posso ver a emoção nos olhos dele.
       — Meus irmãos. — diz papai.
       — Joel... — murmura Jackson se afastando dá esposa e dando dois passos até nós. — Você não imagina a minha felicidade em vê-lo.
       Os dois se abraçam tão de repente que eu tomo um susto. Jadson se aproxima e também entra no abraço. Assim eles ficam por alguns minutos.
       — Vamos entrar! — diz Lara sorrindo assim como eu.
       O almoço corre tão bem. Papai está tão feliz em poder conversar com os irmãos. Depois que acabamos de comer sentamos na mesa do jardim.
       — Eu quero pedir perdão Joel. — diz Jadson encarando papai. — Eu deveria ter lutado mais por você.
       — Eu sou o mais velho. Vocês eram adolescente. Não tinham o que fazer contra nosso pai. — fala papai.
       — Mesmo assim. Nós ficamos adultos. Deveríamos ter ido atrás de você. Te procurado. — diz Jackson. — Nos perdoe por nunca ter ido atrás de você.
       — Meus irmãos, isso já passou. Não há o que perdoar. Eu também poderia ter ido atrás de vocês. Vamos esquecer o passado e viver o agora. Quero saber sobre todo mundo da família.
        Os dois sorriem e começam a contar o que aconteceu com todo mundo. Papai ainda tem uma longa caminhada para se reconciliar com a família. Mas aquele é o começo.

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       No dia seguinte pego um avião para Portugal enquanto papai volta para Minas. Sexta é feriado,  ficaria lá até o outro domingo. Faltaria quatro dias de aula mas valerá a pena. Eu estava morrendo de saudades de Jonas.
       Jonas não está me esperando no aeroporto. Ele estava entrando no jogo. Eu iria direto para lá já que ele havia deixado um motorista me esperando.
       Sou levada para a área vip quando chego ao campo. Bem perto do campo. O time estava cantando o hino de Portugal. Apesar de muito mais cheio do que os jogos do Alarco, o pessoal aqui é bem mais contido na torcida do que os brasileiros. Afinal Brasil, é Brasil!
       O jogo começa difícil. Bernoulli toma um gol que desestabiliza o time e leva a equipe adversária a loucura. Mas no segundo tempo o Bernoulli vira o jogo com dois gols do Jonas! Grito na arquibancada. Mesmo que ele não pudesse me ouvir.
       — Senhoria Putin, o senhor Poullo pediu que levarmos a senhorita até o campo. — diz um dos seguranças com seu sotaque português. O jogo estava nos últimos minutos dos acréscimos. Sigo o homem arquibancada abaixo. Sinto o olhar de alguma pessoas em mim e tento não pensar nisso.
       Quando pisamos no campo o jogo acaba. Observo o time comemorar feliz enquanto o adversário os cumprimenta.
       — A senhorita deve ir até o meio do campo. — diz o segurança ainda do meu lado. Pergunto por que e ele diz que são ordens de Jonas.
       Mesmo envergonha caminho para o meio do campo onde o time ainda está, o segurança me segue. Jonas me vê e sorri para mim. Ele havia tirado a blusa e jogado nos ombros.
       — Ei meu amor! — exclama ele sorrindo e me dando um selinho sem encostar o corpo suado em mim. Ainda bem. Por mais que ele fosse lindo, seria nojento.
       — Ei. Por que mandou me trazerem aqui? — indago.
       — Por que eu quero te fazer um pedido. E quero que todos sejam testemunhas. Independente da sua resposta saiba que eu amo você.
       Eu já estava nervoso. Pedido? O segurança entrega uma pequena caixinha de veludo preto a Jonas que me observa sério. E então ele ajoelha a minha frente e abre a caixinha. Lá dentro tem um anel. Caríssimo com certeza. Olho para ele sem entender.
       — Isso tudo para me dar um anel?— pergunto sem entender.
       — Isso tudo para te pedir em casamento, meu amor.
        Sinto todo mundo ao nosso redor parar de falar. O que?
        — Você está ficando louco? — sussurro.
       — Sei que namoramos apenas há alguns meses. Sei que somos novos. Mas eu não aguento viver longe de você. Quero que seja minha noiva e então minha mulher. Quero amá-la durante todos os dias do resto da minha vida. Você aceita se casar comigo?
       — Jonas! — exclamou sem saber o que falar. Até arquibancada havia parado de conversar. Eles não podiam ouvir mas Jonas ajoelhado com um anel só podia significar uma coisa. Casar com ele? Eu tenho só dezesseis anos. Queria fazer faculdade, nem terminei o ensino médio!
       — Sinto um não vendo aí. — nurmura Jonas com as bochechas vermelhas levantando. — Se você não quiser tudo bem.
       — Você me pegou de surpresa. Eu... Preciso pensar. — digo envergonhada.
        — Vish Jonas. Perdeu! — exclama Ferreira abraçando meus ombros. — Comigo você aceita casar pequena?
        — Tire as mãos da minha namorada. — diz Jonas. De feliz sua expressão havia ido a triste.
       — Desculpe Jonas...
       — Tudo bem. Vamos para casa. — diz ele, me interrompendo. Ele pega minha mão e me puxa para fora do campo.
       O caminho para casa é feito em total silêncio. Eu me sinto mal. Deveria ter aceitado de cara? Mas casamento é um passo muito grande.
       Jonas entra primeiro no apartamento e vai direito para o banheiro. Eu pego meu celular e vou para o canto mais afastado da cobertura, perto da piscina. Casamento. Meu cérebro ainda não acreditava no que meus ouvidos tinham ouvido.
       Leio algumas matérias  no celular. Já está em toda a internet que eu recusei-me casar  com Jonas Poullo. Chegava a ser hilário como um preciso pensar se transforma em um não. Quando Jonas termina o banho vem até onde eu estou e se senta a minha frente.
       — Eu me precipitei. Desculpe. — diz ele encarando as próprias mãos.
       — Eu quero aceitar. — digo de repente. Ele levanta a cabeça e me encara surpreso.
       — Quer?
       — Eu amo você Jonas. Tudo que eu mais quero é passar o resto da vida ao seu lado, mas... casar significa parar de estudar e ter filhos. Eu não quero isso.
       — Amor,  isso é um pensamento retrógrado. Eu deveria ter conversando com você antes. Eu jamais pediria para você desistir dos seus sonhos porque casamos. Ainda mais quando eu posso bancá-los. E eu quero curtir bons anos com você antes de pensarmos em filhos. Talvez daqui uns dez anos?
       — Mas eu teria que largar o Brasil agora. Combinamos que iríamos morar juntos quando eu acabasse o ensino médio.
       — Se você aceitar o pedido não significa que casaremos imediatamente. Podemos no casar no ano que vem. Quando você fizer dezoito. Eu só quero deixar nosso compromisso bem firmado.
       — Sério?
       — Claro que sim. Você só subida de cargo. De namorada para noiva. É uma festa demora tempo para ficar pronta.
       — Eu... Se for assim eu aceito! — exclamo sorrindo.
       — Aceita se casar comigo? — indaga ele de olhos arregalados
       — Sim!
       Solto um grito quando Jonas me pega no colo e me leva apartamento a dentro enquanto beija toda meu rosto. Eu rio. Ele me leva até seu quarto e pega a caixinha de veludo preta no criado mudo. E então se ajoelha novamente a minha frente.
       — Kiara Souza Putin, você aceita se torna minha esposa? — indaga ele com a caixinha aberta. Minhas pernas tremem. Eles estão tão lindo!
        — Sim!
       — Eu amo você. — diz ele.
       Ele põe o anel em meu dedo e então se levanta, me dando um beijo. Minhas pernas batem contra a cama e eu caio rindo, com ele em cima de mim.
       — E o senhor não tem anel? — exclama erguendo as sobrancelhas. — Tudo mundo tem que saber que você tem dona!
       — Minha noivinha brava. Se assim desejar mandarei fazer uma para mim.
       — Eu desejo.
       — Eu te desejo. — sussurra ele.
       E eu sabia como aquele dia acabaria: nós dois nus, saciados de prazer, deitados naquela cama enorme.
      

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