Na manhã seguinte, continuaram a caminhar em direção às estradas de Draiüs. Quando por fim chegaram, Pedro sentiu um certo temor em olhar para aquelas estradas estreitas. Era o único caminho que se podia encontrar para descer as montanhas. Sua altura era incomensurável. Muitos mencionaram a sua altitude, principalmente a gravidade de se despencar delas. Poderiam morrer antes mesmo de chegar ao chão. Os vampiros ficaram desesperados. Havia neblina em todos os cantos das montanhas, qualquer passo falso que eles tomassem poderiam despencar para o abismo.
Os anões não conseguiam enxergar nitidamente, sentiram um certo temor, embora eles não demonstrassem isso para a sociedade. De fato, nada se enxergava em sua volta, somente as estradas de pedra e uma cerca de madeira que ficava sobre as suas bordas. Lentamente, cavalgaram sobre as estradas. Podia-se ouvir o canto alarmante de algumas águias que ressoavam sobre aquelas montanhas.
– Cuidado! Fiquem atentos! O inimigo pode estar por aqui. – gritou Beyën perante o forte vento que percorria os horizontes.
– Que Ilumar nos proteja! Não consigo ver nada! – disse Thomas, segurando sua espada.
Enquanto desciam, podia-se ouvir um barulho que ressoava sobre as montanhas. Uma voz pairava sobre o vento. Muitos não compreendiam o seu significado e muito menos sabiam quem estaria gritando daquela maneira. A montanha estremeceu, fazendo com que vários pedregulhos caíssem sobre eles. Novamente a voz cantarolava uma canção, que era inexplicável de se traduzir.
Beyën achava que se tratava de uma linguagem élfica antiga, mas logo percebeu que estava errado. Novas pedras foram caindo, dificultando a trajetória de seu caminhar. A sorte deles era que a maioria das pedras caíam por caminhos já percorridos.
Algumas estradas foram arrancadas pelas pedras que desabavam sobre a alta montanha. Muitos ficaram se questionando quem seria a tal criatura que estaria cantarolando sobre o topo da montanha. Ninguém conseguiu enxergar nada devido à neblina.
– Cuidado! Cuidado! Alguém quer nos matar. – gritou Agäz.
No topo da montanha, estava Cesarem, lançado seus feitiços sobre as rochas. O interessante era o modo de como ele atiçava os seus encantos. Ao pronunciar um deles, Cesarem batia fortemente o seu cajado sobre as rochas, fazendo com que elas estourassem, despencando rapidamente em direção as estradas.
Foi um verdadeiro sufoco atravessar as estradas de Draiüs. Por diversas vezes, a jaula quase tombou, deixando os vampiros completamente apavorados. Thomas acelerava o seu passo, estimulando os outros a cavalgarem rapidamente até concluírem o seu percurso.
Por fim, conseguiram escapar. Atravessaram rapidamente o desfiladeiro em plena segurança. Cesarem novamente se transfigurou em uma fumaça negra. Jamais poderia perder de vista a sociedade da prata.
Ao cavalgarem algumas léguas, depararam-se com uma vista que nada os agradava. Estavam se aproximando do pântano das quatro almas, um lugar completamente assombroso. De fato, o próprio nome já era algo apavorante. Ele foi batizado assim devido às mortes que aconteciam, sobretudo depois do desaparecimento de quatro homens que estavam cavalgando naquela região.
O céu que estava todo coberto de nuvens negras. Os anões mal podiam enxergar devido à vasta escuridão.
– Que lugarzinho mais horroroso! – disse Mirgän, cavalgando em seu cavalo.
Era um lugar totalmente sombrio com árvores que estavam praticamente mortas. As águas estavam todas estagnadas em sua volta, transmitindo um odor infernal. Alguns dos anões tamparam as suas narinas devido ao mal cheiro.
Cesarem estava acompanhando-os. Ele se escondeu por detrás das árvores do pântano. Com o seu cajado, Cesarem pronunciou um novo feitiço.
– Grincon Cevalla.
Ao invés do feitiço sair pelos olhos de Degälion, escorregou-o pelo seu tronco, até chegar ao chão. Podia-se ver a luminosidade indo em direção às grandes árvores que estavam próximas da sociedade. Suas raízes começaram a ter vida. Todos estavam pasmados quando tiveram que lutar contra aquelas árvores.
Agäz foi levantado pelos pés, ficando de cabeça para baixo. Alguns anões foram levantados pelos braços. Todos ficaram curiosos perante a cena ocorrida. Nunca puderam imaginar que havia tipos de árvores que mexiam as raízes. Logo os centauros reagiram. Eles pegaram suas espadas e começaram a lutar contra as árvores secas. Alamuc cortou algumas raízes com seu machado.
Enquanto uma raiz era cortada, misteriosamente surgiam mais três. Todas elas atacavam a sociedade. Beyën deu um forte grito que deixou a todos incomodados perante aquela cena.
– Que droga, parece até feitiçaria! Não conseguiremos cortar essas raízes com nossas espadas.
Beyën correu apressadamente até o seu cavalo, desembrulhando o pacote que tinha recebido de Pedro. Era a mais bela das espadas, estando ela coberta por uma forte luz avermelhada que sinalizava que o perigo estava próximo. Ao avistar de longe a espada das oliveiras, Cesarem saiu correndo para se esconder entre as árvores. Ao utilizá-la, Beyën conseguiu acabar com o mal que estava sobre aquelas árvores, cortando definitivamente o feitiço que estava sobre elas.
– Isto é obra de Cesarem! – gritou Beyën, segurando a espada das oliveiras.
– Como pode ter certeza? – perguntou Mirgän.
– Esta espada cortou de fato as raízes! Ela destrói tudo aquilo que vem de Cesarem.
– Devemos então tomar cuidado! – disse Tebas, segurando o seu arco. – Podemos ser surpreendidos novamente, pela tal criatura.
Ao atravessarem o pântano, Alamuc ainda estava com um certo receio de encontrar algumas outras criaturas que não fossem tão amigáveis. Por isso, ele cavalgou segurando fortemente o seu machado.
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O Senhor das Águias e as Pedras da Perdição
FantasiaPedro se considerava um simples ferreiro de Caën, morador de uma pequena cidade pacata ao norte de Velÿ. Vivia confortavelmente em sua casa e raramente se aventurava para outras regiões, principalmente em se tratando de novas aventuras. Sua ira pelo...