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— Acabei de levar todas as minhas coisas — April me contou, cheia de entusiasmo. — Agora vamos fazer uma faxina pesada e arrumar tudo.

Minha amiga e Matt estavam realmente juntos há menos de duas semana e ela já estava levando suas coisas para o apartamento dele. Eu queria conseguir ficar feliz pela April, mas minha vida estava tão cheia de problemas que mal consegui esboçar um sorrisinho.

— Eu sei que você está muito muito ocupada. E que tudo isso está sendo muito difícil, mas por favor, venha jantar com a gente. Faz tanto tempo que a gente não te vê.

April tinha razão. Estava sendo muito difícil para mim. Desde que pisei em Nova York e tudo começara a dar errado, eu não tinha tido um minuto de paz. A minha empresa estava acabada. Se eu não conseguisse levantar algumas dezenas de milhões de dólares, segundo o que os advogados tinham previsto, eu iria a falência. Meu nome seria manchado para sempre. Então, eu fiz o que qualquer pessoa na minha situação faria, recorri ao meu pai milionário.

Mas ao contrário do que eu esperava, além de me chamar de criança, mimada e irresponsável, Gordon Mitchell não fez muito por mim. Meu próprio pai tinha se negado a me ajudar. E ainda soltou um "eu te avisei" antes de desligar na minha cara.

Ou seja, minha situação não ia nada bem. Por conta do escândalo, ninguém queria alugar um apartamento no meu nome, então em mais alguns dias Ethan e eu seríamos oficialmente despejados. E eu não fazia ideia de como consertar isso.

E eu tentei de tudo. Os primeiros dois dias depois de tudo que aconteceu, passei isolada no meu quarto, chorando e me martirizando. Depois disso, lavei meu rosto, coloquei uma roupa bonita, sapatos de salto e sai de casa. Eu poderia dar um jeito nisso, pensei, ou não me chamava Valentina Elin Green Mitchell. Meu reuni com meus funcionários, com os advogados, com antigos clientes. Até com a imprensa eu falei. Nada adiantou. Mais uma semana depois e aqui estava eu.

De pijama ao meio dia, com o telefone pendurado na orelha e uma bacia de pipoca no colo.

— Vou pensar — prometi a April. Isso provavelmente era um não. Já que as únicas pessoas que eu via eram o Ethan, mas só porque não tinha como eu evitá-lo dentro da nossa própria casa. E Jayden.

Jay tinha me dado um dia de folga. Depois de tanto eu gritar e reclamar que queria ficar sozinha, que não queria sua ajuda, ele decidira me ouvir. Bateu a porta da sala e parou de me ligar pelo resto do dia. Mas quando a noite chegou e além da minha tristeza e autopiedade, tive que lidar com a falta dele na minha cama, dei o braço a torcer e liguei para ele. Depois disso eu deixei ele me obrigar a comer e a tomar banho sem reclamar. Quando eu melhorei um pouco mais a primeira coisa que eu fiz foi pular em Jayden e arrancar toda sua roupa.

— Valentina, você ainda está aí? — me lembrei de April na linha e afastei as imagens de Jayden pelado da minha cabeça.

— Sim. Tudo bem.

— Tudo bem? Tipo, tudo bem você vem?

— É. Eu vou. Eu não posso parar de viver só por que agora eu sou pobre, falida e sem teto, certo?

— Isso aí — ela comemorou. — Quer dizer, você não está falida e nem sem teto, Val.

— Ainda não — eu garanti. — Ainda.

Mas eu seria, muito em breve. Não tinha volta, só me restava aceitar.

 Não tinha volta, só me restava aceitar

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Fica Comigo (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora