Trinta

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Eu havia me agarrado à ele. Meu rosto apertado contra seu peito e minhas mãos tremulas em suas costas. Diferente de mim, ele estava calmo daqui de fora, mas eu conseguia ouvir seu coração batendo rápido e forte demais, de qualquer forma fazia questão de me acalmar quando nem parecia estar tão calmo assim. Acariciou meus cabelos por um tempo e depois distribuiu beijos por minha testa. Eu não queria falar. Queria ficar ali, talvez para sempre? Sentindo seu amor.

— Eu amo você. —disse calmo, devagar,como se quisesse aproveitar mais aquele momento.

Estava pronta para falar o mesmo, mas acabei soluçando no caminho e me derretendo em lágrimas que nem eu mesma conseguia explicar, seria medo ou felicidade?

Me apertou em seus braços. Sabia o que eu sentia, sabia que eu o amava. E chegava a ser demais para mim aguentar tudo aquilo sem derramar uma lágrima, não podia voltar atrás, mas não podia falhar. Não conseguia me fazer de forte quando deveria ser uma das coisas que eu mais havia feito nos últimos meses, eu não era aquilo tudo. Eu tinha medo estampado em meus olhos.

— Está tudo bem... —acariciou minhas costas devagar antes de levantar meu queixo com o indicador.

Mas não o olhei.

Estava envergonhada de estar com tanto medo a ponto de não conseguir falar. Não poderia demonstrar, ele me mataria, ficaria bravo e diria repetidas vezes que iria ficar tudo bem mesmo não sabendo, pois era a sua vontade... Mas não era bem assim que funcionava.

— Alexssandra... Olhe para mim. —pede colocando alguns fios do meus cabelo atrás da orelha. — Por favor... —pede doce, me fazendo sorrir. — Bem, é bom vê-la sorrir.

Balanço a cabeça sumindo com o sorriso.                                                           

— Vamos... Não estou pedindo muito, olhe para mim. —mal sabia ele, mas estava.

— Não posso. —sussurro encostando novamente meu rosto em seu peito. — Me nego à olhar para você, sei que quer tentar me convencer que tudo vai ficar bem e eu não posso nesse momento brigar com você.

— Convencer você? —ele ri baixando a cabeça e fechando os olhos e nesse momento sou capaz de olhá-lo. — Como poderia convencê-la de algo que nem eu mesmo consigo me convencer? —segura meu rosto no lugar, impedindo que eu baixe meu rosto mais uma vez. — Eu também estou com medo amor. Mas eu prometi que seria forte por nós dois, então aqui estou, querendo um simples olhar seu para que eu possa seguir com a minha promessa. Quero olhar para você e ter certeza que está aqui, comigo.

Sorrio mesmo sem muito ânimo. — Estou com você.

— Então estamos bem. —apertou os olhos ao olhar-me, analisando talvez o meu estado, talvez doesse me ver daquele jeito, mas eu não conseguia colocar um simples sorriso no rosto e dizer que estava bem. — Pedi para que viessem ver você... Seus pais... Os meus...

— Não...! —franze o cenho sem entender a minha reação. — Eu... —passei a mão por meu rosto, enxugando as lágrimas e tentando mudar algo que seria impossível: a feição de medo.

— Escute Alexssandra... Não precisa. —balança a cabeça sorrindo para mim, tentando me confortar. — Aguentou tanto até aqui, está tudo bem se quiser chorar, ficar com raiva, ficar triste ou feliz... Você tem esse direito e eu que pouco fiz... —coloca a mão sobre a Elena. — Preciso ser quem estará aqui por você,para sempre.

— Pouco? —rio. — Não seja modesto. —deixo minha cabeça cair para o lado antes de sorrir para ele. — Se há alguém que fez pouco fui eu, olhe o quanto eu tentei correr de você e o quanto você se esforçou para conseguir uma família... Você conseguiu.

A Conveniência do CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora