E foi assim que Donald arremessou seu punho contra o meu rosto.
O impacto do ato me arremessou contra uma maca vazia que passava pelo corredor (a pobre enfermeira gritou desesperadamente em surpresa pelo ato), que bruscamente caiu no chão com o impacto de meu corpo. Fez com que eu desse de cara no chão (para completar o pacote de hematomas e cortes que eu iria adquirir naquela noite) e sentisse um delicioso (só que não) gosto de sangue se alastrar por minha boca. E eu tinha quase certeza de que meu velho pai avançou sobre ele para mata-lo, no segundo em que eu caí no chão, gemendo de dor, mal sentindo meus lábios, dificultosamente respirando e tentando abrir os olhos, imerso a uma dor que parecia se projetar não só por minha face, mas como também por todo meu corpo.
A meia hora que se passou havia sido quase um branco total, se não fosse pela série de flashes que eu registrava em minha mente em modo aleatório. Lembro de ter permanecido no chão, enquanto meu pai gritava com Donald e Ashley me amparava, tentando colocar-me de pé, ao que eu permanecia estagnado dali, sem qualquer reação que não fosse sentir dores pelo meu corpo, manter meus olhos fechados e acreditar que aquilo iria acabar e que aquele dia deplorável era apenas um pesadelo qualquer.
Enquanto Ashley finalmente conseguia me colocar de pé, com ajuda de meu pai, eu notei que Donald não mais estava ali, sumindo ao fim do corredor acompanhado por dois armários denominados "seguranças", prontamente escoltado para dar o fora dali o mais depressa possível. Não tive tempo de averiguar mais nada, quando um dos enfermeiros surgiu com uma cadeira de rodas e, para facilitar a minha ida até a enfermaria, no andar inferior, fui obrigado a me sentar em tal, conforme levava a mão delicadamente para o canto de meus lábios, dali removendo um tanto de sangue que pingava sobre minha roupa.
Sequer me olhei no reflexo da parede de vidro do elevador, quando por ali me levaram até o andar debaixo, sendo encaminhado por meu pai, enquanto Ashley mantinha uma conversa preocupada e apressada com ele. Por algumas vezes, fechei meus olhos e grunhi, gemi e fiz um drama mais discreto, quando notei meus joelhos igualmente doloridos, a palma de minhas mãos avermelhadas, pelo impacto destas contra o chão, e a dor em minha cabeça triplicar, devido a colisão iminente que sofri.
Quando chegamos a uma pequena salinha, localizada nos fundos da enfermaria, me vi um pouco mais apto em me colocar de pé e sentar-me em uma das macas que Ashley me indicava, para que ela pudesse avaliar o estrago em meu rosto e nas partes que mais dolorosas de meu corpo. Segundo a jovem médica, eu não havia quebrado absolutamente nada, mas havia machucado meus lábios, a bochecha e um ponto próximo ao meu olho, onde Donald quase havia me acertado com sucesso. E, enquanto meu pai se sentava ao meu lado, verificando se estava tudo bem comigo, eu mantive meu silêncio e apenas abri minha boca para reclamar e resmungar a cada vez que sentia meus ferimentos arderem ou latejarem mais desagradavelmente, ao que a Dra. Halsey cuidava de cada um deles com o máximo de cuidado que lhe cabia.
Escutei meu pai insistentemente me pedir desculpas e falar que havia conseguido expulsar Donald dali de uma vez, sem ainda pronunciar-me a respeito. Minha mente ainda estava presa ao momento em que não vi a aproximação do pai de Gerard e recebi aquele golpe sem aviso, impactante demais para alguém tão mais velho do que eu. Eu não conseguia pensar em revidar ou sair correndo dali para colocar aquilo em panos limpos, eu só me enchia de indignação, respirando profundamente (sentindo minhas costelas doerem também com aquele habitual ato) e deixando que uma única pergunta ecoasse em minha cabeça: o que diabos eu iria dizer para Gerard quando ele me visse naquele estado?
Foi aí que eu decidi que não iria sair daquela enfermaria tão cedo, simples assim. Claro que, em algum momento, eu deveria fazê-lo, mas não durante a hora que se seguiu, conforme eu apenas escutava Ashley e Frank conversarem ao meu lado, a médica já completamente desistente a respeito de fazer seu plantão e preocupada com o bem estar de meu pai, que aparentemente estava contando toda sua história de vida para a jovem. Enquanto isso, eu estava sentado naquela maca, encarando os azulejos claros do chão da sala igualmente branca por inteiro, pensando na merda que eu havia feito.
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Old Hope || Frerard version
Fanfic"- Eu e você... Pra sempre, sabe disso, não sabe? - fiz questão de proferir aquilo, no meio do caminho, em meio àquelas pessoas, à música, pouco me importando se eu parecia um louco chorão que se aproximava do cara mais bonito do planeta. Por um seg...