Prólogo III

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O PODER VINDO DO CAOS



– Entende por que Cesarem o traiu? – perguntou Yën.

– Sim. – respondeu o rei. – Como ele foi capaz de fazer tamanha crueldade?

– Liberdade, meu caro jovem! Algo difícil de se explicar. – disse Yën. – Mas não podemos julgar suas escolhas nem mesmo as das pessoas que optarem por segui-lo.

– Haverá mais pessoas assim neste mundo?

– Tudo dependerá das escolhas de cada um. Ilumar os presenteou com o poder das escolhas, cabe a vocês julgarem o que é certo ou errado. Mesmo que isso vá contra a vontade de Ilumar.

– Compreendo! Você acha que pode piorar? – perguntou

Beyën.

– Cesarem já criou um exército para seduzi-los para o seu lado negro, ou destruí-los, caso o contrariem. É preciso que haja coragem entre os seres e que vençam as tentações que ele provocará em vocês.

– Um exército? – perguntou Beyën.

– Sim, por isso estou aqui! Conheço Cesarem e sei que ele terá toda a paciência para tentar confundir a cabeça de vocês. Não conheço os seus planos de vingança, mas tenho a certeza de que não será nada afável. Preparem-se para lutar, conheçam o inimigo, usem o dom da palavra. E, caso não seja possível, recorram à força.

– Farei o que pediu, meu amigo!

– É importante que todos os seres tomem uma certa precaução com os animais falantes.

– Mas por que carecemos de ter esta precaução?

– Os animais de Aldiroön não obtiveram a graça na qual fomos saciados. Todos os animais falantes que você encontrar neste mundo podem ser seguidores de Cesarem. – explicou o corvo. – O que quero dizer é que muitos podem se apresentar para vocês, dizendo ser um dos seguidores de Ilumar! Mas na verdade são escoltas de Cesarem.

– Como você, por exemplo?

– Sim. Mas como me conheceu antes, sabe que venho em nome de Ilumar. – respondeu Yën.

– Mas como irei diferenciar estes tipos de criaturas? E se de fato vier de Ilumar?

– Terá que utilizar toda a sabedoria que Ilumar lhe deu. – respondeu o corvo. – Bom, primeiramente os seguidores de Cesarem são criaturas horripilantes, mas que podem se desfigurar, se passando pelos mais belos animais. É preciso pensar em uma maneira que facilite este nosso contato.

Os dois passaram a tarde inteira pensando em uma maneira que pudesse diferenciar as criaturas desse tenebroso ser. Mas o interessante é que, nesse aspecto, o elfo foi mais esperto que o próprio corvo, solucionando o tal problema.

– É bem simples. Você me disse que todos ouviram Cesarem e decaíram-se pelo seu orgulho e prepotência. Pois bem! Como eles decaíram por causa disso, acredito que não tenham mudado estes seus sentimentos!

– Com certeza! Avistei de longe cada um deles e infelizmente não mudaram em nada. – afirmou Yën, sem entender.

– Bingo! Vejo que a obediência não é o ponto forte daqueles imbecis, não é mesmo Yën? – perguntou o elfo, com meio sorriso. – Entendeu agora? Antes que eles se apresentem, terão que nos obedecer por primeiro! Assim, possamos nos persuadir de que eles são enviados por Ilumar.

O Senhor das Águias e as Pedras da PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora