Ao cavalgarem rumo às montanhas, tiveram que passar em uma pequena floresta desconhecida. Nesta floresta, havia algumas casas de madeira em cima de gigantescas árvores que cercavam aquele lugar. Parecia que estavam abandonadas, não se ouvia ninguém, apenas o cantar dos pássaros.
Mas algo surgiu na mata, correndo em direção ao rei. Estava totalmente abatido, com suas vestes rasgadas e com sua respiração ofegante. Parecia que ele estava fugindo de alguém.
– Meu senhor! Ainda bem que o encontrei. – disse o jovem
elfo.
– Quem é você? – perguntou Turän, descendo de seu cavalo.
– Sou Radnör Morguÿ e moro nestas redondezas!
– E o que você quer com meu pai? – perguntou Turän novamente, impedindo que o jovem aproximasse do rei.
– Turän, deixe-o passar! – disse Beyën seriamente. – O que aconteceu aqui?
– Todos os que estavam aqui, inclusive meus familiares, foram levados pela guarda real! O rei Arthur está julgando também os elfos por serem aguianos. Muitos foram mortos, majestade.
– Mas como? Eu sou o rei destas regiões! Arthur não tem nenhum poder sobre estas terras.
– Dissemos isso a eles, mas não nos escutaram! Gritavam a todo o momento que Arthur será agora o novo rei destas redondezas!
– Arthur está conseguindo dominar todo mundo! – disse
Agäz.
– Impossível! Sujeito miserável. – resmungou Alamuc, eufórico.
– A desgraça veio sobre estas terras! Diversos zoörgs aliados com alguns dos soldados de Arthur, vieram para nos massacrar! – disse Radnör.
– Eu disse que os humanos são fracos! – exclamou Turän, olhando diretamente para Pedro.
– E como você fugiu? – perguntou Pedro.
– Consegui escapar com a ajuda dos Trasgos! Eles são péssimos como guardas.
– Criaturas imbecis! Não são capazes de vigiar nem seu próprio umbigo! – disse Agäz.
– São lerdos mesmo! Por isso consegui retornar!
– Está seguro agora, meu jovem! Estamos partindo para Tiüan em busca das pedras da perdição. Gostaria de ir conosco? – perguntou Beyën
– Claro que sim! Tenho a esperança de encontrar-me com Arthur e salvar a minha família.
– Então, suba aqui em meu cavalo. Não podemos perder mais tempo. – disse Beyën.
Enquanto cavalgavam, ouvia-se a conversa que Beyën tinha com aquele elfo desconhecido. Eles falavam das mortes que aconteceram no norte e das guerras que estavam surgindo em toda Aldiroön.
Radnör era um jovem simples, de cabelos loiros e com vestes de segunda mão. Aparentava ser um lutador. Ele sabia muito bem como utilizar o seu arco e sua flecha.
Ao anoitecer, decidiram descansar um pouco. Eles acenderam uma fogueira para se esquivar do frio. Beyën arrumou algumas roupas para Radnör, já que as dele estavam em más condições para o uso. Todos eles comiam um pedaço de carne assada e pães ázimos.
– O mundo de Aldiroön não está mais seguro. – disse Radnör, comendo alguns pães ázimos. – Várias guerras estão acontecendo! O leste quase foi todo atacado. Sem contarmos a região central, que já
é dominada por Arthur.
– Precisamos lutar! – disse Turän.
– Com certeza! – exclamou Radnör. – Os centauros e os hipogrifos estão lutando para que o exército de Cesarem não tome conta totalmente daquelas regiões. Mas eu ouvi dizer que alguns dos humanos estão ajudando estes centauros.
– Humanos? Que humanos? – perguntou Pedro, devorando um pedaço de carne.
– Parece que são alguns dos soldados que se negaram a servir o seu rei. Eles simplesmente montaram sua própria cavalgaria!
– Então estamos falando de um exército! – exclamou Petrus, ascendendo o seu cachimbo.
– Parece que sim! Um grande exército por sinal. – respondeu Radnör. – Muitos dos humanos não concordaram da maneira rude de Arthur governar. Muitos deles foram decapitados, apenas por questionarem a maneira injusta de como rei estava liderando. Por isso, muitos deles abandonaram seu posicionamento e criaram a sua cavalaria!
– Os cavaleiros da justiça. – sussurrou Agäz.
– Sim! Eles mesmo! – disse Radnör. – Já os conhecia?
– Ouvi alguns rumores em Aquatinta! Mas não imaginava que era comandada por homens, principalmente por antigos soldados de Arthur!
– Parece que esses cavaleiros colocaram o mesmo nome do trono em que Arthur se senta. – sussurrou Treno.
– Sim! – disse Radnör. – Eles acreditam que o trono jamais se corromperá com as maldades de seu rei. Por isso, honraram com esse nome.
– E de quantos guerreiros estamos falando? – perguntou Pedro, olhando fixadamente para o elfo.
– Ouvi dizer que eram uns dez mil homens, mas não sei se isso é verdade.
– Pelo menos há homens de bravura e de lealdade! – exclamou Pedro olhando para Turän.
– Tudo indica que sim! Mas é preciso que todas as criaturas de Aldiroön lutem bravamente! Ou então, o mal dominará todas essas terras! – disse Beyën, seriamente.
– Os zoörgs estão a cada dia se multiplicando nas lamas e nos ardumes dos pântanos! – disse Radnör. – Senão apressarmos logo, temo que nem mesmo os cavaleiros da justiça conseguirão aguentar o exército de Cesarem.
Enquanto todos estavam conversando próximo à fogueira, Eleönora como sempre estava à disposição de seus prisioneiros, levando a eles alguns de seus suplementos. Jack estava totalmente agradecido pelo gesto da jovem, nunca imaginaria que seria tratado tão bem pelos elfos.
Tony ficava enfurecido quando ela se aproximava. Jack olhava para ela de uma forma diferente. Ele ficava animado quando Eleönora se aproximava de sua jaula.
– Vejam o que trouxe para vocês! Um pedaço de carne assada com alguns pães. Experimentem!
Tony sentiu náuseas ao olhar para aquele prato. Parecia que ele iria vomitar quando olhou diretamente para aqueles pães. Mas com Jack foi diferente. Ele não conseguia sentir mais o sabor das carnes, mas mesmo assim, ele decidiu degustar o belo prato que a jovem preparou com tanto prestígio.
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O Senhor das Águias e as Pedras da Perdição
FantasíaPedro se considerava um simples ferreiro de Caën, morador de uma pequena cidade pacata ao norte de Velÿ. Vivia confortavelmente em sua casa e raramente se aventurava para outras regiões, principalmente em se tratando de novas aventuras. Sua ira pelo...