Prólogo II

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A QUEDA DE CESAREM


      

O grito agudo de Ilumar estremeceu os dois mundos. Os seres que habitavam nas terras de Aldiroön taparam os ouvidos ao som do lamento da grande águia. Ilumar desaparecera entre as grandes montanhas de Calauë, depois de ser desafiado por Cesarem. De repente, um enorme dragão branco apareceu, sobrevoando os céus de Calauë, vindo em direção a Cesarem. A coruja Iowä ficou impressionada com seu tamanho; era maior que todos os outros dragões que moravam no país de Ilumar. O dragão branco se aproximou de Cesarem com a intenção de pegá-lo, mas o mago tentava a todo momento lutar com a fera. Houve também momentos em que ele fugia, assim como os outros animais que tinham sido expulsos de Calauë. Yën tinha se lembrado daquele dragão, sendo que Ilumar havia mencionado que ele estava morando próximo às montanhas de Erthÿ, e que poucos se beiravam daquelas montanhas, por ser o habitar do grande Eragön. Cesarem fugia e ao mesmo tempo lutava contra o dragão, mas nada podia fazer.

Houve um momento em que o dragão o tinha preso em uma das patas, e com a outra estava preparando uma grande bola de fogo. Em questão de segundos, Cesarem já estava dentro dessa bola em chamas, como se estivesse protegido. Nenhuma força natural ou sobrenatural conseguiria tirá-lo de lá. Cesarem a todo momento tentava escapar daquela prisão em que o dragão tinha colocado, mas era inútil. Com toda a sua força, o dragão lançou-o para fora do país de Ilumar. Cesarem caía com uma certa velocidade, os habitantes de Aldiroön puderam testemunhar novos meteoros caindo ao sul. A expulsão estava acontecendo, não foi somente com Cesarem, mas com um terço dos animais que jaziam nas terras de Calauë. Todos começaram a cair na mesma direção que Cesarem, presos dentro da grande bola em chamas. O céu estava negro, o mago passava entre as nuvens e uma gigantesca chuva caía sobre o mundo de Aldiroön.

Cesarem desabou próximo às cavernas de Algün, um lugar belo que acabou sendo devastado devido a sua queda. Por esse acontecimento, a floresta começou a se chamar de ''floresta negra'', o ar ficou poluído, os animais que ali moravam haviam desaparecido. Cesarem passou por uma terrível transformação ao pôr os pés naquela terra. O mago olhava para o céu e via vários animais desabarem sobre as terras de Aldiroön. Quando esses animais tocavam o solo se transformavam em seres míseros e coléricos; de fato, o mal jazia naquele ambiente. Cesarem, fechou seu coração por completo, pensamentos perniciosos vinham a sua mente, com um grande desejo de vingança perante Ilumar.

Os animais que foram expulsos do país de Ilumar se transformaram em seres apavorantes. Muitos deles assumiram formas destorcidas de seu padrão natural.

Enquanto o mago andava sobre a floresta negra, avistou-se um graveto seco jogado, próximo ao tronco das grandes árvores acabadas. O mago pronunciou baixinho palavras estranhas cujo significado apenas ele sabia. Após proferir o encantamento, o graveto começou a crescer tomando a forma de um cajado. Ele lhe deu o nome de Degälion.

Depositou nele todos os poderes que recebera no início de sua criação. O vislumbre daquele cajado causava medo, tinha um formato de uma naja. Todo feito em ouro maciço.

Em seus olhos, duas grandes pedras vermelhas capazes de seduzir qualquer um que o desejasse. Cesarem reuniu todos os animais que tinham se rebelado contra Ilumar, e assim começou a colocar seu plano em prática.

– Este será o nosso mundo, por ora moraremos aqui, nas cavernas de Algün até o dia em que tomaremos dele todo o mundo de Aldiroön.

Dito isso, Cesarem adentrou o fundo da caverna, e ali acendeu inúmeras fornalhas cujo calor e fogo pareciam ser controlados por ele, em um ritual macabro.

O Senhor das Águias e as Pedras da PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora