Old Hope || Frerard version

[10 Years From Now]

- Miles atacou um menino no intervalo... Falaram algo sobre você e o papai, pensei até em interferir... Mas essa coisinha tinha razão. – Dean começou, fazendo aquela pequena queixa do irmão, que estava completamente bagunçado, despenteado, nitidamente recém saído de uma confusão. Miles acertou a mãozinha sobre o braço do irmão, em um tapa não muito forte, o mais velho acabando por rir, enquanto se aproximavam de Frank. – Ei, eu estou defendendo você!

- Mas você disse que não ia contar! – Miles protestou, a mão livre trazendo a pequena Emma consigo, enquanto ambos entregavam as mochilas pequenas para um Frank que parecia realmente não ligar para nada. E, claro, as crianças imediatamente notaram o nuance absurdo da mudança do pai cabisbaixo que havia os deixado no colégio mais cedo, para aquele que sorria enormemente, parecia aéreo e cantarolava uma das suas próprias canções, como se recém houvesse saído de um musical. – Okay... Você está muito feliz, papai. Muito feliz mesmo. – Miles contestou, arqueando uma das sobrancelhas, fazendo Frank rir... Rir timidamente e despertar ainda mais a curiosidade dos próprios filhos.

Frank reluzia, mesmo que seu moletom verde berrante ajudasse com isso... Sabia que a combinação com a calça preta rasgada e os tênis vermelho berrante o fazia ainda mais indiscreto, mas quando Gerard e ele viram o horário e quase se atrasaram para buscar os filhos, pegou as primeiras roupas que achou sobre a poltrona do quarto e dirigiu com o marido até ali.

O combinado era simples: Gerard estava esperando mais à frente, no carro, enquanto Frank havia buscado as crianças dentro do prédio, no hall da escola, já que Dean sempre era o último a sair de seu curso de escultura em argila, ou qualquer coisa muito exótica do gênero. Daquela vez, Frank não havia precisado esperar o menino, que já aguardava com os dois irmãos, impacientemente... Até ver o pai todo sorridente correndo pelo breve corredor da escola, de encontro a eles.

Dean não precisava nem ponderar, como os irmãos já estavam fazendo. Conhecia o pai como ninguém e ele só sorria daquela forma, só parecia quase saltitar, pegando as mochilas das crianças e agarrando-as junto a si, como filhotinhos de labrador, quando o outro pai, Gerard, estava de volta. E, sem pensar duas vezes, o menino mais velho passou a caminhar, a fim de sair de uma vez do hall colorido do colégio, sendo seguindo pelo pai e os irmãos, que não calavam a boca nem por um só segundo.

- E está coradinho também... Parece que aconteceu alguma coisa importante. – Emma era esperta e Frank tentou acompanhar os passos de Dean, a segurando com uma das mãos, enquanto Miles acabava por ir junto, em uma corrente um tanto quanto engraçada de um adulto carregando mochilas coloridas e arrastando duas crianças histéricas junto a si.

- Tenho uma surpresa pra vocês quando chegarmos ao carro... Só... Tentem não gritar muito. – Frank sabia muito bem que pedir aquilo era a mesma coisa que nada, pois a reação dos filhos a respeito de Gerard era sempre a mesma. Sendo horas sem vê-lo, minutos em que Gerard se escondia em sua sala de desenho... As crianças não deixavam de fazer o seu adorável escândalo. E foi exatamente o que aconteceu.

Percorreram com uma falsa calma o trajeto para a entrada da escola, onde algumas crianças e adolescente por ali transitavam, até Dean realmente correr, passando pela grama bem aparada da instituição, quando assim viu aquela figura tão bem conhecida. O homem estava apoiado na lateral do carro de Frank, com o maior sorriso do mundo nos lábios e os olhos, mesmo que escondido pelos óculos retangulares, não conseguiam mascarar todo o brilho e felicidade ao ver as crianças praticamente voarem em sua direção.

Gerard estava mais despojado com seu casaco cinza inseparável, a calça folgada e a cara de quem havia recém pulado da cama, o que não era uma mentira. Não sabia como havia reunido forças para se arrumar tão rapidamente e correr com Frank para o colégio dos filhos, depois daquela tarde completamente exaustiva. Sentia algumas dores no corpo, tinha quase certeza de que seu pescoço estava quase roxo, mas sempre tinha desculpas para aquilo, caso os filhos notassem... Frank e ele, após anos de casamento, de sexo escondido, de marcas pelo corpo, ambos se tornaram especialistas em desculpas esfarrapadas que seus filhos compravam todo o tempo. Eles eram pais responsáveis, cuidavam para que não exagerassem demais, mas o fogo ainda estava ali, nunca havia apagado por completo.