Capítulo 16

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DAVID's POV

- Eu já disse que não lhe dei o meu sangue, por uma vez na vossa vida podem acreditar em mim? - Rosno irritado.

Assim que cheguei a casa nem me deram tempo para respirar, encheram-me de imensas perguntas sobre o que é que eu fiz à Savannah, se eu me sentia atraído pelo seu sangue e depois o pior de tudo, antes de voltarem às perguntas, foi o sermão que tive que levar de Christian, isso porque a criança que mora cá em casa não sabe manter a boca calada e começou já "O David matou um inocente apenas porque sim." É ridículo, eu posso fazer o que eu quiser, quando não estou em Sunhide. Até poderia tentar explicar que o homem não era assim tão inocente, mas não vale a pena, que fiquem com essa imagem minha, tanto se me faz como se me fez.

Olho para o Thomas que assiste tudo sentado no sofá a olhar para o vazio, concentro-me para ouvir os seus sentimentos, mas não consigo ver nada claro, ele está a divagar, entre mim e a Savannah, ele está arrependido do que disse, bem, tarde demais. Eu sei que ele sente aquilo, apenas pela primeira vez o deixou sair em palavras e por muito que me custe admitir isto, magoou-me.

Não interessa quanto eu já fui magoado, não interessa o que sou agora, se eu tive sempre uma constante na minha vida foi ele, ele e o Patrick, então saber que ele, o irmão que eu nunca tive, encara-me dessa maneira, dói, nada que eu não possa suportar é claro, nem é algo que eu um dia vá dizer em voz alta, mas dói.

- Se não nos desses razões para desconfiar de tudo o que tu fazes, nós acreditaríamos em ti.

Olho para o Patrick para pedir salvação do Christian, mas este apenas encolhe os ombros, consigo ver que ele está ansioso para se rir, embora mantenha a expressão solene de sempre.

Uhhhh eu sou o Patrick mauzão, o Christian tem razão não podes matar pessoas.

Ridículo.

- Christian poupa-me, diz-me, se fosse para eu lhe dar o meu sangue, não teria dado logo quando a vi? Em vez de a trazer para aqui?

Todos finalmente parecem concordar comigo, o que me deixa aliviado, eu só estou aqui ainda por uma razão, eu quero vê-la e eles não passam de obstáculos irritantes.

- Agora se me dão licença eu vou subir e ver como ela está. - Informo, mas antes que me consiga mover, já tenho o Thomas à minha frente barrando caminho. - Algum problema primo?

Consigo ler na sua mente algumas frações de uma conversa que tanto ele como Savannah tiveram, tento perceber o que o incomoda até que...

"Eu... eu sinto que tenho uma espécie de ligação com ele..."

Não sei se é por ela ter dito mesmo estas palavras, por elas irritarem o Thomas, ou por no fundo eu sentir o mesmo, mas só sei que elas me trouxeram uma grande sensação de bem-estar e conseguiram erradicar totalmente toda a minha raiva.

- Tens alguma oposição ao facto de eu ir visitar a rapariga que salvei e trouxe para aqui? - Ele permanece em silêncio, mas consigo ver as labaredas de fogo a sair pelo seu olhar. - Ótimo, porque talvez eu descubra o que ela tem... sabes, nós temos uma espécie de ligação. - Sussurro a última parte e continuo o meu caminho batendo-lhe no ombro quando passo.

Com um sorriso triunfante subo as escadas e vou em direção ao quarto dela. Quando lá chego bato à porta e sinto um nó no estômago ela pronuncia um "entre". É a primeira vez que nos vemos desde aquele nosso momento... dormirmos abraçados e... vai ser deveras constrangedor.

Além do mais, porque raio é que eu, David Hartel, estou no quarto dela, preocupado?

- Hey. - Tento dizer com suavidade ao entrar no quarto, as suas bochechas ganham cor mal me veem e noutra situação eu teria achado isso engraçado, mas agora, se fosse humano, não me encontraria muito diferente.

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