5 - Gerard

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- Você está se sentindo bem? – Frank curvou-se sobre a mesa onde eu estava sentado ao lado de Ray, assustando-me ligeiramente. Certo, não por completo, eu estava de olho nele há muito tempo, desde que eu o havia deixado ir para a pista de dança com Bert e Quinn, mas sua rapidez em apoiar as mãos sobre a borda da mesa e se projetar em minha direção foi o suficiente para que eu quase derrubasse o suco de laranja que eu preguiçosamente sorvia.

- Sim, você sabe que eu não tenho idade pra fazer essas coisas que você faz com o quadril... – meu tom de voz era engraçado, ao que eu ainda notava que Frank mexia o quadril sutilmente, ao som da música que ecoava por aquele ponto da praia. "Ah, mas você tem idade sim, semana passada, quando você...", Frank ia começar a falar e, antes que eu o interrompesse, as risadas agudas de Ray fizeram meu marido se calar de imediato.

Meu marido.

Eu sequer precisava descrever o quanto eu estava feliz e fazia questão de olhar para Frank a cada segundo, apenas para mentalizar a expressão "meu marido" sucessivas vezes, ainda meio desacreditado. Não tão desacreditado assim, sabe como é... Aquela aliança, o sorriso radiante dele... Era bastante real. E ele estava ali, bem diante de mim, após dançar mais de dez músicas seguidas com seus amigos, enquanto eu tentava fingir que eu já não estava com sono e exausto.

Não necessariamente com sono, mas era o tipo de efeito colateral dos remédios que eu andava tomando. Eu me esgotava com facilidade, me sentia pronto para desmaiar em uma cama. No momento, eu só queria ficar sentado, assistir ao meu marido dançar e curtir aquela noite como nunca... Mas por mais que eu estivesse bem, eu estava naturalmente abatido e fraco, algo que eu não poderia controlar. E também não era drástico, não estava me tornando um esqueleto ambulante, mas... Sabe como Frank é. Ele realmente se preocupa muito e se vê naquele estado, debruçado sobre a mesa e quase me devorando com seus olhos questionadores cor de caramelo e tão brilhantes.

- Odeio quando os remédios deixam você assim. – Frank realmente ronronou, preocupado, contornando a mesa, finalmente. Empurrei a minha cadeira delicadamente para trás, sabendo que ele iria fazer questão de se ajeitar sobre mim, ainda que houvesse uma cadeira vaga ao meu lado. – Daisy estava procurando você, deu atenção pra sua sobrinha hoje? – a pergunta veio mais próxima, enquanto Frank arrancava a gravata quase solta de seu pescoço, deixando-a sobre a mesa, em meio às taças de champanhe que Ray havia tomado e o meu fiel suco de laranja.

- Desde que a primeira palavra dela foi "Gerd", Mikey está fazendo questão de me manter bem longe dela. É triste. – resmunguei, enquanto Ray gargalhava ao meu lado, talvez um pouquinho afetado pela bebida, conforme recebia Frank sobre mim. Meu menino se ajeitou, sentando-se de lado para mim e voltado em direção à Ray, conforme se unia a ele naquelas gargalhadas brandas. – Não riam, isso é tudo culpa desse pestinha aqui... Ele ficava repetindo meu nome pra ela, até que Daisy falasse. – cutuquei Frank com minhas mãos em sua cintura, fazendo-o revirar-se em um pouco de cócegas, até envolve-lo com meus braços e puxá-lo mais para perto. "Eu precisei, sabia que ia deixar Mikey enfurecido", Frank deu de ombros e foi minha vez de rir, lembrando-me de todo o sermão que meu irmão havia dado em mim e nele, o que havia durado horas. – Tudo bem, Alicia ainda compactua comigo e passou aqui com ela ainda agora, enquanto você e meu querido irmão estavam dançando Justin Bieber.

- Acho que o seu irmão está um pouquinho bêbado. – Frank fez aquele breve gesto com a mão, conforme falava "pouquinho", me fazendo sorrir pela forma adorável com que se portava quando era pego fazendo algo constrangedor. Indicou Mikey com a cabeça e eu não deixei de guiar meu olhar até meu pobre irmão, que efetuava uma coreografia bem elaborada, ao lado de Bert, ao som de um pop chiclete qualquer.

Old Hope || Frerard versionWhere stories live. Discover now