2T - Capítulo 8

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Gente, olha quem veio narrar pela primeira vez. Talvez ele nos dê uma explicação dessa burrada que ele fez.

Ethan

Na quinta-feira a tarde, quando a Haylie disse que passaríamos o fim-de-semana juntos, fiquei feliz. Estava com saudades dela e assim também ela parava de reclamar que não tenho mais tempo para ela. Confesso que a equipa toma boa parte do meu tempo livre, mas já disse-a tantas vezes para parar de sentir ciúmes. Ela sabe que é importante para mim.

Assim que ela saiu do banco onde estávamos sentados, o Flash sentou-se ao meu lado segundos depois.

- E ai Star, como vai? – disse ele me dando um aperto de mão descolado.

- Vou bem e você? – respondi.

- Cara, não podia estar melhor – disse ele abrindo um daqueles sorrisos que conhecia bem.

- Conta-me – cruzei os braços e o encarei.

- Conheces o Alessandro Gomez? Aquele jogador da segunda liga? - ele perguntou alargando o sorriso.

- Claro que o conheço.

- Ele está na cidade. Um amigo meu que o conhece me contou.

- Sério? - perguntei empolgado.

- É. E meu amigo me disse que ele viu um jogo dos Golden Boys e achou a gente bom. E o melhor. Ele gostaria de falar connosco para nos dar indicações, sabes, desta coisa.

- Que maneiro – disse empolgado. Não é todo o dia que um jogador profissional quer falar contigo. – E quando será?

- Amanhã a noite – disse ele e meu sorriso desvaneceu. Virei no banco e cocei a cabeça. – O que foi, cara?

- É que amanhã a noite não posso. Mesmo – disse me lembrando da ameaça da Haylie.

- É por causa da Brooks, não é?

- Flash, eu prometi a ela que amanhã íamos sair juntos e que não ia arranjar desculpas.

- Cara, ela tem que intender que tens vida própria. Que não vives para ela.

- É que... Não pode ser outro dia?

- Não dá. Tem que ser amanhã. E se quiseres ajudar a equipa, acho melhor arranjar uma desculpa para a Haylie. E por favor uma desculpa que pegue – dito isto ele levantou-se e foi embora.

Estava numa posição muito difícil. Tinha que escolher entre as duas coisas que mais amava. Se eu dissesse a Haylie que não ia dar para passarmos a noite juntos por causa da equipa, com certeza ficaria sem namorada e não posso perde-la de jeito nenhum. O que iria fazer?

Fui para as aulas mas não conseguia me concentrar por causa do dilema que estava na minha cabeça. Haylie, Golden Boys, Golden Boys, Haylie...

Quando as aulas terminaram, regressei ao quarto onde encontrei Eric conversando com Dylan. Eles me cumprimentaram, depois Dylan sai. Eric deitou na sua cama e começou a ler um livro, ignorando minha presença. Não sei porque, mas ele já não falava comigo como antes.

[...]

Na sexta, assim que as aulas terminaram, fui logo para casa. Não queria encontrar Haylie nem Flash, pois minha cabeça estava a mil e ainda não sabia o que ia fazer. Deitado na minha cama, comecei a pensar: Terei mais oportunidades de estar com minha princesa e uma oportunidade de estar com um jogador profissional, não aparece todos os dias. Se explicasse a Haylie, ela ia entender. Mas a ameaça dela veio na minha cabeça 'Se não cumprires ficas sem namorada'. Eu não posso perder a mulher da minha vida. Talvez se inventasse uma desculpa, conseguiria me safar. Sinto-me muito mal por isso, nunca menti para ela.

Assim que desliguei a chamada com ela, inventando que tinha que ficar com meu primo pois foi a única coisa que passou pela minha cabeça, liguei ao Flash dizendo que ia ao encontro com o Gomez. Ele ficou de passar por minha casa

Eu estava muito nervoso. E se Haylie descobrir? Não, ela não iria descobrir. Ouvi a buzina de carro a frente da casa e sai entrando no carro do Flash.

- Boa noite Star – disse uma voz feminina vindo do banco de trás. Virei e me deparei com Stacy com uma maquilhagem exagerada.

- O que ela faz aqui? Não disseste que era apenas nos dois? – disse irritado. Já estava nervoso que chegasse.

- Calma cara! A Morgan é praticamente da equipa.

- Star, o Flash me contou que deste um bolo a Haylie para saíres connosco – disse ela aproximando no meu banco. Respirei fundo e revirei os olhos tentando me manter calmo.

- Olha, por favor não si por ai dizendo isso, tá bem? – apontei o dedo para ela e ela deu de ombros.

Flash seguiu caminho. Os dois foram conversando e eu apenas pensava na minha namorada, começando a me arrependo do que fiz. Minha vontade era de voltar a trás mas já o tinha feito, provavelmente minha maior asneira.

Chegamos a porta de um clube nocturno com uma boa movimentação. Flash saiu do carro e Stacy também. Eu ainda pensava muito e lembrei-me de sair do carro quando Flash me chamou. Respirei fundo e sai. O lugar parecia agradável. Fiquei a observar a fachada até que uma voz bem conhecida soou atrás de mim me fazendo paralisar da cabeça aos pés.

- Eu não sabia que vinhas cuidar do teu primo num clube nocturno. E que o Flash e a Stacy eram teus ajudantes.

Virei lentamente e deparei com a Haylie mesmo atrás de mim com os braços cruzados. Ela tinha os olhos marejando e um misto de emoções na cara, raiva, tristeza e desilusão. Tentei abrir a boca para falar mas fiquei paralisado.

- Cara, sério? Cuidar do teu primo? Eu disse para arrumares uma desculpa que pegasse – disse Flash.

Vi lágrimas descendo do rosto dela. O que foi que eu fiz? Haylie saiu em direcção ao seu carro, corri atrás dela mas não consegui alcança-la. Ela entrou no carro e saiu a toda a velocidade quase passando por cima de mim. Coloquei as mãos na cabeça e puxei meus cabelos, xingando minha própria pessoa.

- Relaxa cara! – senti a mão de Flash sobre meu ombro. – Depois falas com ela.

- Depois? Tenho que concertar minha burrada e é agora – tirei sua mão do meu ombro e chamei um táxi que parou a minha frente.

- Se entrares ai podes esquecer a equipa – disse ele em tom ameaçador.

- Que se dane a equipa – praticamente gritei.

- Cara, pensei que a equipa era importante para ti?

- E é. Mas a Haylie é muito mais importante – entrei no táxi e mandei-o seguir em direcção a casa da Haylie. Fiquei mais preocupado ainda pela maneira que ela saiu disparada do lugar.

[...]

Cheguei a casa dela, seu carro estava estacionado na entrada o que indicava que estava em casa. Paguei o táxi e desci. Caminhei devagar até a porta da entrada, pensando no que diria a ela. Como ia fazer para ela me perdoar? Quando cheguei na porta, toquei a campainha, depois de algum tempo, ninguém respondeu, como eu imaginei. Sabia que ela estava lá dentro, provavelmente deitada na cama a chorar. Toquei mais algumas vezes e nada. Afastei, olhei para cima e vi a varanda do seu quarto. Tive uma ideia, que não foi lá muito boa, comecei a grita-la.

- HAYLIE, SEI QUE ESTÁS AI, QUE CONSEGUES OUVIR-ME. POR FAVOR DEIXE-ME FALAR CONTIGO – vi algumas pessoas passando na rua me olhando intrigados mas não liguei e continuei. – MEU AMOR, POR FAVOR! SE NÃO FALARES COMIGO VOU CONTINUAR GRITANDO AQUI NA RUA.

Senti a porta da varanda sendo aberta e abri um sorriso leve que desvaneceu logo quando senti litros de água fria caindo em cima de mim. Limpei o rosto, olhei para cima e vi-a segurando um balde na mão.

- Vai embora daqui e se continuares berrando na porta da minha casa vou chamar a polícia! – ela deu as costa e entrou fechando a porta.

A Haylie estava zangada, triste e com razão. Talvez se fosse embora dando a ela mais espaço, conseguiria falar com ela no outro dia. Fui para casa, a pé porque nem um táxi aceitou carregar alguém todo encharcado. 

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More Than Words: atitudes valem mais que palavras (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora