Fica Comigo (COMPLETA)

XXVI

Só mesmo o Jayden para me convencer a viajar no meio de uma semana de trabalho. Eu tentei convencê-lo a mudar de ideia e de que poderíamos visitar meus pais outro dia, mas ele me persuadiu a ir. Por isso eu tive que passar a semana trancada no apartamento ou na minha sala, fazendo ligações e mandando e-mails para organizar tudo para sábado.

Uma noite tive a oportunidade de preparar o jantar, um nhoque, pela primeira vez. Jayden comeu tudo que eu coloquei no prato dele e disse que estava delicioso, mas eu duvidava. Eu era um desastre na cozinha, eu sabia. Pelo menos o vinho que eu havia escolhido estava delicioso.

Quando o sábado chegou, Bruce nos levou até o aeroporto onde embarcamos no jato executivo da Blake Enterprises. Lá eu conheci Doug, o segurança do Jayden que ia nos acompanhar. Bruce ficaria em Nova York e aproveitaria para investigar o nosso suposto acidente.

Chegamos em Chicago depois das dez horas da noite, devido ao fuso horário. Meu pai mandou Dwayne, o segurança da família, nos buscar no aeroporto.

— Você cresceu, senhorita Mitchell — ele disse, tão gentil como eu me lembrava.

— Dwayne, é tão bom ver você. Ainda com o mesmo charme — eu cumprimentei. Dwayne tinha apenas alguns anos a menos que meu pai, e era o chefe da segurança da minha família desde que eu consigo me lembrar. Sempre foi um homem de beleza simples e masculina e agora, com o cabelo grisalho e os mesmos olhos verdes bondosos de sempre, continuava muito charmoso.

— Como a minha cidade tem tratado você? — Ele perguntou enquanto segurava a porta de trás do Maybach aberta para mim.

— Senhor, temos um carro preparado para vocês — Doug interrompeu nossa conversa.

— Você vem comigo? — Jayden perguntou. Ai meu deus, mal havíamos pisado em Chicago e meu pai e Jayden já estavam mijando em mim como cachorros em um poste.

— Você vem comigo no carro do meu pai — eu decidi. O único jeito de não ficar presa entre esses dois era me impor, e isso eu sabia fazer muito bem. — Doug pode seguir no outro carro. — Jay não pareceu muito feliz com a minha decisão.

— Nova York tem sido ótima — eu disse quando Dwayne começou a dirigir. — Morar sem os meus pais tem sido... libertador.

— Eu imagino — ele riu. Dwayne me conhecia há tempo suficiente para saber que eu sempre quis sair da casa dos meus pais, fazer as coisas por mim mesma, ter meus próprios méritos. — É bom ter você de volta em casa, Valentina. Vou dar privacidade a vocês. — Ele fechou a divisória escura e as telas na frente dos bancos que estavamos se acenderam.

Uma delas era um gps mostrando o caminho que estávamos fazendo e a outra uma televisão. Eu desliguei as duas. Me estiquei para abrir o compartimento da divisória entre os nossos bancos e retirei uma garrafa de água gelada de dentro.

Jayden estava olhando pela janela, apreciando a paisagem da cidade. Eu puxei a mão dele para o meu colo.

— Você não está chateado comigo, certo?

— Claro que não. — Ele olhou para mim. — Eu nunca fico chateado com você.

— Por que você me ama, eu sei. — Beijei os nós dos dedos dele.

Dwayne pegou uma estrada para sair de Chicago e eu percebi que meus pais haviam mudado de casa mais cedo esse ano. Eles sempre faziam a mesma coisa, todo ano. Passavam o outono e o inverno em Chicago, em uma cobertura perto da sede das Industrias Mitchell. Na primavera e no verão eles se mudavam para a propriedade em Highland Park. E agora, no fim do inverno, eles já tinham feito a mudança. O que era estranho. Talvez meu pai estivesse mais doente do que minha mãe tinha me contado.