Vinte e Dois

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— Onde estava? —logo escuto, ao fechar a porta atrás de mim.

Sebastian estava em pé e bem arrumado para quem tinha acabado de levantar, tinha alguns papéis em suas mãos e parecia até um pouco desesperado.

— Eu fui... —aponto para a porta de qualquer modo. — Falar com o Richard...

Ele levanta as sobrancelhas. — Não poderia ter avisado? Estava pronto para ir atrás de você.

— Você estava dormindo e eu não quis acordar. —falo indo em direção à pequena cozinha do quarto e ele logo vem atrás.

— O que foi fazer no quarto dele?

Eu finjo que realmente escutado a pergunta.

Mesmo que conseguisse sentir sua respiração nas minhas costas, continuei a andar e voltei à sala, agora pegando os papéis das suas mãos sem me importar muito com seus olhos arregalados para mim.

— Vai me responder?

— Não seja tão ciumento... —peço olhando em seus olhos. — Não estava me sentindo muito bem, então fui lá... Mas pela hora ele deve estar dormindo, então apenas voltei. —observo os papéis agora em minhas mãos. — Um convite? —minha vez de arregalar os olhos. — Sabem que estamos aqui? —minha cabeça já havia começado à trabalhar ao redor de uma teoria psicótica.

— Onde fica sua educação? —ele pega de volta os papéis bravo com a minha reação. — Sim, sabem que estamos aqui porque hoje seria o dia que deveríamos estar chegando. É um... Convite para um almoço, mas sei que não vou comer em paz sem ter que discutir sobre a empresa. —o olho mais calma. — De qualquer forma, preciso ir.

— Não me olhe assim.

— Como?

Eu conseguia ver nos seus olhos os momentos se repetindo assim como as palavras, como em um CD arranhado, ele queria falar sobre ontem, mas não tinha certeza, muito menos eu.

Balanço a cabeça. — Não importa. Estarei pronta em alguns minutos.

— Você não vai.

— Oi?

— Não quero que vá.

O olho de lado antes de apertar meus olhos.

— Sabe que isso me faz querer ir.

— Sei. —ele sorri, como se fosse bom. — É um lugar cheio de homens, falando sobre dinheiro, mulheres, ações e mais dinheiro. Além do mais você precisa descansar, se foi atrás do Richard é porque... —ele espera que eu complete.

— Já me sinto melhor.

— É mentira. —havia aprendido a me observar muito bem, o meu costume de bater os dedos nas coxas era algo que eu fazia quando mentia e que me entregava totalmente.

— Eu não me importo com o assunto. Passei um bom tempo indo em reuniões com esses tipos de homens quando você não aparecia... —ele desvia o olhar. — Mais uma coisa que deveria o alertar à me deixar ir, eu estava na maioria daquelas reuniões, você mal sabe as expectativas deles... —era estranho. —Você mal os conhece... —estranho demais. —Então porque estão o chamando para um almoço?

Ele olha para os lados.

Podia facilmente fugir daquela conversa como sempre fazia quando eu o interrogava, mas ele não o fez.

— Precisávamos sair do país e fechar o acordo às pressas foi o único jeito de termos uma justificativa parar estarmos longe de tudo e virmos ao Brasil.

A Conveniência do CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora