Doze

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— Que saco!

— Olha aqui Alexssandra Cardevon! —minha mãe me pega pelo queixo, irritada. — Você vai e pronto! Pare de agir como uma criança, já tem quase 19 anos!

— Não é questão de agir como criança mamãe, eu só não quero ir,qual o problema?

Ela respirou fundo antes de sentar na cadeira da penteadeira.

— Isso é importante para o seu pai.

— Vai estar cheio de gente. —bufo sentando na ponta da cama.

Levantando as sobrancelhas ela diz — Eu sei que está se acostumando com a faculdade e do modo como se sente livre, mas essa é a sua vida, amanhã você estará de volta no primeiro avião que sair.

— Eu prefiro ir de trem. —cruzo os braços.

— Você pode ir de nave espacial Alexssandra! —ela levanta da cadeira já cheia de tudo aquilo. — Só quero você pronta, agora.

Bufando saio batendo o pé, aquilo sim era agir como uma criança e eu sabia, mas não queria colocar o pé naquela festa. Já tinha perdido a conta de quantas fui em toda minha vida, e acredite, a vida na faculdade era perfeita, eu poderia sair pelada pelo campus, ninguém ligaria.

Alguns gostam de fama, gostam de ter à todo momento algum paparazzi tirando fotos suas, mas eu gostava do lado calmo, a calmaria do campus e o canto dos pássaros. Aquela era a vida perfeita. E por mais que eu não estivesse lá à muito tempo era como uma segunda casa.

O vestido me apertava, o salto estrangulava os meus pés e o cabelo castanho que eu havia decidido pintar dias antes, me parecia ridículo.

Papai cumprimentava todos por onde passava, já eu ficava mais atrás com a mamãe, procurando um lugar para me esconder. Eram perguntas de todos os lados e parecia que estavam caindo cada vez mais em cima de mim.

Mas sempre agradeci por ter tido uma infância normal, as coisas só passaram a piorar depois que completei 18 anos e decidi que ao começar a faculdade trabalharia para pelo menos conseguir pagar um pouco das despesas, quando segundo alguns meu pai teria "dinheiro para pagar a faculdade sem precisar nem levantar um dedo" e aquilo não era verdade, meu pai trabalhava duro naquela empresa. Bem, acabei trabalhando em uma firma pequena perto do campus, e não foi horrível como disseram que seria.

O lugar estava cheio como sempre e todos bastante animados.

Havia esquecido de citar algo que eu odiava tanto quanto os fotógrafos e jornalistas: a cara do Sebastian Harris. Era de dar vontade de vomitar. O salão parecia se derreter inteiro enquanto ele entrava, dessa vez, por algum milagre, sem uma mulher em baixo do braço. Estava ai um pessoa que a minha educação não se aplicava. Eu poderia sorrir para todos naquela festa, mas para ele eu faria uma cara de " Humm... Você aqui? Ihh..Que pecado cometi para ter que presenciar isso?" Nunca fui com a cara dele e não seria agora que iria levantar da minha linda cadeira para cumprimentá-lo.

Fazendo cara de bom moço ele passava cumprimentado todos da mesa: mamãe, papai, os pais dele, alguns amigos dos nossos pais e... Eu só o olhei de lado com uma cara de "não chega perto" e ele riu irônico achando muita graça pelo visto.

Passando direto por mim ele sentou meio que na minha frente, ao lado dos pais que sorriam para ele como se ele carregasse uma bela auréola na cabeça. Para mim, estava mais para chifres.

Eu estava sentada de lado olhando para as pessoas que dançavam na pista , muitos eram um pouco mais velhos mas outros pareciam ter a minha idade.

Papai sentou ao meu lado puxando assunto —Como está a faculdade?

A Conveniência do CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora