DAVID's POV
Deito-me na minha cama e fecho os olhos. Não precisamos de dormir, ficar uma noite a dormir ou um mês acordado vai dar ao mesmo, mas mesmo assim eu adoro fazê-lo, são estas pequenas coisas que ajudam o pequeno pedaço de mim que ainda é humano a não desaparecer. Além de ser o único momento em que descanso realmente, todos os pensamentos, todas as lembranças boas e dolorosas, tudo desaparece por umas horas ... e o melhor de tudo, tenho um pouco de descanso desta sede constante.
Oiço alguém a subir as escadas e imploro para que não seja ninguém que me venha chatear, mas como se a pessoa ouvisse os meus pensamentos, coisa que é impossível pois sou o único com o dom de ler a mente de vampiros, por aqui, muda a rota vindo em direção do meu quarto. Num segundo desligo a luz, dispo a minha roupa e entro dentro da minha cama, tento controlar a minha respiração e acalmar o meu coração, para fingir que estou a dormir.
A porta do meu quarto abre-se e sinto um cheiro característico, ele voltou de viagem. A única pessoa que saberia que estou a fingir entra no quarto, acende a luz e deixa a sua famosa gargalhada escapar dos seus lábios. Reviro os olhos e sento-me, para quê fingir?
- Tens mais de dois século e duas décadas e mesmo assim continuas com os mesmos truques de quando eras um mero humano. - Goza com a sua voz extremamente grossa e profunda.
Suspiro de aborrecimento e volto a deitar-me de barriga para cima com os braços por de trás da cabeça.
- Voltaste mais cedo. - Ele tinha partido para resolver uns conflitos com um clã de vampiros em França, eles têm começado a levantar suspeitas em Paris e ele foi lá tratar do assunto.
O Patrick não é só o patriarca desta família, ele é um dos mais antigos vampiros que existem no mundo, perdendo apenas para os nossos fundadores, que têm uns trezentos anos a mais que ele, mas por ser tão antigo, ele por vezes é chamado pelo clã original para combater possíveis ameaças ao mundo dos vampiros, um mundo de falsa liberdade onde podes ser livre, mas apenas com limites. Ridículo, eu mato quem quiser, quando quiser, sem dar justificações a ninguém.
- O problema foi fácil de resolver, acontecia no território do Pierre, não era o seu clã, mas sim um grupo de novatos que ajudei a encontrar e deixei-os a encargo dele.
O Patrick tira o seu grande casaco de cabedal e olha-me com os seus olhos azuis cansados, acho que ele é o único vampiro velho que eu conheço.
- Estás a com vontade de rir de algo, deixa-me adivinhar... é sobre as histórias de vampiros serem os seres mais sensuais que alguma vez existiram e tu olhas para mim e vez um homem de cinquenta anos com uma aparência assustadora apenas.
- Às vezes suspeito que também tens a minha habilidade.
- Sabes que ter habilidade de sentir as emoções dos outros, misturado com o facto de ter-te conhecido desde sempre faz com que eu saiba o que pensas. - Rio-me, ele é dos poucos nesta casa que realmente me conhece.
- Vá Trick, ambos sabemos que não vieste aqui por teres saudades minhas, dá lá a bronca.
Ele dá um sorriso de lado e cruza os braços "Eu não me chamo Chris" oiço-o pensar, sei que ele sabe que o estou a ouvir e sorrio, sem dúvida, ele não é.
- Quem sou eu para te dar uma bronca miúdo, já olhaste bem para mim? Posso ser o vosso líder, mas sem a minha consciência falante, não passava de um mero vampiro a assustar e matar humanos. - Ele refere-se ao Christian como consciência falante, é totalmente verdade, embora antes eles já bebessem sangue de animais, continuavam a alimentar-se de humanos quando a verdadeira sede atacava, claro que depois apagavam a memória e curavam as pessoas, mas quando o Christian se juntou a nós, ajudou para que nunca mais tocassem em sangue humano diretamente da veia.
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Sons of darkness
VampireSavannah Wilkinson é uma rapariga normal, tem o seu pequeno emprego, é amada pela família, tem desilusões amorosas e uma melhor amiga que adora, tudo o que uma pessoa comum tem... até que um dia, tudo mudou. Numa viagem de compras para Blackpool, el...