Capítulo 34

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SAVANNAH's POV

O som dos pássaros a cantar consegue trazer paz à minha alma, estou sentada na parte mais alta da floresta e a partir da rocha que está a servir-me de banco, consigo ver toda Sunhide City, incluindo o Red River.

Quem diria que esta pequena e sossegada cidade esconde tantos segredos.

Não sei onde arranjei tantas forças, mas acordei com vontade de caminhar, deixei um bilhete a avisar o Thomas e com uma força desconhecida, consegui escalar um pouco da montanha. Choveu durante a noite, o som incomodou-me um pouco, algo que normalmente não acontece, mas pareceu estar mais alto que o costume. Já agora, pela manhã, o ar está apenas húmido, algumas gotas da chuva anterior ainda estão sobre as folhas verdes das plantas, o delicioso cheiro a terra molhada misturado ao cheiro de alguma flor que não consigo distinguir fazem o meu corpo relaxar. O silêncio da natureza é o melhor tratamento para o stresse, por momentos consigo fingir que está tudo bem e que não tenho nenhuma preocupação.

Esta semana tem sido um inferno, estamos todos em estado alerta depois da espécie de aviso do Jean, tenho treinado que nem uma maluca, o meu corpo está completamente de rastos. Embora, já consiga deitar o David algumas vezes ao chão, quero acreditar que ele não o faz de prepósito para eu ficar contente, porque é realmente importante para mim conseguir derrotar um vampiro, com todas as armas possíveis. Também, voltei a andar com a minha pulseira de verbena, ela incomoda-me cada dia mais, e a pele do meu pulso começa a ficar vermelha, como que a ganhar uma reação alérgica à planta, mas é para um bem maior, tal como eles dizem, o facto de que nenhum deles consiga entrar na minha cabeça, não quer dizer que o Klaus, um dos pioneiros dos vampiros, não o consiga. Junto com a pulseira, ando sempre com uma estaca de madeira embebida em verbena comigo, se algum vampiro tentar atacar-me sei como o matar.

O vento embate no meu cabelo deliciosamente, agradeço por ter trazido o casaco quente, torna tudo muito mais confortável. Mas, poucos minutos depois de eu conseguir encontrar a minha paz um arrepio tão conhecido por mim percorre toda a minha espinha e o meu corpo liga o alerta vermelho. Como quem não quer a coisa coloco a mão dentro do meu casaco e seguro bem a estaca, levanto-me da pedra como se quisesse observar melhor a vista, mas assim que a sensação de vampiro por perto fica maior viro-me instantaneamente a tempo de colocar a estaca no pescoço de quem me espia.

- Vejo que realmente sou bom professor.

- David. – Suspiro aliviada e guardo a estaca de novo no bolso de dentro do meu casaco. – És doido! Olha se eu tivesse espetado a estaca no teu pescoço.

- Bem, não era algo mortal e acredita que em mais de um século de vida já experienciei dores, bem mais dolorosas, que uma estaca dentro da carne. – Ele dá o seu sorriso encantador de lado e eu reviro os olhos.

- O que estás aqui a fazer?

- Vim à floresta caçar algum animal e senti o teu cheiro, então decidi vir chatear-te.

- Um animal? Desde quando é que caças animais? – Ele suspira e passa a mão pela cara, as suas olheiras estão profundas e fui aprendendo ao longo do tempo que isso significa fome.

- Desde que me fartei de beber sangue frio.

- Sim e? Sempre que sentiste falta nada te impediu de sugares o pescoço de algum humano, ou impediu? – Não consigo esconder a acusação na minha voz, mas ele em vez de ficar ofendido, dá um sorriso divertido.

- Tens razão, mas hoje decidi ser um bom menino, para variar.

Sorrio com o seu comentário e volto a olhar para a frente. É engraçado como estes momentos com o David são tão raros, mas ao mesmo tempo tão bons ... ele irrita-me, magoa-me e faz de tudo e mais alguma coisa para que eu o odeie, mas estes momentos ... estes momentos compensam tudo de mau que ele tem e faz com que a vontade de o ter perto de mim continue.

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