- Você não vai a lugar algum. – minha mãe poderia soar extremamente calma, mas suas feições irritadas eram quase o suficiente para que eu voltasse a me deitar e esquecer o que havia escutado. Mas a voz apressada de Gerard, o desligar tão repentino do telefone e a minha intuição que aflorava em meus instintos mais impulsivos, falaram mais alto e tudo o que fiz, foi me sentar, ainda que extremamente tonto, e dar um jeito de sair dali.
- Sim, eu vou. – Teimoso, como sempre, consegui me colocar sentado, as pernas escapando da cama e pendendo para fora desta, enquanto eu fechava os olhos e respirava fundo, sentindo-me ainda preso às máquinas ao lado de minha cama. Voltei a encarar minha mãe e Bert, dessa vez ambos parados diante de mim, como uma pequena barreira tímida, que sabia muito bem que não conseguiria me impedir de prosseguir. – Gerard não vai ficar sozinho com Donald, eu não vou deixar. Sabem muito bem disso. – Bert protestou com alguns resmungos, algo como "Você é um inferno quando se trata de Gerard", que prontamente respondi, a voz soando afetada por um cansaço que não deveria existir. Afinal, eu só havia me sentado na cama. – Que bom que sabe disso. E quando se trata de Donald, eu sou pior ainda.
- Eu disse pra ele não tentar nada agora... – Minha mãe soltou e, se antes que não havia criado forças imediatas para me levantar, eu o fiz. Puxei um dos fios que estava ligado em meu peitoral, algo que media meus batimentos, irritado com aquele pijama enorme e folgado que havia colocado em mim, e me coloquei de pé, encarando a mão que ainda continha o soro injetado em mim, enquanto minha mãe tentava contrapor a situação. – Frank, quer ficar...
- Você falou com Donald?! – quase gritei, ao arrancar a agulha das costas de minha mão, deixando aquela merda cair ao chão, enquanto levava a mão sobre a outra, a fim de estancar o pouco de sangue que ali aflorava, pela intensidade com que me livrei daquela merda presa em mim. Xinguei um pouco mais, ao notar alguns respingos pelo chão, conforme caminhava lentamente em direção à porta, logo utilizando da barra do pijama que usava para enroscar minha mão e continuar minha fuga tão fácil para fora daquele quarto. – Mãe! Você realmente falou com aquele louco? – "Opa, isso sim é uma reviravolta", escutei Bert resmungar, ao que parei meu trajeto e voltei-me em direção a Linda, cravada ao chão, bem ao meu lado, sem sequer fazer menção de me segurar ou me arrastar para aquela cama.
- Não foi nada demais, eu só... Encorajei certas atitudes dele. Que fosse mais honesto e menos rancoroso consigo mesmo. – Linda deu de ombros e Bert aumentou ainda mais sua expressão chocada (meu amigo estava tentando bloquear meu caminho), enquanto eu estagnava no meio do quarto. Eu poderia dar sequência ao meu trajeto, mas minha mãe continuou, despejando um pouco mais de informação desconhecida por mim. Apagar por quase um dia inteiro realmente não havia sido bom. – Ele foi embora... Ou eu ao menos achei que foi. Mas aparentemente não desistiu de falar com Gerard.
- Você vai me contar tudo depois, com toda a calma do mundo. – levei uma das mãos para o ombro de minha mãe, ali apertando-a delicadamente, enquanto Linda parecia prestes a falar mais coisas. Mas sabia que era seu intuito me impedir de continuar, tão preocupada com a minha lentidão, ainda mais quando voltei a caminhar. – Vou atrás do meu marido e nem se esforcem em me impedir. Os dois... Fiquem quietos. – e lancei a ela e a Bert um dos meus olhares mais profundos, um tanto quanto certeiro, firme de que não iriam me fazer mudar de ideia.
- Você criou um monstro, Sra. Iero. – Bert disse em um tom altamente dramático e eu me segurei para não rir, quando minha mãe confirmou com a cabeça, ao que me direcionava para a porta, finalmente. Sem, claro, evidentemente, Bert me seguir com pressa, abrindo-a para que eu passasse. E eu sabia que McCracken iria tentar me convencer até o último minuto. E por isso me seguiu também pelo corredor.
YOU ARE READING
Old Hope || Frerard version
Fanfiction"- Eu e você... Pra sempre, sabe disso, não sabe? - fiz questão de proferir aquilo, no meio do caminho, em meio àquelas pessoas, à música, pouco me importando se eu parecia um louco chorão que se aproximava do cara mais bonito do planeta. Por um seg...