Capítulo 23

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DAVID's POV

Percorro a floresta, mas nem o ar gélido a bater no meu rosto chega para me acalmar, aquelas imagens não saem da minha cabeça, são como um filme de horror em câmara lenta e eu sou o espectador impotente. Sinto a raiva pulsar nas minhas veias e desisto de correr.

- Isto é ridículo. - Paro e sento-me numa rocha.

Como é que eu deixei isto acontecer? Eu sempre soube que ele gostava dela e ele é um homem bem parecido, não o vou negar, como é que nunca pensei que ela poderia apaixonar-se por ele? Ou se calhar apenas não queria pensar nessa possibilidade, melhor, eu não queria pensar nela e aqui estou eu, ridiculamente perturbado porque ela beijou o meu primo.

Céus ela beijou o meu primo!

- Ahhhhh! - Rujo e volto a correr outra vez, eu não estou a conseguir controlar a minha raiva, eu preciso de descarregar em algo, em alguém, ou vou rebentar.

Dou um murro numa pedra, tentando desesperadamente tirar esta dor do meu peito, estou irritado por isto ter acontecido, irritado por eles estarem felizes e pior de tudo, irritado por ter deixado isto chegar a este ponto.

Vou caminhando por entre a floresta sem rumo, a única coisa que quero é afastar-me de todos neste momento, não tenho paciência para questões sobre o meu estado.

Dou por mim, estou na ponte que liga Sunhide a Blackpool, oiço um barulho ao longe de um carro e a única coisa que consigo pensar é "porque não?". O que me impede de matar esta pessoa, arrastá-la para Blackpool e fazê-los acreditar que não quebrei o pacto? Não seria a primeira vez, não tenho nada a provar a ninguém, não tenho mais a vontade irritante de ser alguém melhor por outra pessoa. Sou apenas eu, puro David Hartel, sem influência de ninguém, sem remorsos ou compaixão.

Assim que os faróis atingem a estrada eu caminho para o centro, olhando diretamente para o carro. Depois tudo acontece como sempre, a pessoa tenta travar, mas nunca chegam a tempo. O meu corpo é atirado com força contra o chão, fazendo-me queixar de dor, não importa se sou ou não vampiro, a dor ameniza não passa.

- Oh meu Deus! – Oiço uma voz masculina. – Porquê que eu ainda te deixo conduzir?

- Não venhas por a culpa em cima de mim, este homem estava no meio da estrada em plena noite, não foi meu o descuido. – Uma pausa é feita por ambos, nos seus pensamentos passam imagens do meu corpo estendido, ouch a minha perna não está em bom estado. – Ele está morto?

- Não exatamente. – Respondo e começo a endireitar os meus ossos, os corações dos dois aceleram drásticamente o que me faz sorrir.

- O-o... o que está a acontecer? – A voz da mulher treme ligeiramente, o seu corpo está acelerado. Céus, sinto as minhas presas descerem só de imaginar a adrenalina no seu sangue.

- Bem, por onde começar? Eu sou um vampiro.

- Isso é impossível. – O rapaz sussurra e eu reviro os olhos.

- Como é que casaste com este imbecil? Continuando, eu sou um vampiro, que estava a apaixonar-se por aquela típica rapariga que nos faz querer ser melhores pessoas. Até que o meu coração foi esmagado por vê-la a beijar o meu primo. Sabem o que acontece quando um vampiro está de coração partido?

Eles abanam os dois freneticamente com a cabeça de forma negativa e eu sorrio de lado.

- Alguém morre.

Corro até à mulher e finco os meus dentes no seu pescoço, como calculei o seu sangue sabe maravilhosamente bem, que saudades eu já tinha de beber sangue quente.

Sons of darknessOnde histórias criam vida. Descubra agora