Cesarem retornava para as cavernas de Algün. Ele estava enfurecido.
Ao chegar na caverna, Sgraünd deu um salto em direção ao abismo. A serpente estava ferida. Ela simplesmente se escondeu entre as rochas para tentar aliviar um pouco a sua dor.
Cesarem andava de um lado para o outro. Ele não conseguia acreditar que havia sido derrotado. Seu sangue subiu à cabeça. Houve momentos em que ele gritava consigo mesmo, destilando pelos quatro cantos a sua ira imortal.
Degälion arrastou-se em direção ao seu mestre e começou a falar em uma língua diferente. Ambos começaram a conversar na linguagem moörgan. Era uma linga antiga que os elfos usavam para se comunicar entre eles.
– Meu Senhor! Como pretende ser rei? Como pretende governar toda Aldiroön se Arthur continua a governar? – perguntou Degälion.
– Como assim? Arthur é apenas um escravo! Ele somente realiza as minhas vontades!
– Mas como o senhor pode ser rei se já temos um?
– Mas eu sou o rei! – afirmou Cesarem.
– O senhor não poderá ser rei enquanto Arthur estiver no trono de Zatüron! Só há um senhor capaz de governar este mundo. Arthur está respondendo há um título que não lhe é confiado! Enquanto um viver, o outro não poderá governar!
– Maldição! – gritou Cesarem. – Como pude ser tão tolo desta maneira!
– Meu senhor! Aconteça o que acontecer, o meu mestre saberá o que fazer!
Cesarem saiu como um furacão em chamas. Ele voava sem parar, passando por diversas regiões.
Enquanto isso, o rei Arthur andava de um lado para o outro. Ele estava sozinho, olhando para a imensa escuridão que pairava sobre as terras. Era o sinal de mais uma nova tempestade de inverno. Diversos relâmpagos caíam nas terras de Zatüron. Arthur ficou assustado pelos clarões que iluminavam todo o seu castelo.
Cesarem chegou de repente, entrando pelas janelas do seu quarto. Ele andou sobre os corredores do castelo, descendo lentamente algumas escadas que davam acesso ao salão principal.
Arthur levou um susto quando viu Cesarem encostado sobre uma das colunas do castelo. Ele não entendia o motivo daquela visita repentina. Cesarem ficava a todo momento observando as atitudes de seu rei. Ele sabia que Arthur estava amedrontado com sua presença.
– Um belo trono! Não acha? – perguntou Cesarem, olhando para o trono vazio.
– Sim, meu senhor! É um belo trono!
– Que pertence a um rei! – afirmou Cesarem. – Um rei que governará toda Aldiroön um dia!
– É isso que eu espero, milorde! – disse o rei dando uma risada ingênua. – E acredite, se isso acontecer, todos serão obrigados a se prostrarem diante de ti.
– Será mesmo? Acho que isso nunca irá acontecer!
– Como assim, milorde! Como pode perder a esperança desta maneira?
– Eu nunca perdi a esperança, seu tolo! Eu sei que iremos vencer! Acabaremos com Ilumar e exterminaremos os aguianos, como deve ser feito!
Cesarem sentou-se no trono da justiça. Ele olhava para o seu cajado como se estivesse adorando aquela imagem.
– Aconteceu alguma coisa, milorde? – perguntou Arthur.
– Aconteceu sim! Existe uma criatura que está me prejudicando.
– Quem, milorde?
– Você! – disse Cesarem continuando a encarar o seu cajado.
– Você é o estorvo que atrapalha os meus planos!
– Como assim, milorde? – disse Arthur com uma voz tremula.
– Não posso ser esta criatura! Sempre o servi e ajudei a matar os aguianos.
– De fato, você me foi bastante útil! Um servo bom e fiel! Mas apenas um deve governar. – disse Cesarem, olhando fixadamente para Arthur. – Não preciso mais de você!
Arthur respirou profundamente. Seus olhos começaram a brilhar.
– O senhor me prometeu o reinado supremo de Aldiroön! Me prometeu o trono da justiça durante toda a eternidade! Me prometeu o ouro e a riqueza dos anões. As montanhas dos elfos e as florestas dos centauros.
– Ora! Eu menti! – exclamou Cesarem, dando uma pequena risada irônica. – Uma coisa que eu sei fazer muito bem! Mentir!
– Mas como? – disse o rei expelindo algumas lágrimas de ódio. – Eu dei a minha vida pelo senhor!
– Cale a boca! – gritou Cesarem. – Eu lhe dei muitas coisas! O que mais você quer?
– O senhor me prometeu mais! Muito mais! – gritou Arthur. Sua pele começara a se avermelhar de cólera. – Como pode mentir desta maneira? Como ousa enganar o seu rei?
– Eu não tenho rei! – gritou Cesarem. – Você não é nada! Nunca foi um nada! Você é apenas um verme e nada mais do que isso!
– Milorde.... Por favor...
Cesarem rapidamente cortou a garganta de Arthur com uma adaga que estava guardada em seu roupão. O sangue escorria lentamente, sujando os carpetes que estavam próximos do trono.
Arthur começou a agonizar. Tentava cobrir seu ferimento com uma de suas mãos, impedindo que o sangue saísse pelo corte. O rei olhava para Cesarem, como se estivesse implorando pela sua misericórdia.
Cesarem agachou-se diante do rei e observou a sua morte dolorosa.
Degälion arrastou-se como vento, seguindo em direção ao seu mestre. Passou pelos pés de Cesarem e se sujou com o sangue fresco que escorria pelo chão.
– Degälion! – disse Cesarem, pausadamente. – Jantar!
Aa serpente aumentou o seu tamanho e se arrastou em direção a sua presa, devorando-a em questões de segundos. Após a sua refeição, Degälion aproximou-se de seu mestre que estava sentado sobre o trono. Ele rastejou até chegar no pescoço de Cesarem.
– Muito bem, meu precioso! – disse Cesarem, acariciando levemente a cabeça de Degälion. – Agora serei o único a governar Aldiroön.
Degälion caiu sobre o chão e se transformou em um cajado de ouro. Cesarem tomou-o para si, desaparecendo daquele lugar sombrio.
E ai Galera!
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O Senhor das Águias e as Pedras da Perdição
FantasíaPedro se considerava um simples ferreiro de Caën, morador de uma pequena cidade pacata ao norte de Velÿ. Vivia confortavelmente em sua casa e raramente se aventurava para outras regiões, principalmente em se tratando de novas aventuras. Sua ira pelo...