20 - Gerard

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 Não sei exatamente em que momento Frank contrariou meu pedido e saiu da cama, mas pude senti-la vazia em alguns momentos, como também escutar alguns barulhos e resmungos pelo quarto, denunciando que meu marido estava aprontando alguma coisa. Não me movi, voltei a dormir por diversas vezes, até escutar um pigarrear mais alto... Ótimo, aquele era o primeiro nível de "Vou acordar meu querido marido" realizado por Frank e, como sempre, não funcionou.

A segunda tentativa eram cócegas nos pés, mas, como sempre, eu os encolhia, os afastava e quase chutava Frank, até que ele partisse para o ato seguinte. O terceiro nível era mais ousado, Frank normalmente se jogava na cama e enchia meu pescoço de beijos, já impaciente com minha birra, mas, no meu atual estado, tudo o que fez foi curvar-se sobre a cama e me morder a bochecha, rindo contra o local, ainda mais quando o xinguei e quase empurrei seu rosto para longe, até lembrar-me de seus ferimentos. Então Frank adentrou um quarto nível, este desconhecido, já que não tínhamos uma cama controlada mecanicamente em nosso loft.

Antes que eu pensasse em me levantar, ele apertou o controle , fazendo com que a cama se erguesse lentamente, até que eu me visse obrigado a ficar sentado. Mas isso também não queria dizer que eu deveria abrir meus olhos, claro. Eu realmente sabia como perturbar Frank quando queria.

- Acorda, gatinho... – obviamente, Frank usou seu tom manhoso, forçando-o a quase sair como gemido, me aguçando a responde-lo com um "Lá vem você com essa de 'gatinho', hum...", tão implicante quanto manter meus olhos fechados, por mais que sutilmente eu já começasse a me espreguiçar, sentindo que havia dormido por segundos, não por algumas reles horas. – Ah, é? Vai perder a surpresa que preparei pra você... – Plim. E Frank sabia exatamente como me despertar em um segundo.

- Estou acordado! Estou bem acordado! – minha voz era rouca e preguiçosa pelo sono recente, mas consegui propaga-la um tanto alto, abrindo meus olhos e encontrando o rosto de Frank bem na frente do meu. Ele estava sentado ao meu lado, piscando ligeiramente e eu não me contive em me inclinar para um beijo, fazendo Frank suspirar e beijar-me com certa avidez. E quando eu estava prestes a afastar-me e beijar-lhe todo o rosto, abri meus olhos e me deparei com aquele objeto um tanto quanto estranho ao quarto, mas não a mim. – O que...? Você trouxe uma cadeira de rodas? – perguntei, um dos olhos abertos, como em uma cena boba de comédia, enquanto os lábios ainda estava colados aos dele, fixando-me na cadeira de rodas própria do hospital, estacionada bem ao lado da cama.

- É só pra você não se esforçar muito... – ele começou, roçando os lábios nos meus e fazendo-me abrir os olhos de vez, quando me impediu de intensificar o beijo ao saltar da cama. Ainda vestia a mesma roupa de antes, mas agora calçava seus tênis e parecia perfeitamente arrumado com seus fios castanhos sutilmente bagunçados, o curativo claramente trocado e um ar... Diferente. "Por quanto tempo eu dormi? E o que você aprontou agora, Frank Iero Way?", resmunguei, obedecendo-o e lentamente me afastando da cama, até saltar, com a mesma velocidade controlada, desta. Só aí, notei que não mais estava conectado ao soro e aos aparelhos ao lado de minha cama, um pequeno curativo feito em meu braço, no local onde os fios estavam presos, me fazendo franzir o cenho. Antes que eu perguntasse qualquer coisa, Frank continuou. – Ashley esteve aqui há algumas horas, analisou sua situação e achou que poderíamos ter um momento especial, longe dessa cama... Então ela me ajudou em umas coisinhas. – o encarei com certa incredulidade e também um pouco de curiosidade, conforme me sentia aliviado em poder colocar os pés no chão, ainda que este estivesse gélido, por alguns minutos. – Nós temos um encontro especial, Sr. Way Iero. – e o observei sorrir, radiante, tomando-me por ambas as mãos, para voltar a beijar meus lábios, dessa vez em selinhos estalados, antes de guiar-me até a cadeira de rodas, contra a minha vontade. Queria caminhar um pouco mais, mas ainda sim não o contrariei.

Old Hope || Frerard versionWhere stories live. Discover now