Todos se levantaram quando o sol ressurgiu por detrás das colinas. Muitos deles estavam animados para continuar a caminhada, inclusive os anões que não viam a hora de estarem em suas terras. Alamuc estava preocupado com Carvalho, nenhum corvo havia trazido notícias.
Agäz continuava sonolento. Ele não conseguiu dormir depois daquela noite agitada. Miriam logo procurou Beyën e a todos que estavam próximos a ele. Era preciso contar o que havia acontecido na noite anterior. Todos ficaram apavorados, inclusive os centauros que não compreendiam o motivo desta perseguição repentina.
– E o que a Senhora acha, diante de tudo isso? – perguntou Thomas.
– Acredito que todos nós seremos testados, até que um desista e volte para casa.
– Quer dizer que seremos torturados também? – perguntou Eleönora.
– Praticamente sim! Claro que não podemos comparar com os que carregam a pedra. Mas todos nós iremos experimentar um pouco deste sofrimento. – afirmou Miriam.
– Precisamos ser fortes! – reforçou Beyën. – A propósito, conseguiu decifrar a charada?
– Sim! Consegui decifrá-la ontem à noite. – respondeu Alamuc, levantando-se de seu assento.
Ao pegar aquele pequeno pedaço de papel, o anão começou a pronunciar as palavras misteriosas descritas por Ilumar.
Se me agride com muita força, posso até estourar.
Corto o seu dedo e faço você sangrar!
Mostro o seu rosto e o seu caminhar!
Estando espatifado, dificilmente conseguirei devolver o seu olhar!
– Estranho! – disse Miriam.
– Como assim estranho? É isso que está escrito aqui. – resmungou Alamuc.
– Pode até ser que esteja escrito. Mas mesmo assim é muito estranho. – respondeu Miriam. – Essa charada já foi pronunciada um dia pelo seu pai! O grande Thor!
– Sim! Me lembro bem! – disse Beyën. – Senão me engano, elas nos levarão para as cavernas de Espëlhim.
– Espëlhim? – perguntou Agäz.
– Sim! São as altas cavernas dos anões. Toda feita de pedras brancas, que por sinal, são belíssimas. Mas quando é belo demais, devemos sempre nos desconfiar! Há um grande perigo naquelas cavernas. – disse Beyën.
– Que tipo de perigo, meu pai? – perguntou Eleönora.
– Aquelas pedras são como espelhos! Refletimos quando passamos em frente delas. Podemos nos perder facilmente senão tivermos atenção necessária.
– Ela é quase um labirinto! Toda cercada de espelhos. Já estive naquele lugar com o meu pai, e posso dizer que é algo de assustador. Muito escuro e frio, parece que a morte mora naquele lugar! – disse Alamuc.
– Mas, para entrarmos, precisaremos da chave! – exclamou Miriam.
– Elennÿ nökity. – disse Beyën.
– Sim! A grande estrela da noite! – exclamou Alamuc. – Ela está em meus domínios. Meu pai antes mesmo de morrer, disse-me que foi um custo resgatá-las. Me fez prometer em seu leito de morte, que eu deveria proteger aquela chave.
– E como foi! – afirmou Beyën. – Temo que alguém pegue aquela chave. Você precisa avisar Carvalho para que a proteja. Não podemos arriscar.
– Mas por que tanto alvoroço assim? – perguntou Agäz, coçando a sua cabeça.
– Se perdemos aquela chave, não conseguiremos entrar naquelas montanhas! Saiba senhor elanfö que por detrás daquelas montanhas, esconde-se um feitiço de proteção! Por isso que ela é trancada. Somente o rei daquela região é que tem o total direito de possuir aquela chave. – disse Beyën, ofegante.
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O Senhor das Águias e as Pedras da Perdição
FantasíaPedro se considerava um simples ferreiro de Caën, morador de uma pequena cidade pacata ao norte de Velÿ. Vivia confortavelmente em sua casa e raramente se aventurava para outras regiões, principalmente em se tratando de novas aventuras. Sua ira pelo...