Dezessete (Segunda Parte)

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— Mãe! Mãe! —tento acalmá-la. — Eu estou bem! Por favor, fica calma. — arregalava os olhos assustada com o modo rápido que ela fazia perguntas, perguntava se o colchão estava bom e se o travesseiro estava fofo, se a coberta estava realmente me esquentando e se aqueles aparelhos estavam certos por estarem fazendo barulhos contínuos.

Havia algo em volta da minha barriga, então acho que isso justificava os bips. Era bom saber e finalmente ficar tranquila.

— Você precisa dormir. —pela décima vez, ela ajeita o cobertor.

— Eu quero ver o papai e prometo, vou dormir.

Ela olha para os lados.

— Mãe, qual o problema? Faz horas que estamos aqui e eu sei que ele está lá fora, porque não entra?

— Querida eu... —ela olha para Amanda que mexe no celular, mas logo levanta a cabeça reparando o olhar da minha mãe.

— É...

— É algo com o bebê? —elas balançam a cabeça. —Comigo? —também não...

— Com o Sebastian. —Amanda fala rápido e mamãe fecha os olhos como se lamentasse. — A coisa ficou meio feia Alexis, estávamos todos chateados, sem paciência e apenas aconteceu.

— O que aconteceu...?

— Seu pai...

— Bateu no Sebastian. —mamãe à corta, tentando explicar. — Mas filha...

— Bateu tipo...

— Um soco. —Amanda diz.

Balanço a cabeça sem acreditar.

Meu pai bateu no Sebastian?

Mas...

Meu pai não faria isso...

Quero dizer...

Porque ele faria isso?

Sebastian fez algo e ele ficou chateado, será que foi isso?

Mas de nenhum modo justificava bater em quem fosse.

Meu pai não era violento nem nada.

— Agora por favor Alexis, durma. —pede Amanda se aproximando.

Ainda confusa e cheia de pensamentos peço para que elas vão para casa, dormir um pouco, se desligar de mim já que estava acordada e melhorando. Amanda convenceu mamãe de que ficaria comigo e que quando ela voltasse iria para casa dormir também.

Os remédios me faziam ficar um pouco lúcida. Era estranho porque enquanto tentava dormir começava à rir do nada, mesmo nervosa com toda aquela situação.

Talvez tivesse sido por isso que Sebastian havia ido embora.

Mas era difcícil entender.

Era difícil dormir com aquilo na cabeça.

Virei para a Amanda, para perguntar porque aquilo havia acontecido.

Mas já era tarde demais, ela dormia pacificamente na poltrona branca como se estivesse cansada demais para permanecer um segundo à mais acordada e realmente devia estar. Eu que estava elétrica e sem conseguir dormir.

Queria saber porque estava ali.

O que aconteceu.

Porque Sebastian não estava ali quando parecia se preocupar tanto com o nosso filho.

Porque meu pai havia o batido e porquê não queria me ver.

***

Pela manhã fui acordada com uma luz no meu rosto, mas ao contrário do que eu pensava era apenas o sol entrando pela pequena varanda no canto do quarto. Aquele momento em paz, apenas observando deu para analisar bem o quarto. As paredes brancas, alguns quadros, uma janela à direita —que com certeza daria visão ao corredor — e tudo mais de desanimante que há em um quarto de hospital. Não que eu estivesse acostumada com aquilo, mas também não estava assustada. Não mais. Talvez fosse disso que a Amanda falava. Realmente não era a primeira vez que eu estava ali. Já havia acontecido quando...

A Conveniência do CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora