10 - Bob

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- Como foi a entrevista? – perguntei, assim que Frank e sua enorme mochila entraram em meu campo de visão, no estacionamento do estúdio, onde havíamos combinado de nos encontrar. O vi um pouco mais enérgico do que estava pela manhã, quando ali chegamos, o que era um claro ponto positivo para seu estado de espírito. – O que foi exatamente que disse sobre a Leathermouth? Preciso saber, caso você faça Gerard ter um ataque, sou eu quem vou passar a noite no hospital com ele, quando aquela coisa ao ar.

- Nada... Eu disse que vamos fazer alguns shows e produzir músicas, mas que provavelmente entraríamos em um processo mais lento pelo o que ocorreu. Precisei falar sobre Gerard, ele me disse que não tinha problema, mas não me aprofundei muito sobre o assunto. – Frank indicou o caminho que deveríamos seguir por aquele enorme parque repleto de carros, me fazendo avistar o de Gerard não muito longe dali. Eu ainda achava particularmente estranho ver Frank tão pequeno e desajeitado naquele veículo, quando me buscou mais cedo, em meu apartamento, ainda mais quando chegamos a tal e ele sacou as chaves deste e o abriu totalmente descuidado. Gerard teria um ataque com aquilo... Ou não, ele amava aquele garoto. – Eu tenho que manter a agenda, Zacky e eu combinamos algumas coisas... E eu agradeço muito por você, Ray e Bert ajudarem nisso tudo. Eu e Mikey ficamos ocupados demais ontem, eu... Eu sequer consegui fazer aquela apresentação naquele programa e essa entrevista, eu não consigo parar de pensar nele. – o assisti jogar a mochila no banco traseiro do carro, enquanto eu o contornava, para sentar-me ao seu lado, no banco de carona, assentindo brevemente com a cabeça. Eu fazia um pouco de ideia, afinal, a história dos dois havia nos afetado indiretamente.

Gerard estava no hospital há quase uma semana e Frank estava naquele pesadelo de entrevistas, mini-shows, apresentações e estúdios, vendo-o quando podia e quase arrancando os cabelos por isso. Finalmente a sexta-feira havia chegado, o garoto poderia passar o fim de semana ao seu lado e eu sabia que ambas as partes estavam contando nos dedos o momento para que aquilo chegasse. Eu também tinha quase certeza de que, há tempos, eles não ficavam por um longo período de tempo separados.

Mas estava fazendo bem, diga-se de passagem. Frank parecia se alimentar e cuidar de si um pouco mais, Gerard trabalhava em suas histórias, mesmo dentro do hospital, o que me levava a visita-lo naquele momento, a fim de pegar todo o material com que havia trabalhado ao longo da semana. Eu também estava naquela "missão" e passaria alguns dias com Gerard, logo após o fim de semana, o que não era problema algum para mim. Minha noiva entendia, cuidaria de nossos gatos e tudo certo, sem crise, sem drama.

Sendo assim, lá estávamos: Frank manobrando o carro para fora do estúdio de TV e eu o assistindo ter todo o cuidado do mundo com aquele carro, que possivelmente era um dos amores da vida de Gerard, além do pequeno rapaz que o dirigia. Iero estava centrado, aparentemente havia se saído bem na entrevista e, como manager daquela banda tão atípica, nunca poderia estar mais tranquilo. Seu marido havia me dito que ele pensava em terminar tudo, largar seu sonho e tudo mais, mas algo de especial havia acontecido para Frank se empenhar nas duas coisas: na música e em Gerard, sem desviar-se no meio do caminho. Era cedo demais para dizer, mas eu me sentia mais do que aliviado em ver que ele havia se tornado algo tão diferente do garoto que havia quase destruído aquele carro com sua guitarra.

- Me perguntaram como é a vida de casado... Seria ridículo se eu dissesse que eu quase chorei quando me perguntaram isso? – Frank fez um biquinho com a boca, manobrando o carro pela saída do estúdio, me fazendo gargalhar. Afinal, não era nem um pouco improvável, eu imaginava que Frank fosse ter uma síncope nervosa de choros e soluços assim que desse a sua primeira exclusiva a respeito de seu casamento, de como ele e Gerard haviam chegado até ali, e todos aqueles detalhes que a mídia queria saber, mas que nada tinha a ver com isso. – Acho que Gerard vai ficar orgulhoso, eu fui sentimental na medida certa e, claro, precisei exibir a aliança... Finalmente. Não acredito que demorei mais de um mês pra fazer isso em rede nacional. – Frank era o único apto a contar tudo, mas ainda sim manter segredo a respeito de certas coisas (como as drogas e todo o drama passado), ao contrário de Gerard que parecia morrer com a ideia de sair contando os mínimos detalhes de sua vida com ele. Mas nada que o impedisse de postar, quase diariamente, fotos de Frank em suas redes sociais ou sempre dar um jeito de exibir sua aliança. Eu já havia perdido as constas de quantos throwbacks Gerard havia feito com suas fotos do casamento. – Não que o meu marido não fosse fazer isso, mas tenho quase certeza de que Gerard travaria por completo... Mas... Mas... Eu queria que ele fizesse isso comigo, ficar lá, sentado, sozinho, falando sobre o quanto estamos felizes foi horrível. Eu não consigo ficar feliz longe dele.

Old Hope || Frerard versionWhere stories live. Discover now