Capítulo 30

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Bernardo.

Eu não sabia o que tinha acontecido. Eu sempre fiz isso para retirar o chip das pessoas e a Malu simplesmente desmaiou e eu não podia nem se quer chamar uma ambulância ou ia ter que responder por um monte de coisa na polícia por ela ter um corte como aquele no pescoço e aquele corte é tão preciso que não tinha como ela fazer sozinha.

— Que porra, o que eu faço? Malu, acorda — Falei ainda segurando ela em meu colo enquanto entrava na casa do Augusto.

— Temos que fechar o corte que ainda tá sangrando Bernardo, a blusa dela está cheia de sangue, deve ter saído muito e você não percebeu — Falou tentando me acalmar. — Me dá ela — Esticou os braços pegando a Malu do meu colo.

— Fui mais burro que ela.

Augusto colocou dois dedos em cima do corte do pescoço da Malu e andou pelo corredor até um quarto que só havia uma cama e algumas tralhas. Ele a deitou na cama e eu sentei ao lado dela. Fiquei nervoso só de ver todo aquele sangue, sabia que não era normal, mesmo não sendo médico.

— Você vai costurar? Você? — Perguntei me levantando da cama.

— Você sabe que eu já fiz muitas vezes — Augusto procurava algumas coisas em uma maleta.

— Sei, que todas deram errado ou inflamaram — Falei andando pelo quarto.

Eu já estava ficando impaciente por ela ainda não ter acordado. Era só um pequeno corte.

Augusto pegou tudo que precisava e se sentou ao lado dela, ele virou um pouco seu pescoço e eu observava tudo em pé ao lado da cama, de braços cruzados. Augusto estava mais nervoso que eu.

— Se você fizer besteira com a minha mulher, eu te mato — Falei sério enquanto ele pegava uma agulha.

— Cara, se você ficar colocando pressão em cima de mim, eu não vou conseguir. — Reclamou.

— Vai logo, termina isso aí —

Augusto fechou o pequeno corte com os dedos e pressionou a agulha em sua pele fazendo uma "linha" passar por ali, ele ficou fazendo um vai e vem até todo corte está completamente fechado, depois ele passou um remédio escuro e fedorento, Augusto parou por alguns minutos e analisou a sutura que tinha feito.

— Eu acho que está bom — Falou pra si mesmo.

— Acha? Humm... Então você acha? — Perguntei.

— Tenho certeza cara, acho que daqui a pouco ela acorda — Falou guardando todo aquele monte de coisa que havia ali em uma caixa. — Vou deixar você com ela um pouco —

— Você tá achando que isso é um hospital e você o médico? — Falei e ele riu fechando a porta.

— Vamos, acorde — Sussurrei passando a mão em seu cabelo.

Malu piscou os olhos algumas vezes na tentava de deixá-los abertos.

— Bernardo, tá doendo — Sussurrou abrindo o olho.

— Você acordou! — Falei em quase um grito, me abaixei rápido e selei nossos lábios.

— Minha mão, você tá apertando — Forçou e eu olhei para nossas mãos eu estava segurando a dela com tanta força que nem percebi.

— Desculpa — Pedi.

— Porque eu desmaiei? — Malu falou olhando para sua blusa.

— Ah... Sua blusa, vou dá um jeito — Falei me levantando tirando minha blusa.

— Calma, você tá nervoso  — Forçou um sorriso nos lábios me fazendo parar de tirar a blusa.

— Você andou comendo? Porque isso não é normal — Falei preocupado.

— Claro que sim, me ajuda a tomar banho? Será que posso? — Perguntou sentando na cama.

Concordei com a cabeça e segurei em sua mão ajudando ela a levantar, ela aparentemente estava "boa", mas ainda sim eu fiquei preocupado, ninguém desmaia do nada.... Ou desmaia. Malu ficou em pé na minha frente, ela levantou os braços devagar e eu levantei sua blusa suja de sangue, tirei devagar e andei com ela até o banheiro que ficava no lado direito, não era grande e mal cabia nos dois. Tranquei a porta do banheiro e a Malu terminou de tirar o resto da roupa, não vou dizer que não olhei, porque era impossível não observar as curvas do seu corpo.

— Para de me olhar assim — Pediu e eu revirei os olhos.

— Mas eu já vi tudo — Cruzei os braços olhando seus movimentos no box do banheiro.

Malu enrolou todo seu cabelo e prendeu todo aquele cabelo cacheado.

— Será que pode molhar esses pontos no meu pescoço? — Perguntou molhando seus pés na água que caia do chuveiro.

— Claro que pode. Nunca levou pontos quando criança? — Malu negou com a cabeça entrando de baixo do chuveiro, inclinou seu pescoço um pouco para o lado, fiquei olhando a água percorrer pelo seu corpo.

— Para! — Falou batendo o pé.

— É uma porra mesmo — Falei virando de costas por ela está incomodada. Encostei a cabeça na porta e suspirei.

Esperei a boa vontade da madame terminar de tomar banho. Ela desligou o chuveiro e esperei alguns segundos até por a roupa, me virei e ela estava sem a blusa. Só com o sutiã e um pouco melado de sangue.

— Minhas blusas são mais sua do que minha — Falei tirando minha blusa, Malu soltou uma risada.

— Amanhã irei para faculdade e preciso passar em casa para pegar roupa, já que não vou com uma blusa sua — Pegou a blusa da minha mão e colocou em seu corpo.

Destranquei a porta do banheiro e sai andando para fora do quarto. Malu puxou meu dedo mindinho e eu olhei rápido, sua mão entrelaçou com a minha e eu a olhei, ela mostrou todos os dentes em um só sorriso.

— Amanhã vou te levar no medico, acho que isso foi sua alimentação — Falei enquanto andávamos no corredor da casa.

Augusto apareceu do nada no corredor me fazendo tomar um belo susto e a Malu gritar. Ele estava azul, branco, roxo.

— Acho que tem gente aí fora — Disse Augusto com a respiração ofegante.

— Don? — Perguntei.

— Adivinha? — Augusto ironizou, ele tirou duas pistolas da cintura. — Sua preferida, PT 838 — Me entregou a arma.

Peguei e a olhei, conferi se não estava na agulha. Levei meu olhar para Malu que estava pálida.

— Vai ficar tudo bem — Falei passando a mão no rosto dela.

— O que eu faço? Me escondo de baixo da cama — Falou nervosa e pronta para correr.

— Você ficará nas minhas costas — Puxei ela pelo braço e segurei suas pernas fazendo ela se apoiar nas minhas costas. Puxei seus pés e enrolei um no outro ficando preso em minha cintura.

Augusto deu alguns passos no corredor que olhando para o lado direito era a sala, com duas janelas enormes ao lado da porta. Me abaixei com dificuldade pois a Malu não era nenhum pouco leve. Estava tudo tão silencioso que dava para escutar o barulho dos mosquitos passando no meu ouvido. Escutei passos fundos e o Augusto me olhou preocupado. Apontei a arma para porta e fechei meu olho direito para ter uma boa mira... Senti um pingo de água quente em minhas costas e nem precisei olhar para cima para saber o que era.

———

Boa noite meus amores! ❤️
Espero que gostem

13/05/16

OBSESSÃO. (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora