VIII

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Não preciso nem dizer que a missa de sétimo dia de Grayson não ajudou muito na minha imagem de traidora. Fotos de Blake e eu de mãos dadas surgiram em todos os sites possíveis. Era uma droga, considerando que eu o tinha obrigado a emitir uma nota se desculpando por ter passado dos limites aquela noite e dizendo que nossa relação era completamente profissional. As fotos de nós dois e o fato de eu ter discursado em nome dele não ajudavam muito.

Todo mundo estava falando de mim. E de Blake. E do nosso suposto caso. Em toda minha vida tinha me acostumado a ter um pequeno interesse da imprensa sobre mim. Com o sobrenome que eu tinha e as pessoas que eu me relacionava, não tinha como eu passar despercebida. Mas agora eu era uma subcelebridade. As pessoas me odiavam, na maioria, algumas poucas me amavam. Como Blake vivia uma vida inteira assim, eu não conseguia entender.

Por falar no demônio, ele tinha simplesmente desaparecido, da igreja e da minha vida nos últimos dias. Se eu soubesse que pra me livrar de Blake no meu pé só precisava aceitar trabalhar para ele, teria feito isso antes.

Outra pessoa que estava me dando um gelo era Matt. Ele não respondia minhas ligações e nem aparecia no meu apartamento há um par de dias. Eu não podia julgá-lo afinal toda aquela situação não me fazia parecer inocente. Mesmo sendo. Toda aquele... contato, com Blake não tinha sido por que eu queria, eca, simplesmente acontecia. Eu não poderia ser culpada por isso, certo?

Decidi pegar um táxi até a casa do Matt, precisávamos resolver isso como adultos. Precisava explicar a ele que Blake e eu não sentimos nada além de desprezo um pelo outro, mas que sempre que estávamos perto um fogo parecia se apossar de nossos corpos. Talvez fosse melhor não usar essas palavras!

— Senhorita Green. — O porteiro me cumprimentou, eu acenei de volta. Enquanto o elevador subia eu procurei a chave na minha bolsa.

Entrei e deixei minhas coisas na mesa da sala. Matt estava provavelmente na galeria, mas eu podia esperar por ele e pedir o jantar. Um ruído chamou minha atenção para o quarto. Será que a mãe dele estava na cidade? Essa seria uma péssima hora para conhecer a mãe do meu namorado.

— Matt? Querido? — chamei. Ele saiu da porta do quarto com uma toalha no quadril e pareceu assustado em me ver. — Tudo bem?

— Sim, tudo, sim — desconversou. — Não achei que você ia aparecer aqui em casa.

— Qual é, Matt, eu sei que eu errei — assumi. Me incomodei que ele tenha pensado que eu não era o tipo de pessoa que me desculparia depois dos últimos acontecimentos.

— É, errou. — Ele andou meio sem rumo na cozinha antes de abrir a porta da geladeira e eu o segui.

— É. Mas estou arrependida. Eu não sei como explicar, o que Blake e eu temos é...

— O que você e Blake tem? — Ele não pareceu nem um pouco propenso a me perdoar. — Sinceramente, Val...

O barulho de um vaso se estilhaçando no chão o cortou.

— O que foi isso?

— Vento — ele respondeu, claramente muito nervoso. — Deixei uma janela aberta lá no quarto.

Por algum motivo, meu sexto sentido feminino não acreditou em nenhuma palavra.

— Mathew, você está me escondendo alguma coisa?

— Não.

Ignorei sua resposta indo em direção ao seu quarto.

— Valentina, espera! — Ignorei seu chamado e escancarei a porta de seu quarto.

Com certeza ele não estava me escondendo a mãe, mas estava me escondendo alguém.

A fodida da Amy. Sentada na cama de Matt, com a roupa amarrotada e os cabelos bagunçados, claramente pós sexo. O olhar debochado em seu rosto fez meu sangue ferver, mas eu consegui pegar minhas coisas com calma antes de sair do apartamento.

Fica Comigo (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora