17 - Frank

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 De todas as pessoas no universo, eu era a menos indicada a apartar uma briga. Eu sequer tinha jeito para brigar, controlar os outros e me controlar, tudo ao mesmo tempo... Quanto mais conseguir segurar dois velhos homens que faziam um vexame diante da porta do consultório de uma médica completamente desesperada e sem saber o que fazer?! Quando Bert adentrou o quarto de Gerard e jogou aquela bomba, inicialmente acreditei tratar-se de mais um de seus exageros... Até descer um lance de escadas, chegar ao andar inferior, onde a maioria dos consultórios se encontrava, e escutar as vozes.

Ou melhor, os berros.

Precisei me preparar psicologicamente, ao me esgueirar pelo corredor movimentado, repleto de enfermeiras e médicos preocupados com o bem estar de todos ali diante da confusão que havia se iniciado. Mas, dentro de mim, eu sabia muito bem que não havia preparação suficiente para enfrentar Donald e seu insistente prazer em trazer problema para nossas vidas. Eu deveria ter o retirado do quarto sob escolta dos seguranças, deixado de pensar que a ideia era mirabolante demais, enquanto me parecia o certo, ao que o encontrei parado, no meio do corredor, enquanto meu pai estava estagnado diante da entrada da sala da médica, o encarando com sua pior expressão. A que me fazia ter arrepios quando via, na minha menor idade, e querer me esconder pela casa... Frank Iero estava a ponto de ter um ataque ali mesmo.

Por mais que meu pai fosse a última pessoa a enfrentar seus problemas daquela forma, evitando discussão a todo custo, sempre optando por uma conversa amena, eu havia recém descoberto que Donald era o seu ponto fraco. E não de forma boa ou que pudesse estimular Donald a ter algum tipo de esperança... Jamais, nem em um milhão de anos. Era só olhar para o patriarca dos Iero e ver que seus olhos reluziam de uma raiva que sequer imaginei que pudesse sentir.

Mas estava ali, firmada em seu olhar, ao que exclamava o nome daquele homem que tanto o feriu e quase destruiu sua vida, tentando fazê-lo parar. E antes que aquilo assumisse um caráter ainda mais sério do que já estava se tornando, eu empurrei alguns curiosos, como sempre um grupo de pessoas havia se formado perto dos dois, e me adiantei em tentar finalizar aquilo da forma mais pacífica possível.

- O que vocês estão fazendo?! Estamos em uma merda de um hospital! – e digamos que eu não sabia muito bem manter a minha firmeza, quando aquele homem estava fazendo meu pai perder o controle. Minha voz teve o efeito desejado, fazendo com que aqueles dois senhores parassem com todo o show e meu pai fosse o primeiro a se pronunciar, desencostando-se da porta do consultório, esta ligeiramente aberta e revelando uma Dra. Ashley alarmada e inquieta, parcialmente escondida pela porta branca.

- Frank, olha a boca! – de todas as coisas que meu pai poderia fazer naquele momento, ele havia escolhido me recriminar pelo palavrão e me fez revirar os olhos, voltando aos meus quinze anos de idade. Donald resmungou alguma coisa e foi a vez de meu pai me imitar, insolente e um tanto quanto jovial em meio que me fazer uma queixa. – Donald quer tirar Gerard daqui, o problema é esse e eu não vou deixar que cometa mais uma loucura... Já disse mais de uma vez que...

- Eu conheço médicos adequados, um lugar que esteja a altura dele... – e Donald iria começar toda aquela conversa que eu já havia moldado em minha cabeça, quando ele havia a iniciado ainda no quarto de Gerard. Sem chance... Ele poderia fazer o que quisesse da vida dele, mas na de Gerard... Na nossa ele não mais iria interferir. Eu havia prometido ao meu marido e iria cumprir.

- O médico riquinho e conhecidíssimo que cuidou de Donna? O médico que sequer diagnosticou o câncer do seu filho e que o medicou erroneamente? – arqueei minhas sobrancelhas, a voz soando baixa, mas meu tom provocativo e irritadiço nítido, assim que percebi como acuada a médica se encontrava, visivelmente ofendida por Donald. – A Dra. Ashley foi a única que obteve resultado e não vamos sair daqui nem em um milhão de anos. Gerard está recebendo toda a atenção e medicação necessária para que melhore. E seu tratamento praticamente acabou de começar, creio que a médica tenha o informado disso... Não é, Sr. Way? – Ashley concordou em um resmungo, entreabrindo um pouco mais a porta, mostrando-se menos acuada e mais segura, uma vez que eu havia sorrido para ela e lhe passado um simples "Relaxe, deixe esse louco comigo" com um olhar. – E seria muito mais fácil para ele ter um processo rápido de cura, se parasse de criar problemas para ele. Gerard precisa de paz, só. – respirei pausadamente, logo emendando minhas palavras, conforme me direcionava a Donald ao voltar meu corpo em sua direção. – Quantas vezes mais vou precisar repetir isso?

Old Hope || Frerard versionWhere stories live. Discover now