O homem parou diante do corredor, incerto.
A falta de controle de seus últimos atos era grotesca e Donald se sentia cada vez mais desafiando seus limites. Ou estaria simplesmente prestando-se a um papel que jamais acreditaria interpretar? Perguntou-se somente ali, com as mãos nos bolsos da calça, prestes a adentrar a ala "VIP" da emergência, descrente de que seus passos o levaram até aquela área. Ou pior: seu coração.
Controlou-se a vida toda, do princípio ao fim. Postou-se como achou que deveria, com o mundo o veria, tão preocupado... Tão "moldado", quer qualquer ato impulsivo era aterrador e digno de deixa-lo a um passo de cometer seus atos impensados. Sentia vontade de correr de volta para o estacionamento e acelerar seu carro para o mais longe possível daquele hospital. Mas estava solitário e, principalmente, com uma boa porcentagem de culpa guardada dentro de si e que não sabia suprir. Era uma mistura sólida o suficiente para arrastar Donald de volta para aquele ponto, disposto a se dar uma última chance.
Não esperavam que o fizessem, mas ele precisava daquilo para enfim aceitar o peso de seus atos. Sua mente sempre tão conturbada permanecia da mesma forma, incompreendida e talvez alucinada demais para um homem que se dizia certo a respeito de suas atitudes e princípios. Seria Gerard o causador daquilo tudo? Ele se perguntava, desde o último episódio, se suportaria o restante de seus anos de vida daquela forma. Era incontestável que Donald era detestável e um tirano em suas posições quanto ao mais velho, mas também não era difícil de perceber que o homem tinha uma forma muito errada de proteger o filho.
Preocupação era o que movia Donald naqueles últimos dias e a sua maior dificuldade era expressá-la sem que causasse um desastre atrás do outro. Não queria contornar algo de anos, problemas que havia causado (alguns que se arrependiam e outros não), só queria poder mudar um pouco o presente. Por Gerard... Pois quando viu o filho naquela cama de hospital, lembrou-se de Donna... E toda a dor voltou, perdeu-se dentro de si, ao lembrar da única pessoa que havia o amado acima de toda a derrota que era.
Com a esposa em mente, Donald viu a oportunidade bem diante dos seus olhos. Lembrar-se de momentos, do que ela havia lhe ensinado e de suas palavras sempre calmas, em momentos tão difíceis, quando Donald achou que perderia a cabeça, o guiaram para um caminho que acreditava nunca tomar. Sem mais delongas, achou que ficar se martirizando, sofrendo por dentro e encontrando desculpas contínuas, não o tirariam do meio do corredor, então caminhou mais um pouco, até encontrar o quarto de número vinte e quatro, o que haviam lhe indicado, quando perguntou onde Frank Iero estava internado.
O receio o tomou em súbito. Não por Gerard, sabia que o filho havia sido operado, que estava se recuperando e em repouso, mas, pela primeira vez questionou-se a respeito do estado do outro, do rapaz que tanto abominava por algo que não tinha culpa. Julgou ser curiosidade o que havia lhe levado a parar diante da porta do quarto, até esta abrir-se em um movimento que o assustou, fazendo recuar. E a curiosidade sumiu, quando Donald deparou-se com uma figura feminina. Familiar, mas não o bastante para que Donald a reconhecesse de uma vez e entendesse que era realmente destino ter parado ali.
- Pode entrar, Frank está dormindo ainda. – a mulher deveria estar em torno de seus cinquenta anos, mas não aparentava com seus olhos brilhantes, sorriso simpático, ainda que a expressão estivesse ligeiramente exausta por cuidar e velar excessivamente o filho, ainda desacordado. Ela o encarou, ainda sem assimilar as coisas, a cabeça a mil e preocupada com o filho, antes de sequer conhecer o homem diante de si. Nem sequer tocou-se de que havia permitido que um estranho pudesse ter acesso ao quarto de seu filho, quando o homem pareceu registrar primeiro o que estava ocorrendo ali.
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Old Hope || Frerard version
Fanfiction"- Eu e você... Pra sempre, sabe disso, não sabe? - fiz questão de proferir aquilo, no meio do caminho, em meio àquelas pessoas, à música, pouco me importando se eu parecia um louco chorão que se aproximava do cara mais bonito do planeta. Por um seg...