8° capitulo

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Acordei já era de tarde.

-Richard? -chamei.
Senti uma mão alisando meu cabelo, mas já sabia que não era Richard, esse não era o toque dele.
Voltei a chorar.

-não chore Sally. -disse Carmem ao meu lado.

-isso é tão injusto, primeiro o Bob e agora Richard.

-eu sei querida, eu sei! -disse Carmem.

-cadê o corpo dele? Eu... E-eu tenho que ver. -disse chorando.

-os policiais que o acharam, levaram para los Angeles, parece que ele vai ser enterrado lá. -disse Carmem com uma voz triste.

-não, ele tem que ser enterrado aqui! -disse.

-não querida, ele nasceu lá, veio pra cá só para trabalhar, é o certo.

-por que isso dói tanto Carmem? Por que isso tem que acontecer comigo?

-as coisas acontecem, não podemos nos culpar por nada.

...

Carmem me deu um calmante e voltei a dormir.
Era só o que eu queria, dormir e nunca mais acordar.

Eu estou parecendo uma bebê chorona, nunca fui assim.
Quando minha família morreu, eu chorei bastante, mas sozinha, me afastei de todos.
Me tornei fria, e disse a mim mesma que não ia mais precisar de ninguém.
Então foi a vez do Bob, quando ele morreu eu chorei, mas Richard estava sempre ao meu lado me fazendo companhia.
Agora?
Agora eu só tenho a Carmem e a Minzy, não que elas sejam má companhia, mas elas não é Richard.

Acordei com a bola de pêlos ao meu lado, ele estava bastante triste.

-você também sente a falta dele, não é? -falei com o gato.
Ele levantou a cabecinha branca, e veio mais pra perto de mim, como se confirmasse o que dizia. -não se preocupe, eu vou cuidar de você. -disse alisando.

-Sally, o chefe quer falar com você pelo celular. -disse Carmem entrando no quarto.
Acenei com a cabeça confirmando.

-oi chefe. -disse.

-Sally, eu sinto muito pela sua perda, tire alguns dias de folga, não importa quanto seja, mas assim que voltar, quero que venha primeiro a minha sala. -disse o chefe. É a primeira vez que ele é assim comigo, solidário.
Quando Bob morreu, ele só me deu os três meses, por conta do meu estado de saúde, apenas isso.

-obrigada senhor. -disse desligando o celular.

-está melhor? -perguntou Carmem.

-não, eu só quero dormir mais um pouco. -disse. -Carmem por favor, descubra onde o corpo de Richard vai ser velado. -pedi.
Ela balançou a cabeça em forma afirmativa e saiu.

Voltei a dormir, dessa vez agarrada com uma bola de pêlos chamada farinha.

...

Quinze dias se passaram desde a morte de Richard.
Fui ao funeral dele é chorei bastante, Minzy, Carmem e Bryan estava ao meu lado.
Depois de tudo isso, voltei para casa.
Dessa vez sozinha, pedi para ficar só por um tempo.

No mesmo dia fui até o bar e comecei a tomar uísque.
Ygor e Wesley me advertiram a beber menos, dei de ombros e voltei a beber.

Agora essa era a minha vida, beber e chorar o quanto eu pudesse.

...

Acordei Deitada no chão, era meio dia.
Olhei para o lado e vi um litro de uísque e uma carteira de cigarros vazios.
Levantei coloquei ração e água para farinha e sai.
Tinha que tomar um pouco de ar puro.

Fui até um bosque e fiquei lá, esperando.
Esperando pelo que?
Richard não iria voltar, nunca mais.
Comecei a chorar novamente.

-moça, você está bem? -perguntou uma senhora.

-sim, estou. -menti.

-eu não te conheço, mas escute, uma garota linda como você não deveria chorar.

-desculpe mas, a senhora não sabe da minha vida, nem meus motivos para esta chorando. -falei rispidamente.

-desculpe, eu só quis ajudar. -falou ela se desculpando.

-da próxima vez que quiser ajudar alguém, escolha bem suas palavras. -disse saindo.
Fui em direção a minha moto.

Pelas horas seguidas fiquei rodando pela cidade, sem nenhum lugar fixo para ir.
Meu celular toca várias vezes, mas apenas ignoro.

Vou até um bar desconhecido, estaciono minha moto e desço.

Estou vestido uma calça de couro, e uma camiseta de botões branca com a jaqueta por cima, troquei as botas por um coturno feminino.

Entrei no bar e todos olharam para mim.
Sentei ao balcão e pedi uma dose de uísque.
Um cara de aparência cansada e velho me deu um copo com uísque e ficou me olhando.

-algum problema? -perguntei entregando o dinheiro para ele.

-só estou me perguntando o que uma garota faz em meu bar, e bebendo algo tão forte. -ele disse unindo as sobrancelhas.

-que dizer que mulheres não podem beber, nem ir a bares? -perguntei alterando a voz.

-desculpe. -falou ele.

Finalmente sozinha com meu uísque, fui até uma mesa afastada e me sentei lá.
Talvez fosse uma péssima ideia ter vindo para cá, não conheço o local nem ninguém.
Mas só quero ficar só, sem ninguém me controlando.

-ola. -disse um cara puxando a cadeira para sentar. -posso? -perguntou sentando.

-já sentou. -disse sem nem ao menos olhar pra ele.

-o que uma linda mulher como você faz aqui? -perguntou.

Olhei para ele pela primeira vez.
Ele está vestindo uma camiseta preta justa, definindo seus músculos.
Seu cabelo é loiro e os olhos são castanhos.

-não estou em um bom momento, então você pode ir cantar outra garota. -disse dispensando.

-não estou te cantando, estou apenas curioso. -ele disse abrindo o sorriso.

-olha cara, não te conheço e nem quero, vim até aqui para ficar só, mas já vi que foi uma péssima ideia. -disse me levantando e saindo do bar.

Fui até a minha moto peguei o capacete, montei, dei partida e sai dali.
Fui direto pra casa.
Eram umas 19:00 da noite, muito cedo, mas em casa tinha uma garrafa de uísque me esperando.

No caminho senti algo estranho.
Era como se alguém estivesse me seguindo.
Olhei pelo retrovisor da moto e vi dois faróis atras da minha moto.
Acelerei mais a fim de despistar quem quer que fosse.

Consegui despistar e fui para casa.
Assim que cheguei tranquei todas as portas e janelas, e deixei minha arma pronta para ser usada a qualquer momento.

Comecei a beber meu uísque.
Me lembrei que só comi um cachorro quente hoje, mas é dai? Não sinto fome, só solidão.

...

Amanheceu e fui até a porta da saída.
Estava com uma sensação estranha, como se alguém estivesse me vigiado a noite toda.
Olhei atenta pela frente da minha casa, e a olho nu não vi nada.
Sai andando feito uma louca, a procura do que quer que fosse.

Eu sei, estava paranóica, mais minha intuição dizia que alguma coisa aconteceu, e mais estava pra acontecer.
Fui até a janela que dava pra sala e achei.
Tinha uma cápsula de bala no meio dos arbustos, não era da minha arma e nem da de Richard.
Não atiramos perto de casa.
Peguei a cápsula e cheirei.
Ainda estava com cheiro de pólvora. O que significa que está cápsula não está aqui a muito tempo.
Olhei ao redor e vi...sangue.
Uma mancha pequena de sangue, mas, o que aconteceu aqui?

Voltei correndo para dentro da casa, peguei meu celular e liguei para Minzy, perguntei se podia ir dormir na casa dela, não queria dormir sozinha aqui, estou com uma sensação estranha.

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