Três (Segunda Parte)

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Na volta paramos em um restaurante, não havíamos falado mais nada depois que saímos do hospital e eu não pretendia, pelo modo que Sebastian estava apreensivo eu preferia não arriscar.

Acho que na realidade a ficha ainda não havia caído.

Eu estava casada. Para completar, com alguém que eu nunca imaginaria.

Eu não o amava. Ele não me amava. Mas amávamos o nosso filho.

Estávamos abrindo mão de coisas que eu nunca imaginaria que Sebastian deixaria de lado. O que mais me impressionava era que ele em anos trabalhando na empresa não houve um único dia que ele não apareceu para trabalhar. Sim, haviam os "trânsitos", "problemas" mas ele sempre dava um jeito de estar lá,mesmo que fosse depois de horas de atraso. E lá estava ele, tranquilo. Não parecia nem um pouco se incomodar em estar fora da empresa por algum tempo. Eu o conheço, profissionalmente, o homem é viciado no trabalho.

E eu também amava o meu trabalho, só não estava tendo tanto tempo para colocar minha inteligência em jogo.

Posso jurar que se tiver que passar mais uma semana naquela casa sem fazer nada, eu vou enlouquecer. Eu sei cozinhar, sei limpar, eu sou uma completa dona de casa nas horas que estou nervosa, preocupada ou sem nada para fazer.

Mas com o tamanho daquela casa, eu passaria a eternidade limpando e limpando.

O que vai querer? —ele está sendo frio comigo, mas eu não sei o porquê.

Mas na verdade não me importei.

Estava tão distante.

Ahm? —o olho.

— O que vai comer, Alexssandra. —ele se mantém sério, com os lábios espremidos um no outro.

— Ahh... Uma salada.

Ele me olha de lado. — Só?

Balanço a cabeça afirmando e ele levanta as sobrancelhas, por causa da salada?

Do que eu falava mesmo...? Sim, da casa.

Sebastian à tem à um bom tempo. Talvez uns 5 anos. É simplesmente enorme! Lembro que naquela época ele se gabava por ter comprado uma casa SUPER CARA. Eu ficava no meu canto pensando: "Que baita otário". Posso dizer que ele não se porta mais assim, mas não quer dizer que não continue a gastar fortunas com besteiras. O preço deve justificar a amplitude dela, mas... Para um homem só? Não lembro o quanto ele mudou de carro nos últimos anos, e posso dizer que nem vai parar. Gastar, gastar...

— Porque gastar tanto?

Pelo jeito ele não se assustou com a minha pergunta repentina, parecia me observar.

Então me olha de lado e responde. — Porque posso. — grosso assim.

— Isso não justifica nada. Posso ter milhões e comprar uma casa confortavelmente barata. Ou um carro bom.

Ele não responde.

— Então, porque pagar tanto em uma casa tão grande? Quando pode comprar um apartamento no meio da cidade, por um preço bom e tamanho razoável?

— Onde quer chegar? —frio.

— Estava pensando...

— Isso eu percebi.

— Ótimo. —envergonhada, continuo. — A casa é muito grande para um homem só. É proporcional ao seu ego? —eu estava sendo muito boazinha, não era? Só preciso me acostumar com o ambiente que daqui a pouco estarei dando coices para todo lado.

A Conveniência do CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora