(Dez anos no futuro)
- Ah, merda, os sanduíches! – Frank exclamou, as mãos para o ar, um tanto quanto dramaticamente, quando sentiu o cheiro forte do lanche que havia preparado. Correu de um extremo ao outro na cozinha, as janelas gigantescas do cômodo fazendo com que a luz delicada do começo da manhã mantivesse este bem iluminado, aconchegante e familiar, um dos combos que Frank Way mais apreciava nos últimos dias. – Merda, merda, merda... – Resmungou, para que não fosse ouvido, enquanto abria a sanduicheira drasticamente, suspirando aliviado por encontrar os sanduíches apenas ligeiramente amorenados e não tostados.
Frank andava com a simples política de evitar palavrões há quase dez anos e ele poderia ser muito bom em todo aquele trabalho de ter uma família, mas aquele ponto em questão era um desastre completo de sua vida. Ele simplesmente não conseguia evitar, por mais que o marido, vez ou outra, o policiasse a respeito e até mesmo brigasse com ele. Sempre que os mais bizarros xingamentos lhe vinham em mente, Iero, ou melhor, Way pensava no marido, em como ele sempre o apertava quando Frank deixava escapar um "merda" sequer. Naquele momento, ele havia soltado não só um, mas como quatro e ele sentia que seu peito era capaz de explodir tamanha falta que sentia do outro.
O pequeno homem ajeitou os sanduíches em seus devidos recipientes, azul e verde levando os maiores, enquanto o laranja abrigava o menor deles e com menos queijo, como sua dona sempre pedia. Ele nunca se esquecia dos detalhes, de como o mais velho preferia achocolatado, ao invés de suco, e Frank sempre estava ali para mimá-lo, embora o outro pai não fosse aprovar aquilo. Gerard havia implantado o "regime saudável" na família, e enquanto os outros dois seguiam tudo à risca, levando duas garrafas de suco e uma fruta, Frank e Dean viviam de chocolates e refrigerantes contrabandeados em idas e vindas a supermercados.
E por falar em Dean...
- Pai, você queimou os sanduíches de novo?! – A voz do menino assustou o mais velho, que saltou no lugar, respirando fundo e apoiando-se contra a bancada da cozinha, conforme via que o filho praticamente segurava a risada. Não importa quanto tempo passasse, ele sempre ia assustar Frank, que vivia sempre tão ocupado em passar todas as manhãs sem esquecer os lanches dos filhos, de dar comida aos cachorros, coloca-los no carro e dirigir com eles por meia hora até que chegassem ao colégio. – Já disse que pode deixar comigo, você fica meia hora procurando Sparkie pela casa e isso acaba atrasando todos nós.
- Não fale assim daquela jovem senhora, ela está um pouquinho desorientada. – Frank tentou corrigir o filho, que apenas revirou os olhos, largando a mochila sobre a mesa da cozinha e se aproximando para ajuda-lo a colocar os lanches dele e dos irmãos em suas típicas sacolas de papelão. "Aquela jovem senhora tem mais de doze anos, pai... E não enxerga mais direito, precisamos comprar uma bengala pra ela.", o filho respondeu e Frank entreabriu os lábios, em choque, bagunçando os cabelos castanhos do menino, antes de exclamar um: - Não fale desse jeito da sua irmã mais velha!
O menino não fez mais do que rir, os olhos esverdeados estreitando-se um tanto, sempre contrastando com sua pele amorenada. Dean lembrava um pouco Iero, não como se fosse seu filho legítimo, mas com características que poderiam se aproximar às dele. Se não fosse pelos olhos verdes e os cabelos ligeiramente ondulados e bagunçados, claro, mas a descendência possivelmente latina o fazia ter aquelas feições exóticas e, principalmente, as sobrancelhas... Erguidas, astutas e estranhas, um tanto quanto engraçadas e exóticas como as de Frank, novamente, outra semelhança ali.
Mas Frank não gostava disso, odiava tentar achar pontos parecidos com os filhos... Eram seus e de Gerard, ele os amava, os criava e ignorava por completo se possuíam vínculos genéticos ou não. O amor era o que mais lhe importava, o que o fazia se encher de euforia, mesmo com mais de dez anos sendo um pai diariamente, a cada simples manhã acompanhada do sorriso de seus filhos, das risadas dos abraços e até mesmo das brigas bobas e sem fundamento entre os três. Dean era o primeiro motivo pelo qual Frank e Gerard haviam iniciado aquela família, que só tinha a aumentar ao longo dos anos. Miles e Emma eram dois enormes capítulos em sua vida também, tudo solidificado e Frank nunca havia se sentido tão em paz, tão seguro desde que ele e Way haviam oficializado sua união.
YOU ARE READING
Old Hope || Frerard version
Hayran Kurgu"- Eu e você... Pra sempre, sabe disso, não sabe? - fiz questão de proferir aquilo, no meio do caminho, em meio àquelas pessoas, à música, pouco me importando se eu parecia um louco chorão que se aproximava do cara mais bonito do planeta. Por um seg...