Seis (Segunda Parte)

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Eu estava puta.

Era isso, eu estava totalmente puta com ele.

Queria socar a sua cara bonita.

O maldito parecia não ter um ponto fraco.

Ele não iria desistir do que queria.

E eu era petulante o bastante para irritá-lo.

Mas mesmo assim, aquele sorriso sacana não sumia da sua cara.

Nunca houve atração e eu irei repetir isso milhões de vezes para conseguir me convencer de que nunca irá haver. Não vai acontecer.

Estávamos fracos. Havia sido um ano de muitos problemas e para ser sincera, de muita merda. Não houve calmaria e no fim, estávamos cansados, vulneráveis e loucos para jogar nossos problemas um no outro (como sempre). Enquanto eu sabia que eu não era sua pessoa preferida naquela empresa, ele sabia que eu não media palavras para falar mal do seu profissionalismo e falar daquele modo com ele, na cara dura, foi o abismo, para nós dois. Eu não o temia, me preservava em comentários meio grossos e indiretas que tenho certeza que ele nunca deu a mínima. Mas quando abri a minha boca para falar mal dele, não me lembrei que estávamos à sós, geralmente jogava as minhas "bombas" quando estávamos em meio de alguma reunião, dizendo "Nossa, como você está atrasado. MAIS UMA VEZ." Ele apenas sorria sem gosto para mim e ia em direção ao seu lugar.

Havia ódio.

Sabíamos bem quem era o beneficiado na história toda.

E isso sempre me deixou puta da vida.

Ele fazia questão de se exibir. Com o melhor carro. Melhor lugar na empresa. E um dinheiro incontável em sua conta.

Eu não tinha inveja. Até porque dinheiro nunca foi um problema para mim.

Mas porque aquela posição devia ser ocupada por alguém que soubesse pelo menos chegar na hora certa para um reunião. Eu estudei administração, foram cinco anos da minha vida estudando algo que sempre amei. Sei que isso só não basta para seguir em frente com uma empresa tão grande, eu seria apenas mais uma no grupo de administração. Mas a empresa também é do meu pai, que é um gênio, mas que nunca se deu ao trabalho de me ensinar mais alguma coisa. Não estou sendo mimada, mas acharia justo que eu pelo menos tivesse algum poder na empresa! Não é pedir muito.

Mas eu percebi isso à tempo de ver que meu pai sempre confiou muito no Sr. Harris, e sucessivamente no Sebastian... Não entendo porquê. Então decidi sair da minha área de conforto, não ia ficar parada esperando um milagre e comecei à trabalhar bastante, chegava à sair da empresa por volta das dez da noite, lendo e relendo sobre as finanças da empresa. E pelo visto, rendeu uma posição que eu vinha desejando à um tempo, já que havia percebido que Sebastian sempre estaria acima de mim e eu não queria passar horas com ele numa sala tendo que discutir sobre negócios quando ele tem a maior cabeça dura. Mas olha que irônia...Agora eu durmo ao seu lado.

Volto para o mundo e vejo que já estamos chegando.

Eu havia fechado a minha cara à um bom tempo e quando ele parou o carro eu fui rápida em sair. Lancei um olhar rápido e ele me olhava contrariado, entregou a chave ao manobrista e havia começado à andar logo atrás de mim.

Eu só mudei a minha feição quando vi os meus amigos.

Assim como as feições deles mudaram quando viram Sebastian. Na verdade eles não sabiam para onde olhar, para o Sebastian ou para minha barriga.

— Então é sério isso?! —Ivonne levanta da cadeira e cochicha para mim.

Eu suspiro arregalando os olhos e ela ri.

A Conveniência do CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora