Dezesseis (Segunda Parte)

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Finalmente estava tendo alguma paz. As lembranças não eram da melhores, mas haviam algumas que eu havia adorando lembrar e reviver. Havia escutado que quando se está perto da morte revivemos toda nossa vida, as partes ruins e boas, era isso? Porque eu não estava pronta.

Era como estar presa em uma imensidão escura, já não haviam sonhos ou lembranças, apenas um vácuo. Mas era familiar. Eu não estava assustada por estar ali, sozinha, mas porque dessa vez não era apenas eu. Eu aceitaria a morte como da ultima vez, aceitaria que ali seria o fim se outro ser não dependesse de mim, se outro indefeso,doce e inocente ser não dependesse da minha força e persistência.

Mas era difícil me manter atenta, quando eu podia jurar que iria abrir meus olhos acabava caindo em um sono pesado. Queria sair daquele looping que se formava dentro de mim, a eterna exaustão e falta de forças que me derrubava como se eu não fosse nada.

Não sentia muita coisa, parecia estar dopada e já não tinha forças nem para pensar direito, era difícil. Estava na mesma à muito tempo, adormece, volta à consciência e adormece novamente.

Algo ou alguém toca minha mão mas estou com os olhos fechados e cansada demais para responder ou para reconhecer.

Bem, poderia ter certeza que estava em um lugar calmo e silencioso, mesmo assim, toda aquela situação me parecia confusa.

***

Eu nem podia acreditar, estar conversando e estar perto daquele homem, sempre me deu calafrios, ele não era bem o tipo de homem que eu curtia, aliás, como um idiota, babaca e ignorante iria me atrair? Ainda me pergunto como a Alexis aguenta, porque eu já estava com ele há uns cinco minutos no corredor e só de olhar naquela cara dele me dava vontade de xingá-lo e perguntar qual é a dele. Mas eu ainda trabalhava para ele de qualquer jeito, não poderia me atrever.

— O que estamos fazendo aqui? —olha nervoso para os lados.

Respiro fundo.

— Okay... Se depender do Richard ,que é lento que nem uma lesma, irá demorar um ano para pegar os resultados dos exames e eu não sei você, mas eu não aguento esperar, preciso ver como ela está.

— Isso é proibido.

— Não estou pedindo para vir. —olhava de um lado para o outro e sussurrava como se fosse alguma criminosa. — Pode ficar de vigia.

— Não. Eu vou entrar. —coça a barba e me olha como se ele tivesse mais direito que eu.

— Olha aqui Sebastian... —sorrio com uma ponta de raiva. — Você fica aqui. A Alexis é minha amiga e não me importo se vocês estão casados ou sei lá o que, eu vou na frente. Você fica olhando e depois revezamos.

Ele abre a boca para falar, mas não fala.

O corredor estava vazio, mas de vez em quando passava alguns funcionários e não poderíamos arriscar. O lugar era grande demais e eu me perguntava se daria realmente para entrar sem que alguém aparecesse, haviam as câmeras e...

— Você vai ou não? —ele fala bravo.

O olho de lado levantando as sobrancelhas, era só o que me faltava.

Com certeza ele estava desesperado por dentro, mas por fora estava apenas frio. Era um enigma que eu nunca conseguiria entender, mas talvez a Alexis entendesse.

Parei na porta por um tempo, me perguntando se realmente queria ver o que estava por trás dela e eu estava certa em me questionar isso. Empurrei a porta devagar checando se haviam alguém no quarto, e ao não ver ninguém entrei de uma vez fechando a porta atrás de mim e me deparando com uma cena que me doeu o coração.

A Conveniência do CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora