Era ainda de madrugada, quando Cesarem retornou para o castelo. Ele continuava irritado com os membros da sociedade da prata. Caminhava de um lado para o outro. Sua respiração estava ofegante ao se lembrar daquele episódio. Seus olhos ficaram vermelhos como brasas e sua face transfigurada. Parecia um demônio andando pelo castelo.
– Como pude ser tão idiota! Como pude deixar que eles fugissem daquela maneira? – gritou Cesarem para si mesmo.
Degälion dizia algumas coisas para o seu mestre. Cesarem ficou mais calmo quando ouviu a voz de seu cajado.
Arthur apareceu no salão. Ele estava inconformado por ter sido o alvo dos feitiços emitidos por Miriam. Cesarem deu um pulo em sua direção e o agarrou-o pelo pescoço. Arthur não conseguia compreender o motivo daquela violência.
– Por acaso está me traindo, sua majestade? – gritou Cesarem.
– Claro que não, milorde! – exclamou Arthur. Ele estava sendo sufocado.
– Ora! Por que será que uma de minhas pedras estavam por aqui? Em pleno castelo! Bem abaixo do meu nariz! Você a escondeu de mim? – perguntou Cesarem aos berros.
– Não, milorde! Eu juro pelo meu reinado que não estou sabendo de nada. – disse ele estremecido perante a fúria de seu mestre.
– Talvez você queira experimentar o doce prazer de ser um vampiro! Lembre-se que eu posso transformá-lo em um estalar de dedos!
– Não, milorde! Eu juro, não sei de nada. Não sei como aquela pedra veio parar aqui.
– Não importa de quem é a culpa! – gritou Cesarem soltando o pescoço de Arthur. – Eu quero que todos se mobilizem para achar aqueles porcos malditos! Mande todos os seus soldados para seguirem os rastros deles! Não quero nenhum vivo, entendeu?
– Sim, senhor! Mas se eu mandar todos, ficarei sozinho aqui!
– Não me interessa! – gritou Cesarem. – Estamos em uma guerra e não estou a fim de perder. Faça o que eu mandei!
Arthur ficou indignado da maneira em que Cesarem falou com ele. Ambos procuraram Wiliam para dar as ordens precisas. Todos os soldados, inclusive ele, deveriam partir à procura da sociedade da prata. Wiliam não gostou muito daquelas instruções, mas resolveu não desacatar as ordens de seu rei.
Eles partiriam ao amanhecer, marchando rumo ao oeste. Já Cesarem resolveu partir para o norte.
O frio continuava a pairar sobre as regiões de Zatüron. Todos os anões tentavam se encolher ao máximo para se esquivar do frio. A fogueira já havia se apagado, os pequenos pedaços de pano já não davam conta de esquentar seus corpos robustos. Todos estavam exaustos, sequer acordaram para acender uma nova fogueira ou para procurar algum abrigo próximo às árvores da floresta.
Era por volta das três da manhã, quando Agäz, não aguentando mais o frio, decidiu se levantar um pouco para procurar um lugar mais aconchegante para se aquecer daquela ventania. De repente, uma voz pairou sobre o ar. Parecia que ela estava vindo do sopro das árvores.
– Os elanfös são bondosos como os elfos, mas desconfiados como os anões! – disse aquela voz roca e sonolenta.
– Quem está aí? – perguntou Agäz.
– Os elanfös são nojentos e burrões! Nem sabem com quem estão falando! Eu sou a voz que grita neste mundo. Posso lhe mostrar tudo o que quiser ver!
– Mas não o vejo! Onde você está? – perguntou ele novamente.
– Em todos os lugares e ao mesmo tempo aqui! Tenho algo a lhe mostrar. Pelo que conheço de sua história, você não é tão grandioso assim. A bebida sempre o acompanhou, deixando o seu pai totalmente desapontado. Por isso, quero levá-lo a um episódio de sua vida e lhe contar o que de fato aconteceu!
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O Senhor das Águias e as Pedras da Perdição
FantasyPedro se considerava um simples ferreiro de Caën, morador de uma pequena cidade pacata ao norte de Velÿ. Vivia confortavelmente em sua casa e raramente se aventurava para outras regiões, principalmente em se tratando de novas aventuras. Sua ira pelo...