Capítulo 11

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       Alguém bate na porta do quarto pouco depois das seis. Levanto, arrumo o vestido e digo para que entre. Jonas abre a porta.
       — Kiara... — ele para e me encara. — Kia... Você está linda.
       — Obrigada. Sua irmã me ajudou.
       — Você é linda, mas hoje está maravilhosa. — diz ele voltando a andar e me puxa para os seus braços.
       — Você vai tirar o meu batom — digo quando ele tenta me beijar.
       — Não me torture, Kia. 
       Ele engancha o braço ao redor da minha cintura grudando nossos corpos. Enquanto isso sua outra mão empurra meu rosto contra o seu. Diferente das outras vezes Jonas toca meus lábios com sua língua e eu abro mais a boca permitindo a invasão. Um tremor percorre meu corpo. Sinto algo duro tocar minha barriga. Oh. Afasto-me buscando ar.
       — Jonas... — murmuro.
       — Que? — pergunta ele sorrindo.
       — O que foi isso? — sussurro sem encará-lo.
       Ele pega meu queixo e me faz olhá-lo.
       — Você me deixou excitado. Não há nada de mal nisso, meu bem. Só mostra o poder que você tem sobre mim de me excitar apenas com um beijo.
       — Eu tenho um presente para você. — digo virando de costas e indo até a minha mochila na cama. Precisava mudar de assunto. Puxo o álbum que preparei durante o começo do mês. Só ia entregar mês que vem quando os jogos do Alarco voltassem, mas é o meu presente de natal. Viro novamente e estendo pare ele. — Feliz  natal.
       Ele pega ainda sorrindo. O álbum eu pedi a dona da lojinha onde eu trabalho e adicionei alguns detalhes meus. Também fui a único fotógrafo da cidade para revelar as fotos que eu e Jonas estamos juntos.
       — Por isso queria que eu te mandasse as fotos — murmura ele abrindo o álbum. — É lindo.
       — E tem vários lugares para você colocar novas fotos nossas... Quero dizer de quem você quiser. Sei que você já tem tudo e isso foi o melhor que eu pude fazer. — falo envergonha.
       — Eu vou enchê-lo de fotos nossas. Pode ter certeza. Foi melhor do qualquer presente cheio de pompas. Obrigada. Posso deixar aqui e descermos? Daqui a pouco minha mãe vem ver porque estamos demorando.
       — Claro.
       Pego o álbum e coloco na mesinha que havia em um canto. Jonas insiste em tirar mais fotos nossas de seu celular para o álbum. Quando descemos vamos para um jardim na parte de trás da casa. O jardim está todo decorado em luzes, pisca pisca, guirlandas, papai noéis flutuantes e no meio de tudo há uma enorme árvore de natal. Com bolas e enfeites coloridos e uma enorme estrela dourada no topo. Na base estava cheia de presentes.
       — Que foi? — pergunta Jonas. Não havia percebido, mas parei de andar de repente.
       — A árvore é linda. Eu nunca tive uma de verdade em casa. — sussurro ainda meio anestesiada pela beleza.
       — Por que não me falou isso antes? — pergunta ele.
       — Nem pensei sobre isso.
       — Kiara você está linda! — A mãe de Jonas aparece na nossa frente sorrindo para mim. Ela está de braços dados com um cara. — Quero que conheça Uriel, meu marido.
       — Pai do Jonas? — pergunto. Eles não se parecem nada. Ele é bem mais moreno que Jonas e tem os traços totalmente diferente.
       — Não. Meu padrasto. Eu e meu pai não nos damos muito bem. — diz Jonas passando um dos braços pelos meu ombros. — Depois te conto a história toda.
       — Ow, desculpe. — falo. Minhas bochechas estão pegando fogo.
       — Não se preocupe, Kia. Uriel é praticamente meu pai. Ele me criou desde os três anos e foi quem me incentivou no futebol.
       — De todo modo é um prazer conhecer você, Kiara. Jonas me falou muito sobre você. — diz Uriel.
       — E  vocês têm que vir aqui! — exclama Joana, mãe de Jonas. — Suas tias e seu tio já chegaram meu filho. E a Raab está doida para te ver.
       Nós vamos até uma tenda montada no jardim onde já haviam algumas pessoas. Sou apresentada a duas tias e um tio de Jonas que sempre deixa seu braço sobre meu ombro ou segura minha mão. Todos tão simpáticos como Joana.
       De repente me desequilibro para o lado quando uma garota pula em cima de Jonas gritando o nome dele. Eu juro que não teria caído no chão, mas eu estava em cima daqueles saltos assassinos e meu pé torce para lado. Puft. Lá estava eu pagando mico em frente a toda família de Jonas. Ele larga a menina rapidamente e abaixa em meu socorro.
       — Kia! Você está bem? — pergunta ele me pegando pela cintura e me pondo de pé.
       — Ow. Meu pé dói um pouco quando apoio no chão. — falo.
       — Vamos sentar e por gelo que melhora rapidinho. — diz ele me apoiando até um dos sofás embaixo da tenda.
       Eu sento com perna estendida. Algumas pessoas vem perguntar se eu estou bem enquanto Jonas vai buscar o gelo. No meio do caminho na volta  ele é parado pela menina que me derrubou.
        — Toma cuidado com aquela garota — diz Juliana aparecendo, de repente, sentada ao meu lado.
       — Por quê?
       — Ela é filha da melhor amiga da minha mãe, se chama Raab. Tem praticamente a mesma idade que meu irmão então cresceram juntos. Quando ele começou a ficar famoso ela deu um jeito de começar a namorar ele. Mas no fim Jonas terminou mas ela ainda insisti que o ama. Jonas acha que ela realmente gosta dele como irmão. Não percebe a víbora que é Raab. — explica ela.
       — Pelo jeito ela não gostou muito de mim porque me derrubou no chão.
       — Claro que ela não vai gostar de você afinal você está pegando o cara que ela quer! — Exclama ela fazendo uma cara de tipo, como você não falou isso?.
       — Eu não estou pegando o Jonas — murmuro envergonhada. — Nós somos amigos.
       — Não porque você não queira.
       Suspiro e prefiro ficar quieta. Jonas volta logo depois com uma bolsa de gelo nas mãos e com uma sandália baixa da irmã. Agradeço muito, não conseguiria ficar em pé naquele salto com o pé doendo. Jonas fica ao meu lado. Várias pessoas da família dele vem nos cumprimentar e perguntar se sou sua nova namorada. Como  sempre, ele desvia do assunto.
       Somente a meia-noite a mãe de Jonas vem nos chamar que o jantar seria servido. Jonas me leva até a enorme sala de jantar. Infelizmente meu nome não estava próximo a dele. Quem não era da família sentava mais longe. E eu com certeza não era da família. Olho para todos eles interagindo felizes. Eu nunca tive uma família assim. Um garlom aparece e coloca algo no meu prato. Parece bom, mas praticamente não sinto o gosto enquanto como.
       Meus pensamentos vão para como seria minha vida se eu não tivesse conhecido Jonas. Se minha irmã não tivesse grávida e precisasse de dinheiro, eu nunca teria ido ao jogo e começado a acompanhar o Alarco. Talvez essa gravidez da minha irmã tenha um propósito.
       — Kia?
       Levanto a cabeça e vejo Jonas ao meu lado. Todos já estavam se levantando.
       — Está na hora dos presentes, vamos?  
       Tento sorrir para e levanto. Como antes ele passa o braço sob meus ombros. Será que eu somente uma amiga para ele?
       — Está tudo bem, Kia? — pergunta ele quando paramos em frente a grande árvore de natal. Todos estavam ali em uma roda. A mãe dele no centro pegando o primeiro presente e chamando a pessoa. Respondo que está tudo bem e observo os presentes serem entregados. Eu estava com sono e cansada. Era o primeiro natal longe do meu pai.
       — Kiara Putin.
       Assusto-me quando a mãe dele me chama. Jonas sorrir para mim e me empurra para o centro com ele. A mãe dele tem duas caixas na mão. Uma grande e uma minúscula. Jonas pega a pequena primeiro e vira para mim. Começo a tremer quando ele ajoelha no chão e estende a caixinha aberta.
       — Kia. Muitas pessoas hoje pergutaram se estamos namorando. Ainda não estávamos então desviei do assunto. Iria te pedir no ano novo já que passaria o natal com sua família, mas já que veio comigo quero aproveitar esse momento tão especial e perguntar: você aceita namorar comigo?
       Meus olhos se enchem de lágrimas. Ele estava me pedindo em namoro na frente de toda a família. Tampo a boca com a mão surpresa. Ele queria ser mais que meu amigo. Ele estava me pedindo em namoro no natal. 
       — Kia?
       — É claro que eu aceito! — exclamo. Ele se levanta sorrindo e me puxa para um abraço. Todos a nossa volta batem palmas e eu me sinto envergonhada. Ele tira uma correntinha de dentro da caixinha com um pingente em forma de uma bola de futebol.
       — Foi por causa do futebol que nos conhecemos então achei melhor que um anel. Eu espero que você goste. Tem uma para mim também. 
       Viro de costas e ele prende a correntinha de ouro no meu pescoço. Faço o mesmo com ele, que tem que se abaixar para eu alcançar o seu pescoço. Eu o abraço novamente feliz. Sussurro que amei a correntinha.
       — Ainda tem outro presente. — diz ele se afastando. Joana entrega a caixa um pouco maior para o filho que me entrega. — Abra.
       Ansiosa, rasgo o papel de presente e tiro um... envelope? Olho para o Jonas sem entender. Ele sorrir e me pede para abrir. Dentro do envelope há uma pilha de folhas.
       — Passei a sua casa para o seu nome. E só você assinar e registrar em um cartório.
       — O que? Oh! Jonas! Obrigada! 
       — Agora me deixem entregas os olhos presentes! — exclama a mãe de Jonas sorrindo. Ela parecia feliz por nós. 
       Eu e Jonas nos afastamos do centro. Eu ainda ia ficar ali, mas Jonas segura minha mão e me puxa para dentro da casa novamente. Eu o sigo escada acima. Passamos pela porta do quarto onde estava e ele para em frente a uma porta de madeira escura. 
       — Esse é o meu quarto sempre que estou aqui. — diz ele abrindo a porta e entrando comigo.
       O quarto é amplo. Tem uma cama de casal com lençóis escuros no centro com criados mudos do lado. Em frente a cama há um tapete de pelos branco que contrasta com o piso de madeira. De um lado há um sofá de canto e uma porta. No outro uma estante e outra porta. É lindo. Mas muito masculino. Ele senta na cama tirando o paletó que usava por cima da camisa social branca. Paro em cima do tapete sem saber o que fazer. 
       — Venha aqui. — diz Jonas sorrindo. Caminho até parar em frente a ele. Jonas me puxa e eu caio sentada em cima dele. Não consigo encará-lo. Devia parar de ter vergonha. agora estamos namorando. — Não precisa ficar tensa, Kia. Estou apenas te abraçando.
       — Eu sei... eu só não sou acostumada com essas coisas. — murmuro.
       — Pois pode se acostumar pois eu pretendo te abraçar muito. E kia, acho que deveria ligar para o seu pai. Ele me ligou um monte de vezes.
       — Eu pensei sobre isso. — encosto a cabeça em seu peito e escuto seu coração batendo. — Foi bom ela ter engravidado. Ela pediu o dinheiro que eu ia usar para viajar, mas então eu fui para o jogo do Alarco. Se eu tivesse viajado nunca teria te conhecido.
       — Ainda bem que isso aconteceu então. — diz ele. — Quer ligar?
       — Ele já deve estar dormindo. Ligo amanhã. 
       Jonas tirar uma mexa de cabelo que caiu no meu rosto e prende atrás da orelha. Ele está tão próximo e me encara de um modo que ninguém nunca olhou. Tento acalmar meus nervos e respirar normalmente, mas é difícil com ele assim tão perto.
       — Posso te beijar? — pergunta ele sussurrando. Ainda com a mão acariciando o meu rosto.
       — Você é meu namorado agora. Não tem que pedir para me beijar. — digo dando de ombro. 
       — Sou seu namorado, mas isso não me dá o direito de fazer coisas que você não quer. Eu sinto o quão nervosa você está Kia. Se quiser pode ir para o seu quarto. Eu gostaria muito que você ficasse, mas se for demais para você eu entendo.
       Ele estava sendo tão fofo e compreensivo. Sabia que uma hora ou outra iríamos acabar esquentando as coisa, mas ainda era tudo tão recente. 
       — Certo. Acho que vou para o meu quarto então. — falo levantando. Estou quase na porta do quarto quando viro e corro novamente até Jonas. Jogo meus braços ao redor dele e o abraço com força. Ele me abraça de volta com uma risadinha. — Apesar de tudo o que aconteceu eu adorei o dia de hoje.
       — Eu também, Kia. Muito.
       Deixo um pequeno beijinho nos seus lábios e corro novamente para fora. 

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