21 - Bert

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- Eles estão há muito tempo lá... Será que Mikey desmaiou ao ver o tamanho da agulha? – nunca, em toda a minha existência, eu ia perder uma piada boba como aquela, e sabia que esta havia sido muito bem efetuada, quando a esposa do alvo em questão riu, quase engasgando com o copo de coca cola que tomava. Desferi alguns tapinhas nas suas costas, não muito fortes, afinal, Alicia estava com a filha em seu colo e eu não queria causar acidente algum.

Estávamos sentados nos jardins da clínica, uma região improvisada e totalmente artificial, mas completamente diferente dos corredores e quartos monocromáticos que andavam me deixando enjoado demais. Além de Daisy, Sam, a pirralha tagarela, também estava sentada àquela mesa próxima à cafetaria que havia no local, Georgia, a dinossaura, em seus braços, enquanto a garota distraía a prima. Era muito difícil lidar com um bebê por uma hora, completamente entediado e, aparentemente, faminto... Sam estava ajudando muito a manter minha cabeça longe de qualquer enxaqueca causada por crianças barulhentas.

Não que a margarida em questão fosse escandalosa, mas eu tinha um histórico muito deplorável quando se tratava de lidar com mini seres humanos por aí. Me perguntava, quase diariamente, todas as vezes em que via Quinn e sua vontade de constituir uma família, se iria conseguir ser um terço da paciência de Mikey e da felicidade de Alicia ao lidarem com a própria filha.

Bem, eu esperava que sim.

Ou Quinn estava fodido. E muito longe da positividade da expressão anterior.

- Eu, sinceramente, não duvido que desmaie. Ele só se faz de durão... – Alicia retomou um pouco de seriedade, repousando seu copo de refrigerante sobre a mesa, e notei que Daisy imediatamente entreabriu os lábios para perguntar um "Papai?" para a mãe, que não deixou de me fazer realmente rir. Para uma criança, surpreendentemente, aquela criaturinha tinha um pouco de senso de humor e noção de que os humanos ao seu redor eram completamente babacas. – Sim, meu amor... Seu pai é um medroso... Não suporta hospitais... Quando você nasceu, florzinha, foi o caos... – observei parte daquela família interagir, sem me meter. Daisy sorria meio banguela, as mãos mexendo nos cabelos escuros da mãe, enquanto Sam finalmente se via livre de distraí-la para poder comer seus donuts, por mais que fosse começar a tagarelar.

- Tio Gerard também não gosta de hospitais, ele deve estar odiando ficar aqui... Ao menos ele tem o tio Frank, eles podem fazer companhia um ao outro... Queria poder ver o tio Mikey morrer de medo também, mas essa rosquinha é minha prioridade no momento. – Sam parecia um mini ser humano realmente desenvolvido e eu me distraía ao vê-la falar, imaginando-a, dali a alguns milhões de anos, liderando rebeliões, fazendo o mundo ficar de pernas para o ar com toda sua excentricidade e inteligência naturais. – Tio Frank vai ficar chateado se eu roubar as dele? – ela indicou o prato com donuts empilhados diante de si, que meu amigo havia largado antes de ir até o laboratório, extremamente preocupado com o marido e o cunhado, me deixando sozinho com todas as mulheres da família Way/Simmons.

Naquela manhã, mais de uma semana depois do drama Donald/Iero, a médica responsável pelo meu amigo havia achado que estávamos sem drama por muito tempo, então decidiu que Mikey e Gerard deveriam passar por aquele exame justamente no dia em que eu havia decidido passar boa parte do meu precioso tempo observando a cara branquela e apática do famoso Gerard Way. Então me restava esperar, até que pudéssemos visita-lo, me entupir de café e mandar mensagens pornográficas para Quinn, disfarçadamente, por mais que eu estivesse ao lado de uma mãe de família respeitável (até parece, eu sabia das histórias sombrias de Mikey e Alicia na cama e, acreditem, elas eram realmente sombrias) e duas crianças.

Frank até nos acompanhou, como havia dito, mas ele não seria o meu melhor amigo preocupado com tudo, se não nos tivesse largado, ao que escutou seu nome ecoar nas caixas de som do hospital, pedindo seu comparecimento ao laboratório, onde Mikey e Gerard se encontravam. Provavelmente um dos dois frouxos deveria ter desmaiado e feito o drama do século, o que fazia Frank ter desaparecido por mais de uma hora.

Old Hope || Frerard versionWhere stories live. Discover now