Fica Comigo (COMPLETA)

XXXIV

Eu não podia acreditar. Não conseguia. Aquilo poderia mudar tudo que eu acreditava ser real. 

— Bruce, como eu posso saber que não foi o Jayden quem mandou você aqui? Com uma história inventada para fazê-lo parecer inocente?

— Eu imaginei que você pensaria isso. — Ele puxou seu celular do bolso e me mostrou na tela alguns prints. O nome da empresa fantasma que pagava Carly e sua pesquisa confirmando que a mesma era sediada em Chicago. — Se você ainda tiver dúvidas, é só pedir para alguém de sua confiança verificar, vão achar a mesma coisa. 

Eu queria acreditar nele. Queria muito. A informação de Bruce me ajudava a exonerar Jayden de culpa. O que eu mais queria era poder acreditar. Mas como? E se eu acreditasse, como poderia ainda odiá-lo? Mas como poderia não o fazer?

— Eu sei que como trabalho para o senhor Blake, você pode achar que ele me mandou aqui. Mas na verdade ele nem sabe onde estou.

— Se você não ganha nada com isso, por que me ajudar?

— Porque eu gosto da senhorita, Valentina — explicou. — Mas também, por que tem mais uma coisa que eu preciso falar. Estou apaixonado pela sua amiga Grace.

Uau. Por essa eu não esperava. Quer dizer, mais ou menos. Eu tinha visto os dois juntos na despedida de solteira de April, mas Grace era uma pessoa extremamente reservada e nunca tinha comentado nada sobre Bruce.

— Se você estiver procurando algum tipo de permissão, Bruce, não precisa. 

— Eu sei — ele concordou. — Não quero sua permissão, mas você é muito importante na vida de Grace. E se eu sei de algo que pode lhe ajudar, então você merece saber.

Bruce era mesmo uma pessoa muito legal. Ele não precisava ter me contado nada. Nunca foi obrigado a me ajudar. Mas fez, mesmo assim. 

— Grace é uma pessoa incrível. Se vocês se gostam, merecem ser feliz. Ela merece muito ser feliz. 

Era verdade. Bruce era gentil e educado, ao mesmo tempo protetor, era exatamente o tipo de homem que eu só podia imaginar fazendo bem a minha amiga Grace. E mesmo estando temporariamente longe e dela e do resto dos meus amigos, eu queria o melhor para cada um deles. 

Depois que Bruce deixou a mansão, todos os acontecimentos dos últimos dias ficaram martelando minha cabeça. Jayden tinha me enganado e mentido para mim, sim, isso não tinha nenhuma desculpa. Mas todo o resto, sabotar minha carreira, me deixar sem ter onde morar e o pior, arriscar minha vida, poderia não ter sido ele. Muito provavelmente não tinha sido. 

E eu sentia isso. Desde o começo. Mas fiquei cega pelo meu ódio e pela dor. Esqueci de procurar o real culpado, preferi apenas culpar Jayden, que era muito mais fácil. 

Não mais. Eu merecia saber a verdade. E só tinha um jeito de conseguir isso. Aparecendo na sede das Indústrias Mitchell e confrontando Gordon Mitchell em pessoa. Mas não seria fácil. Meu pai me recebeu como se eu fosse a princesa da Inglaterra.  

Não sei se ele ficou mais feliz em me ver fora da cama, com roupas de adulta e maquiagem no rosto, ou por me ver na empresa dele. Que ele tanto sonhava um dia ser minha. 

— Que bom que você finalmente voltou a ser você mesma minha filha. — A sala do meu pai era um ambiente familiar para mim. Me lembrava de passar horas aqui, durante a minha infância. Eu gostava de vê-lo trabalhar e me imaginar parecida com ele no futuro. Agora parecia uma sala vazia de mais para que eu habitasse. 

— Pai, precisamos conversar. 

— Claro, querida. Eu estava mesmo querendo ter uma conversa séria...