Acordei já era de tarde.
-Richard? -chamei.
Senti uma mão alisando meu cabelo, mas já sabia que não era Richard, esse não era o toque dele.
Voltei a chorar.-não chore Sally. -disse Carmem ao meu lado.
-isso é tão injusto, primeiro o Bob e agora Richard.
-eu sei querida, eu sei! -disse Carmem.
-cadê o corpo dele? Eu... E-eu tenho que ver. -disse chorando.
-os policiais que o acharam, levaram para los Angeles, parece que ele vai ser enterrado lá. -disse Carmem com uma voz triste.
-não, ele tem que ser enterrado aqui! -disse.
-não querida, ele nasceu lá, veio pra cá só para trabalhar, é o certo.
-por que isso dói tanto Carmem? Por que isso tem que acontecer comigo?
-as coisas acontecem, não podemos nos culpar por nada.
...
Carmem me deu um calmante e voltei a dormir.
Era só o que eu queria, dormir e nunca mais acordar.Eu estou parecendo uma bebê chorona, nunca fui assim.
Quando minha família morreu, eu chorei bastante, mas sozinha, me afastei de todos.
Me tornei fria, e disse a mim mesma que não ia mais precisar de ninguém.
Então foi a vez do Bob, quando ele morreu eu chorei, mas Richard estava sempre ao meu lado me fazendo companhia.
Agora?
Agora eu só tenho a Carmem e a Minzy, não que elas sejam má companhia, mas elas não é Richard.Acordei com a bola de pêlos ao meu lado, ele estava bastante triste.
-você também sente a falta dele, não é? -falei com o gato.
Ele levantou a cabecinha branca, e veio mais pra perto de mim, como se confirmasse o que dizia. -não se preocupe, eu vou cuidar de você. -disse alisando.-Sally, o chefe quer falar com você pelo celular. -disse Carmem entrando no quarto.
Acenei com a cabeça confirmando.-oi chefe. -disse.
-Sally, eu sinto muito pela sua perda, tire alguns dias de folga, não importa quanto seja, mas assim que voltar, quero que venha primeiro a minha sala. -disse o chefe. É a primeira vez que ele é assim comigo, solidário.
Quando Bob morreu, ele só me deu os três meses, por conta do meu estado de saúde, apenas isso.-obrigada senhor. -disse desligando o celular.
-está melhor? -perguntou Carmem.
-não, eu só quero dormir mais um pouco. -disse. -Carmem por favor, descubra onde o corpo de Richard vai ser velado. -pedi.
Ela balançou a cabeça em forma afirmativa e saiu.Voltei a dormir, dessa vez agarrada com uma bola de pêlos chamada farinha.
...
Quinze dias se passaram desde a morte de Richard.
Fui ao funeral dele é chorei bastante, Minzy, Carmem e Bryan estava ao meu lado.
Depois de tudo isso, voltei para casa.
Dessa vez sozinha, pedi para ficar só por um tempo.No mesmo dia fui até o bar e comecei a tomar uísque.
Ygor e Wesley me advertiram a beber menos, dei de ombros e voltei a beber.Agora essa era a minha vida, beber e chorar o quanto eu pudesse.
...
Acordei Deitada no chão, era meio dia.
Olhei para o lado e vi um litro de uísque e uma carteira de cigarros vazios.
Levantei coloquei ração e água para farinha e sai.
Tinha que tomar um pouco de ar puro.Fui até um bosque e fiquei lá, esperando.
Esperando pelo que?
Richard não iria voltar, nunca mais.
Comecei a chorar novamente.-moça, você está bem? -perguntou uma senhora.
-sim, estou. -menti.
-eu não te conheço, mas escute, uma garota linda como você não deveria chorar.
-desculpe mas, a senhora não sabe da minha vida, nem meus motivos para esta chorando. -falei rispidamente.
-desculpe, eu só quis ajudar. -falou ela se desculpando.
-da próxima vez que quiser ajudar alguém, escolha bem suas palavras. -disse saindo.
Fui em direção a minha moto.Pelas horas seguidas fiquei rodando pela cidade, sem nenhum lugar fixo para ir.
Meu celular toca várias vezes, mas apenas ignoro.Vou até um bar desconhecido, estaciono minha moto e desço.
Estou vestido uma calça de couro, e uma camiseta de botões branca com a jaqueta por cima, troquei as botas por um coturno feminino.
Entrei no bar e todos olharam para mim.
Sentei ao balcão e pedi uma dose de uísque.
Um cara de aparência cansada e velho me deu um copo com uísque e ficou me olhando.-algum problema? -perguntei entregando o dinheiro para ele.
-só estou me perguntando o que uma garota faz em meu bar, e bebendo algo tão forte. -ele disse unindo as sobrancelhas.
-que dizer que mulheres não podem beber, nem ir a bares? -perguntei alterando a voz.
-desculpe. -falou ele.
Finalmente sozinha com meu uísque, fui até uma mesa afastada e me sentei lá.
Talvez fosse uma péssima ideia ter vindo para cá, não conheço o local nem ninguém.
Mas só quero ficar só, sem ninguém me controlando.-ola. -disse um cara puxando a cadeira para sentar. -posso? -perguntou sentando.
-já sentou. -disse sem nem ao menos olhar pra ele.
-o que uma linda mulher como você faz aqui? -perguntou.
Olhei para ele pela primeira vez.
Ele está vestindo uma camiseta preta justa, definindo seus músculos.
Seu cabelo é loiro e os olhos são castanhos.-não estou em um bom momento, então você pode ir cantar outra garota. -disse dispensando.
-não estou te cantando, estou apenas curioso. -ele disse abrindo o sorriso.
-olha cara, não te conheço e nem quero, vim até aqui para ficar só, mas já vi que foi uma péssima ideia. -disse me levantando e saindo do bar.
Fui até a minha moto peguei o capacete, montei, dei partida e sai dali.
Fui direto pra casa.
Eram umas 19:00 da noite, muito cedo, mas em casa tinha uma garrafa de uísque me esperando.No caminho senti algo estranho.
Era como se alguém estivesse me seguindo.
Olhei pelo retrovisor da moto e vi dois faróis atras da minha moto.
Acelerei mais a fim de despistar quem quer que fosse.Consegui despistar e fui para casa.
Assim que cheguei tranquei todas as portas e janelas, e deixei minha arma pronta para ser usada a qualquer momento.Comecei a beber meu uísque.
Me lembrei que só comi um cachorro quente hoje, mas é dai? Não sinto fome, só solidão....
Amanheceu e fui até a porta da saída.
Estava com uma sensação estranha, como se alguém estivesse me vigiado a noite toda.
Olhei atenta pela frente da minha casa, e a olho nu não vi nada.
Sai andando feito uma louca, a procura do que quer que fosse.Eu sei, estava paranóica, mais minha intuição dizia que alguma coisa aconteceu, e mais estava pra acontecer.
Fui até a janela que dava pra sala e achei.
Tinha uma cápsula de bala no meio dos arbustos, não era da minha arma e nem da de Richard.
Não atiramos perto de casa.
Peguei a cápsula e cheirei.
Ainda estava com cheiro de pólvora. O que significa que está cápsula não está aqui a muito tempo.
Olhei ao redor e vi...sangue.
Uma mancha pequena de sangue, mas, o que aconteceu aqui?Voltei correndo para dentro da casa, peguei meu celular e liguei para Minzy, perguntei se podia ir dormir na casa dela, não queria dormir sozinha aqui, estou com uma sensação estranha.
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Paixões e Amores
RomantizmTrês meses após a morte do seu amigo e parceiro, Sally volta ao departamento. Mas tem que enfrentar a justiça e a fúria da família Harrison. A agonia e o medo de está só! Paixões e Amores, o segundo livro da história amor perigoso.